
Julianna Valen�a, especial para o Correio Braziliense
A Federa��o Israelita do Estado do Rio de Janeiro (Fierj) registrou 87 relatos de crime de racismo e xenofobia contra a comunidade judaica entre os dias 7 e 18 de outubro. Segundo a organiza��o, as manifesta��es antissemitas passaram a ocorrer com maior intensidade depois que os terroristas do grupo fundamentalista isl�mico Hamas atacaram Israel, em 7 de outubro.
Os relatos chegam por meio do canal de den�ncias do Departamento de Seguran�a da entidade e se referem, em sua maioria, a crimes cibern�ticos. Antes do m�s de outubro, a m�dia de casos de antissemitismo reportados � Fierj era de 3,5 por m�s.
Na segunda-feira, um dia ap�s a passeata a favor de Israel, realizada em Copacabana, no Rio, foi encontrado, na Pra�a Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, um cartaz com os dizeres "judeu c�ncer do mundo". A Subprefeitura da Zona Sul da capital fluminense condenou a pr�tica de racismo religioso e afirmou que foi at� o local para a retirada do impresso. A administra��o caracterizou a pr�tica como "falta de bom senso e de respeito" e busca, nas imagens das c�meras de seguran�a pr�ximas, identificar e punir os respons�veis.
As ofensas contra judeus caracterizam crime de racismo, segundo a Lei 7.716/89 — "praticar, induzir ou incitar a discrimina��o ou preconceito de ra�a, cor, etnia, religi�o ou proced�ncia nacional". Crimes que envolvam s�mbolos ligados ao nazismo t�m pena agravada e podem chegar a at� cinco anos de pris�o.
Ricardo Berkiensztat, presidente executivo da Federa��o Israelita do Estado de S�o Paulo, afirma que as demonstra��es de antissemitismo se tornaram frequentes. A entidade tamb�m tem recebido relatos de ataques de intoler�ncia religiosa nas redes sociais.
"Recebemos den�ncias muito fortes de ataques nas m�dias sociais, como em coment�rios de publica��es. Temos levado isso �s autoridades p�blicas por meio dos nossos advogados", destaca.
Ainda segundo Berkiensztat, os casos de racismo contra judeus ficaram mais intensos nos �ltimos anos. Agora, a comunidade teme que se agrave por conta do conflito entre Israel e o Hamas. "Com a guerra, vemos aflorar o antissemitismo adormecido. Nas redes, pessoas publicam coisas do tipo: (Adolf) Hitler falhou. Isso � preocupante para n�s", lamentou.
Holocausto
Na II Guerra Mundial, o regime nazista assassinou cerca de 6 milh�es de judeus em campos de concentra��o espalhados pela Europa. Os centros da morte eram administrados pelas tropas regulares das SS — mil�cia paramilitar ligada ao regime hitlerista chefiada por Heinrich Himmler —, que contaram com soldados de v�rias nacionalidades, como h�ngaros, ucranianos, bielorrussos, croatas e cidad�os dos pa�ses b�lticos.
A decis�o pelo exterm�nio de judeus — chamada de "solu��o final" — foi tomada na Confer�ncia de Wannsee, localidade anexa a Berlim, em 20 de janeiro de 1942. Da reuni�o participaram, entre outros, Adolf Eichmann (preso na Argentina para julgamento em Israel, e morto em 1962) e Reinhard Heydrich (que se tornou, com a guerra, governador da ent�o Tchecoslov�quia, sendo assassinado pela resist�ncia em junho 1942). (Colaborou Fabio Grecchi)