
“Eu fui chamado pelo Minist�rio da Sa�de e pelo Fundo das Na��es Unidas para a Inf�ncia - a Unicef - para criar algo que convidasse os pais a levarem seus filhos para tomar vacina. Desde o come�o pensei que queria algo com um design mais simples, para que fosse facilmente reproduzido por todos e que tivesse as crian�as como protagonistas deste processo”, relata.
Darlan conta que, na �poca, o Brasil j� fazia parte de um cons�rcio de pa�ses latinoamericanos unidos pela erradica��o da poliomielite. A meta era concluir o feito at� 1990, e por isso, o escultor desenhou duas gotinhas, representando a vacina da polio, para ser s�mbolo da imuniza��o. “O personagem ainda n�o tinha um nome, ent�o a gente chamava de Vax. No come�o, eu o desenhei caminhando de 86 at� 90, ano que precis�vamos ter batido a meta”, detalha o artista pl�stico.
Darlan, neste per�odo, j� tinha participado de programas de televis�o com hist�rias infantis e sabia lidar com o p�blico de maneira educativa. “Meus personagens do programa infantil falavam sobre dormir cedo, n�o fumar, comer comida saud�vel e uma s�rie de orienta��es de bom comportamento. Acabou que essa minha vis�o de fazer algo direcionado para as crian�as ficou ainda mais forte quando fui para o nordeste e percebi que as crian�as tentavam fugir da vacina, al�m dos pais acharem que seria o imunizante que levaria a doen�a aos filhos. Havia uma s�rie de desinforma��o a respeito”, cita.
Darlan pontua que os comerciais realizados at� ent�o buscavam convencer os pais atrav�s do medo. “Tinha uma propaganda de aparelhos ortop�dicos em uma esp�cie de casa assombrada e sons fantasmag�ricos. Al�m disso, as imagens das campanhas nem sempre conversavam com todas as regi�es. Um dos panfletos utilizados, por exemplo, era de uma faixa de pedestre com o inscrito: se voc� n�o vacinar seu filho, ele nunca vai atravessar essa faixa. Mas no Norte do Brasil, em uma comunidade onde os povos usavam os rios para se locomover, essa imagem n�o representava”, detalha o artista.
S�mbolo universal
O foco de Darlan foi criar um s�mbolo universal, que pudesse ser facilmente reproduzido pelos profissionais de sa�de e pelas pr�prias crian�as. “Na �poca, tudo era feito manualmente e os profissionais do postinho desenhavam os avisos para convidar as crian�as ou informar os pais, por isso, era t�o importante que meu personagem fosse simples. O Z� Gotinha, nesta fase, n�o tinha detalhes no pezinho e na m�o justamente para que fosse reproduzido por qualquer pessoa”, refor�a.
O carisma do personagem foi um sucesso. O artista pl�stico percorreu as regi�es do pa�s em oficinas em que ensinava como desenhar o Z� Gotinha e conversava com os profissionais aplicadores de imunizantes. “Os profissionais que trabalharam comigo compraram a ideia e pediram ao Minist�rio da Sa�de que o personagem estivesse nas campanhas, pois, nesse momento, j� era algo que as pessoas conheciam e as crian�as gostavam”, descreve Darlan.
A partir disso, para verificar se o personagem ia cair no gosto popular ou n�o, Darlan criou uma propaganda em que o mascote aparecia entristecido por ainda n�o ter um nome. “Ali ele fez um convite para as crian�as enviarem sugest�es de como cham�-lo. Foi um sucesso total. As cartas chegavam em caminhonetes nas secretarias de sa�de, que faziam um filtro e, logo depois, encaminhavam para o Minist�rio da Sa�de”, relembra o artista pl�stico.
Na etapa final, algumas das sugest�es das crian�as eram Vacinildo, Defesinha e, o que foi o grande ganhador, Z� Gotinha. “A carta escolhida com o nome era, inclusive, de uma crian�a aqui do Distrito Federal. Isso provou que ele estava no gosto popular e que levar informa��o para o adulto por meio da crian�a, com debates em escolas, era um caminho poss�vel. Hoje, o Z� Gotinha est� no imagin�rio das pessoas e representa um �cone, uma figura de credibilidade, amado por todo mundo”, observa Darlan.
O artista, no entanto, confessa que ficou desgostoso quando, em plena pandemia, o grande auxiliar na erradica��o da poliomielite no Brasil, foi deixado de lado. “Eles podiam utiliz�-lo como forma de levar informa��es pertinentes de cuidados para n�o contrair o v�rus da OVID-19, mas ficou esquecido”, lamenta.
“Se a gente trabalhar com afinco, podemos reverter as quest�es das baixas coberturas vacinais que enfrentamos hoje”, garante Darlan. Para o criador do s�mbolo que combate doen�as imunopreven�veis, a mensagem � clara: “O Z� Gotinha est� aqui para atuar na parte educativa e distribuir informa��o. Ele tem todos os requisitos para ajudar o governo a enfrentar a atual queda na cobertura vacinal e garantir sa�de � popula��o”, finaliza.
*com release do Minist�rio da Sa�de