
Para Dalila Lima Bueno Torres, graduanda em Engenharia Mec�nica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o reajuste coloca as pesquisas em um patamar de relev�ncia. Ela explica que o incentivo, al�m de ajudar nas despesas, tamb�m ajuda a manter os alunos que deixaram suas casas no interior para morar na capital mineira. “O reajuste vai ser muito bom porque eu e muitos outros pesquisadores sa�mos de casa e do interior para morar na capital. E esse dinheiro ajuda a gente se manter aqui. � um incentivo muito bom para a gente se manter entusiasmada com a pesquisa e com o laborat�rio. Muita coisa vai melhorar agora. Sinto que vai ser muito bom”, disse.
Para Dalila, os cortes “desmotivaram muito a pesquisa”. “A gente que est� inserido nesse ambiente conseguia perceber a falta de incentivo que tinha por parte do governo anterior”, conta.
Augusto Moura Martins, doutorando da Engenharia Mec�nica da UFMG, conta que n�o conseguiu a bolsa de imediato e iniciou como professor substituto. Ap�s o fim do contrato, ele acabou ficando quase um ano sem renda. Ele conta que, durante o tempo que passou como professor, acabou juntando um dinheiro e assim conseguiu se sustentar.
“As bolsas n�o s�o reajustadas desde 2013 e os valores realmente est�o defasados. O pesquisador � um profissional qualificado e a bolsa � o seu sal�rio. Em qualquer outra fun��o esses valores j� teriam sido reajustados. Com o reajuste podemos ficar mais tranquilos em rela��o aos gastos. Eu n�o preciso sustentar uma fam�lia como alguns colegas, mas tenho as despesas como aluguel que consomem grande parte dos valores. O que eu pago de aluguel hoje seria 60% da bolsa de mestrado. Isso faz com que algumas pessoas j� na p�s-gradua��o continuem dividindo moradia, como os alunos de gradua��o fazem”, disse.
O professor conta que agora, com o novo reajuste, ser� capaz de guardar dinheiro para se sustentar depois de terminar o doutorado. Por�m, para ele, o incentivo n�o � a solu��o de todos os problemas. “O aumento nas bolsas � importante, mas para fazer as pesquisas tamb�m precisamos de acesso a outros recursos. Muitas vezes n�o temos verbas para realizar alguns tipos de an�lise e at� para a manuten��o dos equipamentos.”
J� Ives Teixeira Souza, doutorando em Comunica��o Social pelo Programa de P�s-Gradua��o em Comunica��o Social da UFMG, teve bolsa Capes apenas durante os 7 meses finais, por causa da redu��o sistem�tica do n�mero de bolsas nos �ltimos anos, e acabou ficando sem saber se receberia o benef�cio para o doutorado. “Com isso, ap�s a finaliza��o da escrita do meu mestrado, eu voltei para a minha cidade natal, Sete Lagoas. O doutorado come�ou em mar�o, mas apenas em junho de 2022 o Programa de P�s-Gradua��o liberou uma bolsa Capes de doutorado para mim. S� que o custo de vida elevado em BH fez com que eu ainda continuasse a morar em Sete Lagoas. Foi mais v�lido ir e voltar de Sete Lagoas para os compromissos na UFMG, na Pampulha, do que voltar a morar em BH”, conta.
Segundo Ives Teixeira, apesar da dificuldade, ele acabou se vendo em uma situa��o de privil�gio em rela��o a outros colegas. “Eu ainda tive essa oportunidade por ser uma cidade que faz parte do Colar Metropolitano, mas � algo bem mais complicado para os meus outros colegas de doutorado, por exemplo, que n�o tiveram essa oportunidade de escolha. Colegas do Maranh�o, de Po�os de Caldas, de Governador Valadares tiveram que arcar com seus custos em BH, mesmo com a bolsa de R$ 2.200. A situa��o foi ainda mais ca�tica quando o pagamento n�o foi realizado na data correta, no �ltimo dezembro”, conta.
“Agora, com o reajuste da bolsa, que n�o acontecia desde 2013, eu vou voltar a morar em BH. O aumento de 40% pode parecer muito, mas al�m de n�o ter ocorrido sequer um aumento nos �ltimos 10 anos, o pesquisador bolsista possui v�nculo de dedica��o exclusiva, sem direitos trabalhistas, por exemplo. � um profissional que pesquisa diariamente, d� aulas nos cursos de gradua��o, e que n�o possui os direitos trabalhistas reconhecidos, pois n�o h� v�nculo empregat�cio com a Capes, com o Cnpq ou com a pr�pria Universidade”, afirma.
Henrique Caixeta Moreira, do departamento de Comunica��o Social da UFMG, afirmou ter ficado “muito feliz” com o reajuste. “Foi uma batalha. Tivemos v�rias conversas com o governo de transi��o e tamb�m com o governo atual. Foi uma not�cia muito boa. Fizemos v�rias mobiliza��es, manifesta��es e o combinado nunca era cumprido”, disse. Para ele, o reajuste de 40% ainda n�o foi o suficiente, mas ir� fazer uma “diferen�a muito grande” na vida dos p�s-graduandos.
Incentivo
As bolsas de mestrado passar�o dos R$ 1.500 para R$ 2.100. As de doutorado, v�o de R$ 2.220 para R$ 3.100. Nas duas, o reajuste � de 40%. J� as bolsas de p�s-doutorado, ele � de 25%, subindo de R$ 4.100 para R$ 5.200.
Os alunos de inicia��o cient�fica no ensino superior ter�o um acr�scimo de 75% nas bolsas, de R$ 400 para R$ 700. J� para estudantes do ensino b�sico ser�o 53 mil bolsas para estimular a introdu��o � pesquisa e produ��o de ci�ncia. O valor vai passar dos atuais R$ 100 para R$ 300.
A Bolsa Perman�ncia ter� o seu primeiro reajuste desde que foi criada, em 2013. Com valores entre R$ 400 e R$ 900, os percentuais de aumento v�o variar entre 55% e 75% – podendo chegar a at� R$ 1.575.
A forma��o de professores da educa��o b�sica tamb�m ter� reajuste entre 40% a 75% dos atuais repasses que variam entre R$ 400 e R$ 1.500. Ser�o 125,7 mil bolsas para aprimorar a qualifica��o dos educadores.
Os aumentos passam a valer em mar�o, e ser� pago o valor retroativo a janeiro.