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Estado de Minas BRUTALIDADE

Apoiador de Lula levou 70 facadas de bolsonarista no MT, conclui exame

Benedito Cardoso dos Santos, de 44 anos, foi morto em 24 de setembro. Al�m de esfaquear a v�tima, agressor tentou decapt�-la com um machado.


27/09/2022 15:13 - atualizado 27/09/2022 23:29

Bolsonarista suspeito de matar apoiador de Lula é conduzido por um agente da Polícia Civil do Mato Grosso.
Rafael Silva de Oliveira foi preso horas depois do assassinato (foto: Pol�cia Civil do MT/Divulga��o)
O exame de necropsia da Pol�cia Civil de Mato Grosso concluiu que o apoiador do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), Benedito Cardoso dos Santos, 44, morreu em decorr�ncia de um choque hipovol�mico provocado por 70 golpes de faca e machado.

Benedito foi morto pelo bolsonarista Rafael Silva de Oliveira, 24, na noite do dia 7 de setembro em uma �rea rural da cidade de Confresa (a 1.160 km de Cuiab�). O suspeito, que declarou voto ao presidente Jair Bolsonaro (PL), foi preso horas depois do assassinato.

Mateus Ross, advogado que defende Oliveira, disse que s� se manifestar� nos autos.

Inicialmente, a Pol�cia Civil havia informado que o corpo tinha sido encontrado com 15 perfura��es de faca.

Segundo laudo da Per�cia Oficial e Identifica��o T�cnica (Politec), a maioria das perfura��es concentra-se na cabe�a e pesco�o. A per�cia ainda concluiu que o agressor "al�m de usar uma faca tentou decapitar a v�tima com um machado".

"A maioria das les�es est� concentrada na regi�o da cabe�a e pesco�o, evidenciando que o agressor queria chegar ao evento final de morte da v�tima", diz o laudo.

No exame, ainda foram localizados 56 ferimentos no rosto e na cabe�a de Santos, incluindo a les�o no pesco�o. As outras les�es foram encontradas nas costas e no abdome, bem como ferimentos nas m�os, compat�veis com tentativa de defesa.

Benedito Cardoso dos Santos era o ca�ula de quatro irm�os que nasceram em Rio Verde, em Goi�s. Apegado � m�e, Maria de Lurdes, era uma crian�a carinhosa e brincalhona, lembra o irm�o, Paulo Santana, 46.

Com quatro anos de idade, Bene, como era chamado por familiares e amigos, deixou o estado de Goi�s e foi com a fam�lia para o munic�pio de Santana do Araguaia, no Par�. O pai trabalhava com garimpo, e todos se alojaram no distrito de Barreira velha.

O casal se separou, e Santos ficou com a m�e, estudando, sem ir para o garimpo como o pai. Com 14 anos, a m�e morreu, o que o obrigou a seguir para o trabalho bra�al. "Ele aprendeu a andar de moto e a mexer com motosserra. Ent�o come�ou a fazer esses servi�os, como cortar �rvore, madeira. Sempre fazendo esse tipo de servi�o", lembra o irm�o.

Santos, ent�o, foi morar com o irm�o. "Ele adorava pescar. Era uma pessoa brincalhona, ria de tudo, fazia piada".

Santana apelidou Bene de "p� de pano", pois sempre estava tranquilo, com passos lentos e de bem com a vida --a alcunha era uma refer�ncia ao cavalo do desenho animado "Pica-Pau".

O ca�ula, lembra, tamb�m era brincalh�o quando o assunto era pol�tica. "Ele escolhia o seu candidato e pronto. Brincava com quem votava contra, mas nada radical. Ele era medroso, n�o gostava de confrontava ningu�m", diz o irm�o, questionando os argumentos que viu do suspeito preso.

Benedito Santos n�o deixou filhos. Ele se relacionou com mulheres mais velhas e que j� tinham filhos.

"Agora as coisas est�o mais calmas. A gente j� voltou a nossa rotina e vamos lembrar dele sempre como um cara brincalh�o e tranquilo", disse Santana.

A reportagem procurou a fam�lia da Rafael Silva de Oliveira, respons�vel pelo assassinato e r�u confesso, mas parentes n�o quiseram se pronunciar.

A Folha conversou com o psiquiatra Werley Perez, que chegou a avaliar Rafael Oliveira em 2020 durante o in�cio da pandemia. Conforme o m�dico, uma irm� dele ingressou com uma a��o na justi�a para intern�-lo compulsoriamente, mas o pedido foi negado pela Justi�a.

Segundo Perez, Oliveira chegou em seu consult�rio em surto psic�tico com idea��o homicida. "Isso significa que ele tinha pr�-disposi��o a viol�ncia em surto. Ele tinha desejo de matar. E s� digo isso porque o processo se tornou p�blico e tive que me posicionar", disse.

O psiquiatra disse que o consultou uma vez. Ap�s observar o comportamento e conversar com ele, e ouvir relatos da irm�, ele diz que Oliveira representava risco para terceiros, j� que tinha pensamentos homicidas.

Ainda segundo Perez, n�o houve um diagn�stico mais conclusivo porque Rafael nunca mais voltou. "Mas pelas caracter�sticas que ele apresentou, ele pode ser inclu�do em um quadro de esquizofrenia, com transtorno de personalidade. Mas isso a gente s� pode concluir com acompanhamento".

 


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