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Estado de Minas BRASIL

'A pior situa��o humanit�ria que j� vi': diz m�dico sobre yanomamis

Casos de desnutri��o e mal�ria levaram o Minist�rio da Sa�de a decretar Emerg�ncia em Sa�de P�blica no territ�rio yanomami. A BBC News Brasil conversou com o m�dico Andr� Siqueira, que est� na regi�o e compartilhou um pouco do que viu nos �ltimos dias.


22/01/2023 22:28 - atualizado 22/01/2023 22:30

Lula coloca a mão na cabeça de uma criança indígena
Em visita ao territ�rio yanomami, Lula diz que a situa��o � 'desumana' (foto: Ricardo Stuckert/PR)
O m�dico tropicalista Andr� Siqueira, do Instituto Nacional de Infectologia da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz), estava em terras yanomami desde segunda-feira (16/1). Nos �ltimos dias, ele diz ter testemunhado "a pior situa��o de sa�de e humanit�ria" que j� viu.

 

Enviado ao local pela Organiza��o Pan-Americana de Sa�de (Opas-OMS), o especialista em mal�ria visitou o polo-base de Surucucu, em Roraima, e passou por outras comunidades da regi�o.

"Nosso objetivo era fazer um diagn�stico r�pido da situa��o e criar um plano de a��o para mitigar ou resolver essas quest�es, em parceria com o Minist�rio da Sa�de e as lideran�as yanomami", contextualiza o m�dico, em entrevista � BBC News Brasil.

 

"O que vimos foi uma situa��o muito prec�ria em termos de sa�de, com pacientes acometidos por desnutri��o grave, infec��es respirat�rias, muitos casos de mal�ria e doen�as diarreicas. Junto a isso, uma escassez de equipes e de estrutura", relata.

 

Leia: Morre yanomami com quadro grave de desnutri��o que teve foto divulgada 

 

Siqueira diz que se deparou com casos de desnutri��o extrema em fam�lias inteiras. Emocionado, o m�dico confessou que � muito dif�cil enfrentar essa situa��o, que classifica como "catastr�fica" e "desastrosa".

 

"Presenciar na pr�tica esse n�vel de sofrimento � muito pesado. Na hora a gente encara e vai no autom�tico. Mas depois, quando cai a ficha, vemos como � uma situa��o dif�cil."

 

"A gente compara com nossos filhos. Vemos os pais, as crian�as e toda a comunidade sofrendo. E, mesmo diante de tanta dificuldade, h� um senso de coletividade muito grande. Mesmo as pessoas com fome, quando recebem algum alimento, tentam dividir com quem est� ali", completa.


O aumento de casos e mortes por desnutri��o e mal�ria na reserva ind�gena yanomami ligou o sinal de alerta do governo federal e motivou um decreto de Emerg�ncia de Sa�de P�blica neste territ�rio.

 

Ao lado de uma comitiva de ministros e secret�rios, o presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) fez uma visita � regi�o no s�bado (21/1) e classificou a situa��o como "desumana".

 

O Minist�rio da Sa�de anunciou uma s�rie de a��es para tentar controlar a crise — como a instala��o de um hospital de campanha e o envio de insumos e profissionais de sa�de.

 

J� o Minist�rio da Justi�a determinou a abertura de um inqu�rito para "apurar o crime de genoc�dio" na regi�o.

 

O governo calcula que 570 crian�as yanomami morreram nos �ltimos quatro anos.

 

Mas como a situa��o dos yanomami chegou a este ponto? Entenda a seguir os principais elementos que ajudam a explicar esse cen�rio de crise sanit�ria — e o que est� sendo feito para revert�-lo.

A maior reserva ind�gena do Brasil

Segundo o Instituto Socioambiental (ISA), a terra ind�gena yanomami � habitada por oito povos, possui cerca de 26,7 mil habitantes e compreende uma �rea de 9,6 milh�es de hectares (o equivalente a 13,8 mil campos de futebol).

 

Ela foi homologada e reconhecida pelo governo brasileiro em 1992, por meio de um decreto assinado pelo ent�o presidente Fernando Collor (PTB).

 

O territ�rio est� localizado entre os Estados de Roraima e Amazonas ao norte, na divisa de Brasil e Venezuela.

 

Entre os povos que habitam o local, est�o os yanomami, os ye'kwana, os isolados da Serra da Estrutura, os isolados do Amajari, os isolados do Auaris/Fronteira, os isolados do Baixo Rio Cauaburis, os isolados Parawa u e os isolados Surucucu/Kataroa.

 

O ISA tamb�m destaca quatro "riscos potenciais e problemas existentes" na terra ind�gena yanomami: os garimpeiros, os pescadores, os ca�adores e os fazendeiros.

