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Estado de Minas SOB VIGIL�NCIA

C�sio-137: Cnen ainda monitora 'cemit�rio' de rejeitos em Goi�s

Quase 36 anos depois do desastre do c�sio-137 em Goi�nia, toneladas de rejeitos radioativos seguem armazenadas e exigem an�lises anuais do meio ambiente


17/07/2023 04:00 - atualizado 16/07/2023 22:23
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Os rejeitos retirados durante a descontaminação de áreas expostas ao césio-137 que circulou por Goiânia estão subterrados em Abadia de Goiás
Os rejeitos retirados durante a descontamina��o de �reas expostas ao c�sio-137 que circulou por Goi�nia est�o subterrados em Abadia de Goi�s (foto: Cnen/Divulga��o)

Reavivado na mem�ria dos brasileiros pelo recente sumi�o de duas c�psulas de c�sio-137 de uma mineradora de Nazareno, na Regi�o do Campo das Vertentes, em Minas Gerais, o maior acidente do planeta com materiais radioativos fora de uma usina nuclear, ocorrido em Goi�nia (GO), em setembro de 1987, ainda d� trabalho aos especialistas do setor. Passados quase 36 anos da trag�dia, que provocou a morte de quatro pessoas e atingiu outras centenas, toneladas de rejeitos radioativos da mesma subst�ncia que sumiu em Minas seguem armazenadas em um dep�sito mantido sob seguran�a especial em �rea de dom�nio do Centro Regional de Ci�ncias Nucleares do Centro-Oeste (CRCN-CO), no munic�pio de Abadia de Goi�s, no mesmo estado onde ocorreu o desastre.

O CRCN-CO � uma das unidades t�cnico-cient�ficas da Comiss�o Nacional de Energia Nuclear (Cnen). No dep�sito da unidade est�o armazenados cerca de 3.500 metros c�bicos (aproximadamente 6 mil toneladas) de rejeitos oriundos do acidente com o c�sio-137, retirados ap�s a descontamina��o de �reas atingidas. O centro de Abadia de Goi�s enfrenta dificuldades com a falta de pessoal.

Conforme a Cnen, os materiais s�o armazenados em tambores em estruturas subterradas. A seguran�a f�sica � feita pelo Batalh�o Ambiental da Pol�cia Militar de Goi�s, enquanto a seguran�a com rela��o ao armazenamento do rejeitos � realizada por interm�dio de um Programa de Monitora��o Ambiental (PMA),  que “visa garantir a prote��o � sa�de do homem e do meio ambiente”, diz o CRCN-CO.

Anualmente, informa a unidade da Cnen em Goi�s, � produzido um relat�rio com os resultados de an�lise por espectrometria gama de amostras de �gua de superf�cie, �gua subterr�nea, sedimento do fundo de rio, solo e vegeta��o, al�m da avalia��o da taxa de kerma no ar, feita por dosimetria termoluminescente (TLD). “S�o feitos tamb�m c�lculos de estimativa de dose efetiva para indiv�duos do p�blico circunvizinho �s instala��es do reposit�rio, levando em considera��o as poss�veis vias de exposi��o para esta popula��o”, complementa.

Ainda de acordo com �rg�o,  a estrutura que abriga o c�sio-137 tem se mostrado segura. “As doses efetivas obtidas a partir dos resultados das an�lises t�m se mostrado abaixo do limite estabelecido pela Comiss�o Nacional de Energia Nuclear para impactos dos reposit�rios nos indiv�duos do p�blico, indicando que a instala��o vem operando com total seguran�a, sem causar impacto radiol�gico ao meio ambiente circunvizinho”.

D�FICIT DE SERVIDORES A Cnen admite que o centro respons�vel pelo monitoramento e seguran�a dos rejeitos sofre com “defici�ncia de servidores”, mas assegura que suas atividades de controle do material s�o mantidas. De acordo com a assessoria da dire��o da Comiss�o, o CRCN-CO conta atualmente com 17 servidores ativos, tendo como �nico cargo comissionado o seu coordenador. “H� uma car�ncia de servidores devido � n�o realiza��o de concursos p�blicos e �s aposentadorias ao longo dos �ltimos anos. H� necessidade hoje de pelo menos 10 servidores”, informou o �rg�o federal. “Mesmo com defici�ncia de servidores, o controle institucional do dep�sito final de rejeitos radioativos vem sendo devidamente executado, ainda que haja sobrecarga de trabalho dos servidores envolvidos”, ressaltou a Cnen, lembrando que a situa��o � amenizada com o “aumento da for�a de trabalho por meio da realiza��o de concursos p�blicos ou contrata��o tempor�ria”.

