
Apesar de a reitoria da USP afirmar n�o admitir qualquer forma de apologia ao nazismo e preconceito em suas depend�ncias, em nenhum dos casos foi registrado boletim de ocorr�ncia. J� a Unifesp informou ter registrado a ocorr�ncia na Pol�cia Federal.
S�mbolos e gestos nazistas s�o considerados crime de acordo com a Lei do Racismo (7.716/1988) com pena de reclus�o de 2 a 5 anos e multa.
As picha��es na USP foram encontradas nesta ter�a-feira (29). A primeira foi encontrada no DCE (Diret�rio Central dos Estudantes), no campus da universidade na zona oeste da capital. Foram desenhadas oito su�sticas em uma parede onde os calouros assinaram seus nomes no in�cio do ano.
O segundo caso foi identificado no fim da tarde de ter�a-feira na sala Frederico Steidel da Faculdade de Direito da USP, na regi�o central da cidade. Uma su�stica foi feita com giz em uma parede de madeira. Nesta quarta (30), os estudantes encontraram novas su�sticas pichadas dentro de um elevador.
"Pouco importa o material que foi usado, seja giz ou tinta, � um ato indigno, indecente, criminoso. N�o podemos aceitar que isso ocorra dentro da nossa universidade", disse Celso Fernandes Campilongo, diretor da faculdade.
Para os representantes do DCE e do Centro Acad�mico 11 de Agosto, do direito, as picha��es s�o uma tentativa de amea�a e intimida��o a grupos minorizados que passaram a ocupar a universidade nos �ltimos anos.
"A universidade, e principalmente o curso de direito, sempre foi muito elitista, reservado a um grupo muito espec�fico da sociedade. Os estudantes negros e a comunidade LGBTQIA+ n�o v�o recuar, n�o v�o se intimidar com esse tipo de amea�a. Esse espa�o j� foi ocupado e eles n�o abrir�o m�o dele", disse Erick Ara�jo, 23, integrante do centro acad�mico.
Em nota, a USP informou que a Guarda Universit�ria esteve no DCE e solicitou aos representantes que apagassem as picha��es. Segundo a reitoria, a universidade apura, em conjunto com o diret�rio, autoria.
Na Unifesp, as picha��es foram encontradas no �ltimo dia 23 em um dos banheiros masculinos do campus de Guarulhos. Al�m do desenho da su�stica, foi pichada a frase "Maur�cio CPF cancelado".
Segundo Helen Cristine, estudante de direito da universidade, a frase fazia refer�ncia a um aluno que � conhecido por sua defesa dos direitos da comunidade LGBTQIA+ e da popula��o negra.
"Uns 15 dias antes, haviam pichado apenas su�sticas no banheiro e ningu�m ligou, trataram como uma brincadeira. Aquilo j� era uma amea�a. Eles se sentiram ainda mais encorajados a fazer amea�as nominais depois de n�o serem reprimidos", disse a aluna.
Em nota, a Unifesp declarou repudiar toda e qualquer forma de viol�ncia contra os membros de sua comunidade e disse que, ao tomar conhecimento das amea�as vinculadas � su�stica, acionou a Pol�cia Federal e se colocou � disposi��o para contribuir com a identifica��o do autor.
O Instituto Brasil-Israel diz que a difus�o de casos de casos de viol�ncia e intoler�ncia com apologia ao nazismo s�o preocupantes no Brasil. O �rg�o lembra que na �ltima sexta (25) um jovem de 16 anos matou quatro pessoas em duas escolas em Aracruz, no Esp�rito Santo. O atirador usava uma su�stica no bra�o e era admirador de conte�do nazista.
Em 2021, tr�s crian�as e duas professoras foram mortas a golpes de fac�o por um jovem de 18 anos em uma creche na cidade de Saudades (SC). Com o avan�ar das investiga��es, a pol�cia j� encontrou ind�cios de associa��o do criminoso a c�lulas neonazistas, assim como em rela��o ao jovem que, em 2019, matou dez pessoas em uma escola estadual de Suzano (SP).
Nesta ter�a, uma picha��o de su�sticas e do nome de Hitler tamb�m foi encontrada na Escola Municipal Jos� Silvino Diniz, em Contagem, na regi�o metropolitana de Belo Horizonte.
"O momento � de grande preocupa��o, visto que esses grupos neonazistas est�o se expandindo no pa�s e aliciando jovens para inflamar o discurso de �dio e transform�-lo em pr�tica de atos violentos, como esses massacres que assistimos", disse Daniel Douek, diretor-executivo do instituto.
"� preciso cumprir com rigor a nossa legisla��o, que j� prev� puni��o para essa tipifica��o", afirmou.