 

Entre essas amea�as, o garimpo se tornou uma das grandes preocupa��es dos habitantes da regi�o e de especialistas no tema.

 

O relat�rio Yanomami Sob Ataque, publicado em abril de 2022 pela Hutukara Associa��o Yanomami e pela Associa��o Wanasseduume Ye'kwana, com assessoria t�cnica do ISA, faz um balan�o da extra��o ilegal de ouro e outros min�rios nessa regi�o.

 

"Sabe-se que o problema do garimpo ilegal n�o � uma novidade na TIY [Terra Ind�gena Yanomami]. Entretanto, sua escala e intensidade cresceram de maneira impressionante nos �ltimos cinco anos. Dados do MapBiomas indicam que a partir de 2016 a curva de destrui��o do garimpo assumiu uma trajet�ria ascendente e, desde ent�o, tem acumulado taxas cada vez maiores. Nos c�lculos da plataforma, de 2016 a 2020 o garimpo na TIY cresceu nada menos que 3.350%", aponta o texto.

 

O levantamento das associa��es mostra que, em outubro de 2018, a �rea total destru�da pelo garimpo somava pouco mais de 1.200 hectares.

 

"Desde ent�o, a �rea impactada mais do que dobrou, atingindo em dezembro de 2021 o total de 3.272 hectares", continua a publica��o.


Pista de pouso em terra yanomami que é usada por garimpeiros ilegais
Pista de pouso em terra yanomami que � usada por garimpeiros ilegais (foto: Getty Images)

 

Segundo os autores, h� v�rios motivos para essa expans�o, como "o aumento do pre�o do ouro no mercado internacional", "a falta de transpar�ncia na cadeia produtiva do ouro", "a fragiliza��o das pol�ticas ambientais e de prote��o a direitos dos povos ind�genas" e "o agravamento da crise econ�mica e do desemprego no pa�s", entre outros.

 

O texto tamb�m chama a aten��o para o fato de que "o garimpo dos dias atuais � uma atividade financiada por empres�rios com alta capacidade de investimento e que concentram a maior parte da riqueza extra�da ilegalmente da floresta yanomami".

 

Por fim, o relat�rio das associa��es aponta que o avan�o do garimpo sobre as terras ind�genas est� atrelado a "perdas consider�veis" na qualidade de vida dos moradores da regi�o, com pioras nos indicadores de viol�ncia, sa�de e suporte social.

 

O Atlas da Viol�ncia 2021, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea), revela que Roraima — onde fica parte da terra yanomami — tem uma das maiores taxas de viol�ncia letal contra ind�genas, ao lado de Amap�, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul.

E a sa�de?

Em resumo, as associa��es ind�genas da regi�o apontam que o garimpo ilegal est� relacionado a tr�s impactos imediatos na sa�de da popula��o.

 

Em primeiro lugar, "a atividade garimpeira ilegal est� associada � maior incid�ncia de doen�as infectocontagiosas entre as comunidades ind�genas, em especial a mal�ria".

 

Siqueira explica que os garimpeiros circulam por muitas �reas e costumam usar medicamentos contrabandeados que at� minimizam os sintomas de mal�ria, mas n�o eliminam o parasita do organismo deles.

 

"Eles acabam se tornando uma fonte de dispers�o [do pat�geno], pois carregam o protozo�rio causador da doen�a para regi�es que at� t�m o mosquito transmissor, mas estavam com a situa��o controlada", diz o m�dico.


Mosquito anopheles
O mosquito Anopheles � o respons�vel por transmitir o protozo�rio causador da mal�ria (foto: Getty Images)

Em segundo lugar, a explora��o dos min�rios depende do uso de merc�rio, um composto t�xico que contamina a �gua e os alimentos consumidos pelas pessoas. A exposi��o a essa subst�ncia est� relacionada a uma s�rie de preju�zos � sa�de, como doen�as neurol�gicas em rec�m-nascidos.

 

Terceiro, as entidades relatam que "a situa��o de inseguran�a generalizada imposta pelo aumento da circula��o de garimpeiros armados nas diferentes regi�es da TIY tem causado transtornos ao atendimento � sa�de das comunidades ind�genas, com o total abandono de postos de sa�de em alguns casos e, inclusive, a ocupa��o das pistas comunit�rias para a opera��o e abastecimento do garimpo".

 

"Tamb�m � comum a queixa do desvio de medicamentos reservados para os ind�genas para o atendimento de garimpeiros."

 

Siqueira acrescenta que, se a mal�ria for diagnosticada e tratada em at� 48 horas desde o in�cio dos sintomas, � poss�vel reduzir a transmiss�o para outras pessoas.

