
Contar mais de 215 milh�es de pessoas, visitando cada domic�lio nos 5.570 munic�pios do pa�s, incluindo comunidades mais distantes e inclusive aldeias ind�genas j� � uma tarefa do tamanho de um continente.
Mas, para os recenseadores a servi�o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), a miss�o do Censo 2022 pode reservar muito mais dificuldades que o tamanho do pa�s e o acesso a seus rinc�es mais remotos. Na verdade, em grandes cidades como Belo Horizonte, os maiores obst�culos podem ser encontrados em algumas das �reas mais urbanizadas e nobres.
Mas, para os recenseadores a servi�o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), a miss�o do Censo 2022 pode reservar muito mais dificuldades que o tamanho do pa�s e o acesso a seus rinc�es mais remotos. Na verdade, em grandes cidades como Belo Horizonte, os maiores obst�culos podem ser encontrados em algumas das �reas mais urbanizadas e nobres.
Desde o primeiro dia de agosto, os recenseadores t�m enfrentado diversos obst�culos para conseguir entrevistar o pessoal e preencher os question�rios. Nada, por�m, t�o grave como a hostilidade e at� agress�es enfrentadas por alguns dos representantes do IBGE no estado.
Com dois anos de atraso devido � pandemia da COVID-19, a coleta deste ano conta com cerca de 18,9 mil profissionais em Minas. Segundo a superintendente do programa no estado, Maria Ant�nia Esteves, a principal queixa dos recenseadores tem sido a dificuldade de acesso aos moradores, principalmente em condom�nios. “Essas pessoas s�o as mais dif�ceis ou por n�o estarem em casa, ou por ter hor�rios apertados”, diz.
De acordo com a superintendente, muitas vezes os profissionais n�o chegam a passar das portarias. Ela conta que em muitos locais os porteiros n�o informam aos moradores sobre a presen�a do recenseador. “Pedimos apoio aos condom�nios fechados e ao pessoal de grandes pr�dios, para que os funcion�rios passem para os moradores (a demanda do agente). � preciso que o porteiro se sensibilize para esse trabalho e que esse recado seja entregue. N�o adianta falar com a portaria, o recenseador precisa de ter contato com o morador”, explica ela.
REMUNERA��O
Mesmo com as reclama��es dos recenseadores, a recusa dos moradores ainda n�o afeta os dados para o IBGE. Conforme a superintendente do Censo em Minas, ainda n�o � poss�vel calcular os efeitos sobre a pesquisa, mas ela estima que os impactos “seriam menores que 5%”.
Ainda que a situa��o n�o seja alarmante, Maria Ant�nia afirma que as quebras na produ��o do trabalho causam transtornos para os recenseadores. “Vamos supor que uma pessoa conseguiria coletar as informa��es de uma regi�o em uma semana. Com a dificuldade em acessar os moradores, esse tempo duplica, ele acaba n�o produzindo e sua remunera��o acaba caindo”, diz.
AGRESS�ES
Em Contagem, na Grande BH, casos de moradores hostis t�m sido frequentes. Uma supervisora do Censo que atua na cidade e pediu para n�o ser identificada contou ao Estado de Minas que uma recenseadora da sua equipe j� foi assediada durante o trajeto da pesquisa.
O caso aconteceu no Bairro Campo Alto. Segundo a supervisora, a jovem passava por um beco quando foi abordada pelo homem. “Ele falou para ela parar de trabalhar, que era pra entrar na casa com ele e ficar com ele. Ainda bem que nada al�m disso aconteceu”, relata.
A funcion�ria contou que assim que a recenseadora lhe contou o que havia acontecido, ela a liberou e posteriormente a transferiu de regi�o. No entanto, ela afirma que o IBGE n�o oferece treinamento para que os profissionais lidem com situa��es parecidas. “Eles informam as �reas de mais periculosidade e pagam a mais para os recenseadores que fazem aquela regi�o. Tamb�m falam que temos direito a escolta policial, mas imagina subir um morro do lado da pol�cia?”, diz a supervisora.
Outra profissional que supervisiona equipe em Contagem relata que nos bastidores h� not�cias de agentes que j� foram amea�ados com arma e que j� foram recebidos com jatos de �gua. “Eu trabalho com 11 recenseadores e praticamente todo dia vou para rua. Teve morador que j� jogou �gua neles porque n�o queria responder ao question�rio, al�m do de sempre, que ou n�o atende ou bate o port�o na nossa cara”, relata.
Pesquisa remota e identifica��o
Para evitar o d�ficit de informa��es al�m das abordagens presenciais e pelo telefone, o IBGE lan�ou, este ano, o autopreenchimento. “Se o recenseador chegar a uma resid�ncia e o morador n�o puder responder naquele momento, um e-ticket � gerado e por ele a pessoa pode responder ao questionamento pela internet”, disse a superintendente do programa no estado, Maria Ant�nia Esteves
O ticket tem dura��o de sete dias e, caso o prazo ven�a, � necess�rio que o recenseador v� at� o local e gere outro documento.
Para garantir a seguran�a da popula��o, todos os recenseadores de campo est�o uniformizados e em cada crach� h� um QRCode em que o morador poder� conferir a identidade do agente. Al�m disso, os moradores poder�o entrar em contato pelo 0800 721 8181 ou acessar o site (respondendo.ibge.gov.br).
O Brasil em N�meros
Munic�pios
5.570
Domic�lios
75 milh�es (aproximadamente)
Popula��o
Mais de 215 milh�es
Aglomerados e favelas
11.400
Localidades quilombolas
5.972
Grupamentos ind�genas
5.494
Pessoal
Mais de 210 mil
pessoas contratadas, temporariamente, para os trabalhos de coleta de dados, supervis�o, apoio t�cnico-administrativo e apura��o dos resultados
Tecnologia
211 mil
dispositivos utilizados pelos recenseadores e supervisores equipados com sinal 3G e 4G, para transmiss�o de dados via internet
Fonte: IBGE
Em muitos pr�dios e outros condom�nios, recenseadores costumam n�o passar da portaria, atrasando o trabalho que precisa chegar a todos os domic�lios