Tonéis receberam material contaminado e foram levados para a área de armazenamento, onde seguem sob segurança especial
Ton�is receberam material contaminado e foram levados para a �rea de armazenamento, onde seguem sob seguran�a especial (foto: Edilson Rodrigues/CB/D.A Press/Reproduc�o %u2013 28/7/07)


RELEMBRE o epis�dio Em 13 de setembro de 1987,  dois catadores de materiais recicl�veis encontraram em Goi�nia, aparatos contendo c�sio-137 de uma m�quina de radioterapia que estava localizada no Instituto Goiano de Radioterapia.O material foi levado pelos catadores para casa e teve algumas partes retiradas. O resto foi vendido por eles para um ferro-velho, cujo propriet�rio se chamava Devair Ferreira. Sem saber do que se tratava, Ferreira desmontou a m�quina para tentar reaproveitar o chumbo, material bastante comercializ�vel. Nesse momento, cerca de 19 gramas de cloreto c�sio-137 ficaram expostos ao ambiente. Um p� branco que, no escuro, emitia uma luz em tons azulados chamou a aten��o da vizinhan�a e foi exibido durante quatro dias. Inclusive, algumas pessoas levaram amostras do material radioativo para a casa.

Aos poucos, o c�sio-137 foi se espalhando por uma �rea ainda maior, uma vez que parte do equipamento foi revendido a outro ferro-velho. Com essa dispers�o, n�o demorou muito para que as pessoas apresentassem os primeiros sintomas de intoxica��o, ap�s ficaram expostas aos altos n�veis de radia��o, como diarreia, n�useas, tonturas e v�mitos.

Dezesseis dias depois do in�cio do adoecimento das v�timas, parte da m�quina foi levada � Vigil�ncia Sanit�ria e se confirmou que os sintomas eram provocados por contamina��o radioativa. Quatro pessoas morreram. Os primeiros �bitos aconteceram na fam�lia do dono do ferro-velho. A mulher dele, Maria Gabriela, morreu em 23 de outubro 1987, e a sobrinha, Leide das Neves Ferreira, de 6 anos,  perdeu a vida  horas depois da tia. A garotinha foi a v�tima que apresentou maior quantidade de radia��o, pois ingeriu pequenas por��es de c�sio ao brincar com o material radioativo.

Outros 49 pacientes v�timas da exposi��o ao c�sio-137 foram levadas para o Hospital Naval Marc�lio Dias, no Rio de Janeiro (RJ0. No hospital, que � refer�ncia no tratamento de v�timas de acidentes radioativos, 21 pacientes passaram por tratamento intensivo. Estima-se que mais de 112 mil pessoas foram expostas aos efeitos do c�sio-137 em Goi�nia.


Caso mineiro

As duas c�psulas de c�sio-137 que desapareceram da mineradora AMG Brasil, no munic�pio de Nazareno, na Regi�o do Campo das Vertentes, foram encontradas no �ltimo dia 10 em uma empresa de coleta e com�rcio de sucata em S�o Paulo (SP), a 432 quil�metros do munic�pio mineiro. A Comiss�o Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e Pol�cia Civil de Minas Gerais estavam empenhadas nas investiga��es sobre o paradeiro dos equipamentos desde 29 de junho, quando a empresa comunicou �s autoridades o misterioso desaparecimento material radioativo. Os dois equipamentos com o produto radioativo foram encontrados aparentemente intactos, sem sinais de tentativa de viola��o, o que significa que, provavelmente, n�o houve contamina��o de pessoas no percurso das c�psulas. No entanto, o mist�rio continua: ainda n�o se sabe quem furtou nem quem vendeu as fontes do c�sio-137. Tamb�m est� em aberto como elas foram transportadas at� S�o Paulo. Todas as circunst�ncias sobre o extravio, caminho percorrido e venda do material ainda s�o objeto de investiga��o por parte da Pol�cia Civil de Minas Gerais.


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