 

"Mas isso n�o est� acontecendo na pr�tica. O garimpo desmobiliza as equipes de profissionais, que n�o conseguem mais buscar os pacientes infectados e traz�-los para os polos de sa�de", relata.

 

A jun��o desses v�rios fatores engatilhados pelo garimpo — aumento de casos de mal�ria, falta de acesso � comida ou �gua pot�vel e redu��o de servi�os de sa�de — ajuda a explicar as imagens compartilhadas nos �ltimos dias, que mostram crian�as, adultos e idosos desnutridos e em estado cr�tico de sa�de.

O relat�rio publicado pelo ISA cita o exemplo do que aconteceu no polo-base do Arathau, pr�ximo ao rio Parima.

 

"Em 2020, foram realizados 11,2 mil atendimentos de sa�de neste polo, e, em 2021, o n�mero caiu para 2.800", comparam os autores.

 

"Como consequ�ncia, diversos pacientes com doen�as pass�veis de tratamento tiveram o seu quadro agravado, e alguns chegaram a �bito. Esse � o caso de um xam� de 50 anos que morreu na comunidade Macuxi Yano, em outubro, por n�o conseguir atendimento m�dico. E tamb�m a situa��o de duas crian�as da casa Xaruna que morreram de mal�ria em outubro, e de uma terceira crian�a da mesma comunidade v�tima de mal�ria e pneumonia, em novembro."

 

Um boletim epidemiol�gico divulgado pelo Minist�rio da Sa�de em maio de 2022 traz um panorama da situa��o da mal�ria em 2021.

 

As estat�sticas revelam que o pa�s registrou 145 mil casos de mal�ria naquele ano. Desses, 45 mil foram diagnosticados em terra ind�gena, uma queda de 5,4% em compara��o com 2020.

 

J� em �reas de garimpo, foram 20,4 mil casos, um aumento de 45,3% em rela��o ao ano anterior.

 

"Quando analisado esse incremento [em �reas de garimpo] no ano de 2021, � poss�vel identificar que o aumento foi de 119,3% em Rond�nia, de 111,7% em Roraima, de 94,9% no Amap�, de 66,7% em Mato Grosso, de 14,8% no Amazonas e de 13,5% no Par�", calcula o levantamento.

 

J� neste relat�rio, o governo admite "a necessidade de desenvolvimento de estrat�gias espec�ficas de preven��o e controle de mal�ria no contexto de vulnerabilidade das �reas" de garimpo.


Área de garimpo
O garimpo afeta a sa�de da popula��o por tr�s caminhos distintos, apontam as pesquisas (foto: Getty Images)

Sinal de alerta ligado

Na �ltima sexta-feira (20), o presidente Lula usou o Twitter para anunciar que faria uma visita � regi�o.

 

"Recebemos informa��es sobre a absurda situa��o de desnutri��o de crian�as yanomami em Roraima. Amanh� viajarei ao Estado para oferecer o suporte do governo federal e, junto com nossos ministros, atuarmos pela garantia da vida de crian�as yanomami", escreveu.

 

Ainda na sexta, o Minist�rio da Sa�de decretou Emerg�ncia em Sa�de P�blica de Import�ncia Nacional neste territ�rio ind�gena.

 

Na mesma decis�o, foi criado o Centro de Opera��es de Emerg�ncias em Sa�de P�blica para "coordenar as medidas a serem empregadas durante o estado de emerg�ncia, incluindo a mobiliza��o de recursos para o restabelecimento dos servi�os de sa�de e a articula��o com os gestores estaduais e municipais".

 

Em nota, o governo detalhou que t�cnicos do Minist�rio da Sa�de est�o na regi�o yanomami desde 16 de janeiro. "O grupo se deparou com crian�as e idosos em estado grave de sa�de, com desnutri��o grave, al�m de muitos casos de mal�ria, infec��o respirat�ria aguda (IRA) e outros agravos."

 

A ministra da Sa�de, N�sia Trindade Lima, reafirmou nas redes sociais que "a situa��o � grave", com tr�s mortes de crian�as entre 24 e 27 de dezembro e mais de 11 mil casos de mal�ria no ano passado.

 

Ela fez parte da comitiva que foi at� o local no s�bado (21), ao lado do do presidente Lula e dos ministros Fl�vio Dino (Justi�a e Seguran�a P�blica), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assist�ncia Social, Fam�lia e Combate � Fome), Silvio Almeida (Direitos Humanos e Cidadania), M�rcio Macedo (Secretaria-Geral da Presid�ncia), Sonia Guajajara (Povos Ind�genas) e do general Gon�alves Dias (Gabinete de Seguran�a Institucional).

