Governo acompanha investiga��o do assassinato de Maria Bernadete
Silvio Almeida determinou o deslocamento de equipes ligadas aos Direitos Humanos at� a Bahia para participarem da apura��o do homic�dio de l�der quilombola
Silvio Almeida colocou o Minist�rio dos Direito Humanos � disposi��o do caso... (foto: Pedro Fran�a/Ag�ncia Senado - 27/4/23)
A investiga��o sobre o assassinato brutal de Maria Bernadete Pac�fico, l�der do Quilombo Pitanga dos Palmares e ex-secret�ria de Promo��o da Igualdade Racial de Sim�es Filho (BA), ser� acompanhada de perto pelo Minist�rio dos Direitos Humanos. A informa��o foi dada pelo ministro da pasta, Silvio Almeida, que disse que o grupo se deslocaria de maneira "imediata" a Sim�es Filho.
A religiosa foi assassinada a tiros na noite de quinta-feira. De acordo com o Minist�rio da Igualdade Racial, o terreiro de M�e Bernadete, situado em Sim�es Filho (BA), foi invadido por dois criminosos com capacetes, que fizeram familiares ref�ns antes de executar a religiosa.
"Recebo a informa��o de que Yalorix� Bernadete, defensora de dh e lideran�a do Quilombo Pitanga dos Palmares, foi assassinada. Determinei o imediato deslocamento das equipes do @mdhcbrasil at� Sim�es Filho, na Bahia. Expresso minha solidariedade aos familiares e � comunidade", escreveu, na manh� de ontem.
Em nota publicada na quinta-feira, a Coordena��o Nacional de Articula��o das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) lamentou o assassinato de Maria Bernadete Patroc�nio, popularmente conhecida como M�e Bernadete.
... envolvendo o assassinato de Maria Bernadete Pac�fico (foto: Redes Sociais/Reprodu��o)
"Sua dedica��o incans�vel � preserva��o da cultura, da espiritualidade e da hist�ria de seu povo ser� sempre lembrada por n�s. Nos apoiaremos no seu exemplo e no seu legado na luta por justi�a. Nossos sentimentos est�o com o Quilombo Pitanga dos Palmares, com suas amigas e amigos, e com sua fam�lia, da qual fazemos parte enquanto quilombolas. Sua aus�ncia ser� profundamente sentida", afirmou o comunicado.
O assassinato de Bernadete Pac�fico n�o � um caso isolado. Segundo a Conaq, ao menos 30 l�deres quilombolas foram mortos nos �ltimos dez anos. Os casos est�o relacionados, de acordo com a entidade, � disputa fundi�ria e continuam sem solu��o. Bahia (11), Maranh�o (8) e Par� (4) s�o os estados com mais registros.
O pronunciamento da Conaq tamb�m lembra que o filho de M�e Bernadete, Fl�vio Gabriel Pac�fico dos Santos (Binho do Quilombo), foi executado seis anos atr�s. "O assassinato de Binho, como o de tantas outras lideran�as quilombolas, continua sem resposta e sem justi�a. Junta-se � injusti�a mais uma v�tima da viol�ncia enfrentada por aqueles que ousam levantar suas vozes na defesa dos nossos direitos ancestrais", comentou a nota.
"M�e Bernadete, agora silenciada, era uma luz brilhante na luta contra a discrimina��o, o racismo e a marginaliza��o. Atuava na linha de frente para solucionar o caso do assassinato do seu filho Binho e bravamente enfrentou todas adversidades que uma m�e preta pode enfrentar na busca por justi�a e na defesa da mem�ria e da dignidade de seu filho. Nessa luta, com coragem, desafiou o sistema e, como tantas mulheres, colocou seu corpo e sua voz na defesa de uma causa com a qual tinha um compromisso inabal�vel. Sua voz ressoava n�o apenas nas reuni�es e eventos, mas tamb�m nos cora��es daqueles que acreditavam na mudan�a", emenda a Conaq.
Medidas imediatas A Conaq tamb�m exigiu medidas "imediatas" do estado brasileiro para investigar a morte de Maria Bernadete e garantir a prote��o de lideran�as quilombolas.
"Que os respons�veis pelos crimes que t�m vitimado as lideran�as desse Quilombo sejam devidamente responsabilizados. � crucial que a justi�a seja feita, que a verdade seja conhecida e que os autores sejam punidos. Queremos justi�a para honrar a mem�ria de nossa lideran�a perdida, mas tamb�m para que possamos afirmar que, no Brasil, atos de viol�ncia contra quilombolas n�o ser�o tolerados", demandou.
Ministra do STF cobra provid�ncias
A l�der quilombola Bernadete Pac�fico chegou a denunciar as viol�ncias e amea�as contra o povo tradicional, em encontro com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, em julho deste ano. Bernadete lutava por justi�a pela morte do filho Fl�vio Gabriel dos Santos, assassinado em 2017.
Segundo informa��es do Minist�rio da Igualdade Racial, o terreiro de M�e Bernadete, localizado em Sim�es Filho (BA), foi invadido por dois criminosos com capacetes. Antes de executar a l�der, os homens fizeram os familiares ref�ns.
Em nota, a ministra Rosa Weber lamentou a morte de Bernadete. "M�e Bernardete, que me falou pessoalmente sobre a viol�ncia a que os quilombolas est�o expostos e revelou a dor de perder seu filho com 14 tiros dentro da comunidade, foi morta em circunst�ncias ainda inexplicadas", afirmou a presidente do STF.
Rosa Weber cobra provid�ncias das autoridades locais e o devido processo de repara��o ao povo tradicional. "� absolutamente estarrecedor que os quilombolas, cujos antepassados lutaram com todas as for�as e perderam as vidas para fugir da escravid�o, ainda hoje vivam em situa��o de extrema vulnerabilidade em suas terras. Assim como � direito de todos os brasileiros, os quilombolas precisam viver em paz e ter seus direitos individuais respeitados", diz a nota.
Al�m de l�der de quilombo, Bernadete era ialorix� e coordenadora da Coordena��o Nacional de Articula��o de Quilombos (Conaq), al�m de ter ocupado o cargo de secret�ria de Pol�ticas de Promo��o da Igualdade Racial na cidade de Sim�es Filho, em 2009.
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