
Uma mulher de 59 anos que vivia em situa��o an�loga � escravid�o foi resgatada na �ltima quarta-feira (30) pela Auditoria Fiscal do Trabalho, na cidade de S�o Gon�alo dos Campos, a 115 km de Salvador. Ela trabalhava como empregada dom�stica e residia no local h� quase 35 anos.
De acordo com a Superintend�ncia Regional do Trabalho e Emprego na Bahia, a mulher fazia manuten��o da casa da fam�lia empregadora sem receber sal�rio ou ter acesso a direitos trabalhistas. Os empregadores afirmaram que os servi�os dom�sticos n�o eram trabalho, mas uma colabora��o volunt�ria no �mbito familiar.
O �rg�o fez a inspe��o no local de moradia e pegou depoimentos dos membros da fam�lia para quem a mulher prestava os servi�os, al�m de pessoas que a conheciam. Houve relatos de maus-tratos, viol�ncias psicol�gicas e diversas viola��es de direitos.
De acordo com o Minist�rio do Trabalho e Previd�ncia, a a��o de fiscaliza��o ainda n�o terminou e segue em aberto a negocia��o para pagamento dos sal�rios e direitos atrasados.
A fam�lia chegou a aposentar a dom�stica judicialmente por invalidez e a fazer contribui��es previdenci�rias em nome da empregada como contribuinte individual, mas, desde a concess�o do benef�cio, ela nunca administrou a quantia.
Eram eles tamb�m que administravam as contas banc�rias e repassavam valores em torno de R$ 50 a R$ 100 por m�s para a mulher, para utiliza��o em despesas com higiene pessoal, vestu�rio e comida.
Desde o resgate, ela est� em um abrigo para o acolhimento e cuidados necess�rios, de acordo com a Auditoria. O �rg�o informou que ela poder� morar com a pr�pria fam�lia logo que estiver em condi��es para isso.
ANTECEDENTE
De acordo com a fiscaliza��o, a m�e e o irm�o da resgatada tamb�m prestaram servi�os dom�sticos, sem sal�rios, para essa mesma fam�lia da cidade de S�o Gon�alo, em per�odo anterior � chegada dela � casa
A m�e trabalhava em uma fazenda da m�e da empregadora. Quando faleceu, a filha continuou a trabalhar para a fam�lia. O irm�o da resgatada trabalhou na resid�ncia, mas conseguiu fugir da situa��o aos 27 anos de idade.
Aos 24 anos, a resgatada se mudou para a resid�ncia da atual propriet�ria para realizar servi�os dom�sticos. Ao todo, eles serviram a duas gera��es da fam�lia.
Aos auditores, familiares da v�tima e vizinhos confirmaram que ela era tratada como empregada dom�stica pelos moradores da casa e n�o como um membro da fam�lia. Segundo eles, a empregadora controlava visitas e telefonemas, dificultando o contato com o mundo externo.
O resgate foi coordenado pela Auditoria-Fiscal do Trabalho na Bahia e contou com a participa��o do Minist�rio P�blico do Trabalho, da Defensoria P�blica da Uni�o, da Pol�cia Militar da Bahia e do Servi�o de Assist�ncia Social do Estado da Bahia, que garante o atendimento psicossocial.