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Estado de Minas INVESTIGA��ES

PF aponta execu��es e tortura de crian�as por policiais no Amazonas

A chacina ocorreu em agosto de 2020, em comunidades ribeirinhas e ind�genas na regi�o do rio Abacaxis, entre os munic�pios de Nova Olinda do Norte e Borba


25/05/2023 10:41 - atualizado 25/05/2023 10:59
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Lancha branca em rio
Lancha que teria sido utilizada em opera��o policial na regi�o do rio Abacaxis, entre os munic�pios de Nova Olinda do Norte e Borba, em 2020 (foto: Reprodu��o/ Folha de S�o Paulo )

 

A investiga��o de uma chacina cometida por policiais militares no Amazonas aponta a realiza��o de uma opera��o de exterm�nio, com execu��es, v�timas metralhadas, tortura de crian�a e adolescente e asfixiamento com sacos pl�sticos.

 

A Pol�cia Federal concluiu um relat�rio em abril deste ano, com indiciamento do coronel da PM Louismar Bonates, ex-secret�rio de Seguran�a P�blica amazonense, e do ex-comandante-geral da PM do estado Ayrton Ferreira do Norte. O primeiro foi acusado de ordenar e viabilizar a opera��o. O segundo, de comand�-la.

 

A chacina ocorreu em agosto de 2020, em comunidades ribeirinhas e ind�genas na regi�o do rio Abacaxis, entre os munic�pios de Nova Olinda do Norte e Borba. O governador Wilson Lima (Uni�o Brasil) estava em seu primeiro mandato. Ele foi reeleito em outubro de 2022.

 

 

 

As investiga��es da PF prosseguem para tentar individualizar as condutas de quase 130 policiais militares e civis que, conforme os investigadores, participaram da opera��o.

 

Em nota, o Governo do Amazonas afirmou que colabora com a investiga��o.

 

"A Secretaria de Seguran�a P�blica esclarece que a opera��o oficial da PM foi deflagrada depois que dois PMs foram assassinados a tiros no local por traficantes que subjugavam a comunidade", disse. "Estamos colaborando com a investiga��o e temos certeza de que, ao final, a Justi�a vai prevalecer."

 

O governo n�o respondeu se Lima avalizou a opera��o feita em 2020.

 

A Folha n�o conseguiu contato com o ex-secret�rio e com o ex-comandante indiciados. A reportagem enviou questionamentos sobre a atua��o dos dois ao Governo do Amazonas e � Secretaria de Seguran�a P�blica do estado, para saber a posi��o dos dois coron�is a respeito das acusa��es. "Os dois citados n�o fazem mais parte da estrutura do governo estadual", disse a administra��o estadual na nota.

 

Conforme a PF, o que ocorreu foi uma atua��o t�pica de grupo de exterm�nio, com apoio institucional para oculta��o dos crimes. A pol�cia citou a ocorr�ncia de crime contra a humanidade na opera��o.

 

A investiga��o listou oito homic�dios, inclu�dos dois jovens ind�genas mundurucus e um adolescente; quatro casos de tortura que n�o resultaram em mortes; oculta��o de corpo, e continuidade do desaparecimento de restos mortais; les�es corporais graves em tr�s v�timas, duas delas crian�as; e inc�ndio criminoso de tr�s casas em uma aldeia, com destrui��o de documentos e bens.

 

Segundo a PM, a ofensiva policial teve in�cio ap�s um secret�rio da gest�o estadual tentar entrar em terra protegida da Uni�o, sem autoriza��o, para pesca esportiva. Esse integrante do governo local alegou ter sido atingido por um disparo de arma de fogo e afirmou, segundo testemunhas citadas pela PF, que voltaria armado ao local.

 

Na sequ�ncia, um grupo de policiais foi � regi�o, sem uniformes e sem mandados de busca ou de pris�o, conforme a PF. Dois policiais foram baleados e morreram, e outros dois ficaram feridos.

 

A PM do Amazonas, ent�o, desencadeou uma a��o nas comunidades com o prop�sito oficial de combate ao tr�fico de drogas. Por�m o que houve, de acordo com a PF, foi uma a��o de exterm�nio motivada por vingan�a, com anu�ncia e organiza��o de integrantes da c�pula da seguran�a p�blica do governo do estado.

 

Os crimes apontados pela PF s�o homic�dio qualificado, tortura, les�o corporal, roubo, amea�a, invas�o de domic�lio, inc�ndio criminoso, abuso de autoridade e associa��o criminosa.

 

Segundo investigadores federais que assumiram o caso ap�s a chacina, houve incurs�o de policiais em uma terra ind�gena -eles estavam numa lancha da Pol�cia Militar Ambiental do Amazonas, conforme as investiga��es- e execu��o de dois ind�genas mundurucus numa emboscada, movida apenas por vingan�a.

 

N�o houve possibilidade de resist�ncia, segundo a PF. N�o havia hist�rico de crime ou viol�ncia por parte dos ind�genas, como apontaram os policiais.

 

A investiga��o apontou ainda que houve tentativa de oculta��o de corpo e decapita��o de um deles. Todos os policiais que estavam na lancha participaram dos crimes, conforme a PF.

 

Um adolescente foi torturado com perfura��es de faca, na frente dos pais, disse a PF, e houve tentativa de decapita��o e amarra��o de pedras nos tornozelos para afundamento do corpo. Os tr�s foram executados.

 

A PF apontou ainda que v�timas foram metralhadas de cima para baixo e que algumas apresentavam cortes profundos no abdome, com o prop�sito de facilitar o ataque de peixes aos corpos e o consequente desaparecimento de restos mortais. Ainda h� corpos n�o localizados, conforme a investiga��o.

 

Investigadores federais descreveram diversas formas de tortura na chacina. Uma crian�a foi prensada por um freezer e confinada dentro, segundo a PF. Outras foram baleadas, o que ocasionou fraturas em uma das m�os, conforme a investiga��o.

 

Tamb�m foram relatados na apura��o o arremesso de combust�vel em v�timas, com amea�a de atear fogo, socos na costela, e asfixiamento com sacos pl�sticos. O objetivo dos policiais, conforme a PF, era chegar at� a pessoa que eles entendiam como respons�vel pela morte de dois PMs.

 

Policiais que participaram da opera��o nas comunidades cobriram o rosto com balaclavas e n�o carregavam identifica��o, segundo a PF, que apontou a necessidade de inclus�o de testemunhas num programa de prote��o, sem vincula��o ao Governo do Amazonas.

 


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