
Os detalhes do desfecho sangrento foram relatados pela Pol�cia Civil do estado (PCRO) ao Correio Braziliense.
Segundo Elinaldo Bonfim, assessor da corpora��o, o estouro na boca de Pururuca n�o foi resultado da primeira rea��o do idoso, dono da resid�ncia invadida. Ele atirou para cima primeiro, para intimid�-lo dando um alerta, mas o bandido n�o recuou e adentrou a casa arrombando a porta. Foi quando o criminoso apontou o rev�lver para a esposa do propriet�rio do local, amea�ando-a de morte. O idoso ent�o reagiu atirando no rosto de Osmar, em cheio.

Por�m, o idoso, autor do tiro de 12, n�o matou um assaltante sem experi�ncia no mundo do crime. Pururuca, morto aos 44 anos, foi um bandido altamente procurado, "com in�meras passagens e antecedentes criminais", incluindo condena��o de d�cadas e fugas de pres�dio, como ressalta Bonfim.
De acordo com o porta-voz da PCRO, foi ele um dos respons�veis pela grande rebeli�o do pres�dio Jos� Mario Alves, conhecido como "Urso Branco", em abril de 2004. O caso teve repercuss�o internacional, pois levou o Brasil a ser denunciado na Corte Interamericana por viola��o dos direitos humanos, segundo confirma o Tribunal de Justi�a estadual (TJRO). (Saiba mais logo abaixo)
"O idoso ligou para a pol�cia e pediu ajuda. A pol�cia compareceu ao local, foi feita a per�cia e apreendido o rev�lver desse bandido, pela tentativa frustrada de roubo. O caso foi encaminhado ent�o para a delegacia especializada em crimes contra o patrim�nio em roubos e extors�es, que � a Delegacia de Patrim�nio da capital de Rond�nia", informou o porta-voz da PCRO, ao Correio.
O comparsa conseguiu fugir. A pol�cia ainda n�o sabe de seu paradeiro.

Chacina hist�rica de mortes cru�is acompanhadas ao vivo
A chacina do pres�dio "Urso Branco" � um marco na hist�ria de Rond�nia e do Brasil. Ela � dividida em pelo menos dois grandes momentos*: a rebeli�o de presos em 2002, quando 27 detentos foram mortos; e, novamente, em 2004, quando Pururuca participou, resultando em mais sangue.
Para se ter uma ideia da propor��o do caso (al�m do fato de ter sido acompanhado de perto pela Corte Interamericana), a rebeli�o do "Urso Branco" � considerada o maior assassinato coletivo de presos do pa�s depois da trag�dia da Casa de Deten��o de S�o Paulo, o Carandiru, em 1992 - conhecido como "o Massacre do Carandiru", o epis�dio sem precedentes, j� retratado em livros e filmes nacionais famosos, resultou em 111 presos mortos ap�s a invas�o da Pol�cia Militar.
O primeiro motim na penitenci�ria de Rond�nia, em 2002, come�ou quando presos de celas normais foram colocados no mesmo local que os presos jurados de morte, que eram mantidos em outro pavilh�o para aumentar a seguran�a. O superlota��o de internos e o pouco contingente e inexperi�ncia de agentes, apontada pela imprensa na ocasi�o, tamb�m foram fatores decisivos. A capacidade da Casa de Deten��o era de 350, mas abrigava 1.300 presos.
Em 2004, o motim come�ou com o assassinato de dois detentos, que eram desafetos dos rebelados. Segundo o governo federal, do telhado da pris�o, os presos lan�aram os corpos dos cad�veres e exibiram uma cabe�a decapitada. O lan�amento dos corpos aconteceu de uma caixa d'�gua, como documentou o Tribunal de Justi�a estadual (TJRO).
Pelo menos 12 presidi�rios morreram, assassinados com requintes de crueldade. Segundo relatos da Justi�a, o laudo da morte de um dos presidi�rios assassinados, Luciano Teot�nio dos Santos, conhecido como Pes�o, por exemplo, registrou mais de 30 golpes de chu�os (arma branca pontiaguda) em seu corpo. Na rebeli�o, v�timas tamb�m foram eletrocutadas e enforcadas.
E mais: os momentos de horror foram acompanhado por familiares das v�timas e registrados ao vivo pelas c�meras dos ve�culos de comunica��o, que acompanhavam o motim.
"Em raz�o do n�mero de envolvidos, da complexidade dos fatos criminosos e da quantidade de recursos, todo o processo acabou levando mais de 10 anos para ter o primeiro julgamento", informou o TJRO. Ao todo foram denunciados 37 presos.
* V�rios outros epis�dios semelhantes de viol�ncia considerados de "menor porte" aconteceram na penitenci�ria com frequ�ncia, al�m de mortes isoladas, como os dez casos de assassinatos isolados que ocorreram justamente entre 2002 e 2004