
O norov�rus foi detectado em 63% das amostras de fezes coletadas pela Secretaria Municipal de Sa�de desde dezembro de 2022. Ao que tudo indica, a chegada do v�rus a um litoral com muitas aglomera��es em ambientes j� comprometidos pelas m�s condi��es sanit�rias � a grande causa do surto de diarreia nas praias catarinenses.
No Brasil, o primeiro registro do Minist�rio da Sa�de de um surto de norov�rus em embarca��o foi em 2009, no cruzeiro MSC Sinfonia, que passava por Salvador com destino ao Rio de Janeiro. Na ocasi�o, 350 pessoas foram afetadas por diarreias, n�useas e v�mitos.
Em 2019, o v�rus apareceu em manchetes novamente ao abreviar um cruzeiro de luxo de 12 dias com mais de 2.000 passageiros entre Austr�lia e Cingapura.
Conforme Fabiano Ramos, infectologista e diretor do Hospital S�o Lucas da PUCRS, isso ocorre devido � alta capacidade de prolifera��o do v�rus em um grupo de pessoas de conv�vio muito pr�ximo. Portanto costuma afetar n�o apenas cruzeiros, mas concentra��es de equipes esportivas, batalh�es aquartelados e, em Santa Catarina, fam�lias ou amigos veranistas dividindo uma mesma resid�ncia.
Para agravar a situa��o, conforme monitoramento feito pela Folha desde 2016, Florian�polis apresenta piora consider�vel nas condi��es de balneabilidade de suas praias em raz�o de problemas de saneamento e de enchentes nos �ltimos meses.
A transmiss�o se d� pessoa a pessoa e de forma "fecal-oral". Ou seja, o v�rus � transmitido saindo de um organismo pelas fezes e entrando em outro pela boca.
"O v�rus pode estar nos coliformes de uma �gua utilizada para fazer um bochecho ao escovar os dentes ou em um cubo de gelo de uma �gua da torneira. Ou pode ainda ser transmitido em objetos, como uma ma�aneta ap�s uma pessoa utilizar o banheiro para evacuar e n�o lavar as m�os. Se outra pessoa levar a m�o da ma�aneta at� a boca, pode haver o cont�gio", explica Ramos.
Leia: Suspeito de estuprar e matar estudante de jornalismo � preso no Piau�
Portanto, lavar as m�os, tomar cuidado com a proced�ncia da �gua e evitar banhos de mar em �reas de balneabilidade comprometida s�o as principais formas de prevenir o cont�gio.
Outra caracter�stica do norov�rus � o da alta transmiss�o entre adultos -diferentemente do rotav�rus, por exemplo, outro vil�o dos veraneios que tem sintomas muito semelhantes, mas afeta mais crian�as.
A boa not�cia, segundo Eduardo Sprinz, infectologista do Hospital de Cl�nicas de Porto Alegre, � que as mesmas caracter�sticas que fazem o v�rus se espalhar muito rapidamente dificultam que ele permane�a por muito tempo prejudicando uma mesma popula��o.
"O tempo de incuba��o � curto, ent�o ele infecta muitas pessoas ao mesmo tempo, mas todas tamb�m se recuperam em at� 72 horas e ficam imunes a novo cont�gio por at� seis meses. O n�mero de pessoas suscet�veis a uma nova infec��o cai rapidamente", diz Sprinz.
No caso de Santa Catarina, o ponto de aten��o � a chegada de novos grupos de veranistas �s praias, o que pode estender os ciclos do v�rus e gerar novos surtos. Todavia, os n�meros da Secretaria Municipal de Sa�de apontam que o surto est� diminuindo.
A semana com o maior n�mero de casos nas UPAs de Florian�polis foi entre 1º e 8 de janeiro, quando foram registrados 1.149 casos de diarreia entre pessoas com mais de 10 anos. Nas duas semanas seguintes, o n�mero caiu para 998 e 857 atendimentos semanais.
Em 23 de janeiro, ap�s a detec��o do norov�rus como grande causa do surto, a prefeitura divulgou uma nota de esclarecimento aconselhando os seguintes cuidados � popula��o, aos profissionais dos ramos aliment�cio e de limpeza e aos veranistas em geral.
VEJA DICAS DE PREVEN��O CONTRA DIARREIA NO LITORAL
Lavar as m�os com �gua e sab�o ou solu��o antiss�ptica;
Beber �gua tratada acondicionada em embalagens lacradas ou de fonte segura;
Evitar adicionar gelo de proced�ncia desconhecida �s bebidas;
Avaliar se os alimentos foram bem cozidos, fritos ou assados;
Evitar frutas e verduras descascadas ou com a casca danificada;
Evitar o consumo de alimentos vendidos por ambulantes n�o credenciados;
Alimentos embalados devem conter no r�tulo a identifica��o do produtor e data de validade, e a embalagem deve estar �ntegra;
N�o se banhar ou frequentar a areia em praias consideradas impr�prias para o banho;
N�o se banhar ou frequentar a areia em regi�es pr�ximas a sa�das de rios ou c�rregos;
N�o consumir �gua do mar, com redobrada aten��o com as crian�as e idosos, que s�o mais sens�veis e menos imunes do que os adultos;
Usar equipamentos de prote��o individual (EPI) ao manipular res�duos s�lidos e higienizar banheiros p�blicos;
Seguir as boas pr�ticas de manipula��o de alimentos.