 

"Se algu�m me contasse que aqui em Roraima tinha pessoas sendo tratadas da forma desumana, como eu vi o povo yanomami sendo tratado aqui, eu n�o acreditaria. Tive acesso a umas fotos essa semana que efetivamente me abalaram, porque a gente n�o pode entender como � que um pa�s que tem as condi��es deixar os nossos ind�genas abandonados como eles est�o aqui. � desumano o que eu vi", declarou.


Lula faz pronunciamento ao lado da comitiva de ministros e de lideranças indígenas
Lula faz pronunciamento ao lado da comitiva de ministros e de lideran�as ind�genas (foto: Ricardo Stuckert/PR)

Ele tamb�m fez cr�ticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Sinceramente, se o presidente que deixou a Presid�ncia esses dias em vez de fazer tanta motociata tivesse vergonha e viesse aqui uma vez, quem sabe esse povo n�o tivesse t�o abandonado como est�."

 

Em um canal do aplicativo de mensagens Telegram, Bolsonaro classificou a fala de Lula como "farsa da esquerda" e disse que "de 2020 a 2022, foram realizadas 20 a��es de sa�de que levaram aten��o especializada para dentro dos territ�rios ind�genas".

Para Siqueira, a visita de v�rios representantes do governo federal no s�bado foi muito bem-vinda. "Trata-se de algo bastante forte, para mostrar que medidas est�o sendo tomadas e ser�o garantidas", avalia.

 

 

Uhiri quer dizer floresta e os yanomami cuidam da floresta e por ela s�o cuidados! Proteger e dar a liberdade a eles para exercer seu papel � mais que preservar este lindo povo, � salvar a floresta, o planeta e a dire��o que precisamos resgatar para seguirmos humanos na terra.

pic.twitter.com/1jg92Gj5dS

— Andre Siqueira (@siqueira__andre) January 21, 2023

Pr�ximos passos

Ainda em Roraima, Lula prometeu combater a explora��o de recursos minerais na regi�o.

"Vamos levar muito a s�rio essa hist�ria de acabar com qualquer garimpo ilegal. E mesmo que seja uma terra que tem autoriza��o da ag�ncia para fazer pesquisa, eles podem fazer pesquisa sem destruir a �gua, sem destruir a floresta e sem colocar em risco a vida das pessoas que dependem da �gua para sobreviver", afirmou.

J� a ministra da Sa�de detalhou que, na pr�xima segunda-feira (23), uma equipe de 13 profissionais da For�a Nacional do Sistema �nico de Sa�de (SUS) chegar� a Boa Vista, capital de Roraima. Eles v�o operar um hospital de campanha.

Outra equipe, de oito indiv�duos, ser� deslocada de Manaus para a regi�o de Surucucu (que tamb�m faz parte do territ�rio yanomami).

Al�m disso, o Hospital de Campanha da Aeron�utica, localizado no Rio de Janeiro, ser� transferido para Boa Vista at� 27 de janeiro.

"No caso da sa�de, n�s definimos que essa situa��o � uma emerg�ncia sanit�ria de import�ncia nacional semelhante a uma epidemia. � isso que precisa ficar claro. A Sa�de est� determinada a resolver as emerg�ncias. Mas a sociedade tem que estar consciente do que est� acontecendo aqui", declarou Trindade Lima.

A situa��o � grave em territ�rio Yanomami. O @minsaude registrou 3 �bitos de crian�as entre 24 e 27/12 e 11.530 casos de mal�ria no �ltimo ano. Diante disso, embarcamos para Roraima, em comitiva com o presidente @LulaOficial e a ministra dos Povos Origin�rios, @GuajajaraSonia. pic.twitter.com/Y12tNyRKwV

— N�sia Trindade Lima (@nisia_trindade) January 21, 2023

Siqueira entende que � necess�rio pensar em a��es de curto, m�dio e longo prazo. "� preciso restituir a assist�ncia � sa�de dessa popula��o, que vive uma situa��o de cat�strofe e emerg�ncia."

O governo tamb�m j� iniciou a distribui��o de cestas b�sicas e suplementos alimentares para combater a desnutri��o.

O ministro da Justi�a e Seguran�a P�blica, Fl�vio Dino, divulgou que vai pedir a abertura de um inqu�rito na Pol�cia Federal para apurar poss�veis crimes cometidos.

"H� fortes ind�cios de crime de genoc�dio, que ser� apurado pela PF", afirmou Dino.

Por fim, Siqueira acredita que a situa��o dos yanomami deve chamar a aten��o para o que est� acontecendo em outros territ�rios ind�genas do pa�s.

"Sabemos que h� problemas no Rio Negro e no Alto Solim�es, por exemplo. Eu estive l� no ano passado e vi situa��es semelhantes de falta de assist�ncia e cuidados", informa.

"Isso � algo que precisa ser abordado com urg�ncia, porque a nossa humanidade depende disso", conclui o m�dico.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-64365655


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