
S�o Paulo – Um adolescente de 16 anos matou uma aluna e feriu duas, na manh� de ontem, na Escola Estadual Sapopemba, no Jardim Sapopemba, Zona Leste de S�o Paulo, na manh� de ontem. Estudante do 1º ano do ensino m�dio do col�gio, ele era v�tima de bullying de colegas. Uma c�mera de seguran�a registrou o momento em que ele entra em uma sala cheia de alunos e atira. Giovanna Bezerra, de 17, morreu com um tiro na cabe�a. As duas feridas foram levadas para o pronto-socorro do Hospital Sapopemba – uma j� recebeu alta. Um terceiro estudante, que se feriu ao fugir, tamb�m foi socorrido e j� foi liberado. O agressor se entregou � pol�cia.
Um aluno do 2º ano disse � reportagem que o atirador era conhecido por todos da escola e que era constantemente humilhado por ser gay e ter um estilo diferente. J�ssica Mattos, m�e de uma estudante da escola, contou que adolescente era constantemente alvo de humilha��es e agress�es: “Ele era alvo de bullying. Tem um v�deo que mostra ele sendo agredido fora da escola, que era usado para humilh�-lo”. A filha de J�ssica estava na escola no momento do ataque e revelou que os estudantes se esconderam nas salas, trancaram as portas e colocaram cadeiras para evitar que o atirador entrasse. “Eles ficaram escondidos dentro das salas at� que uma funcion�ria apareceu para orient�-los a sair da escola”, informou.
Um v�deo gravado dentro de uma sala de aula mostra o adolescente sendo agredido por duas meninas. Ele leva v�rios tapas no rosto e pux�es de cabelo e revida as agress�es, puxando as meninas pelos cabelos e as empurrando. Segundo alunos da escola, o v�deo teria sido gravado h� cerca de tr�s meses. Ainda de acordo com estudantes, as alunas envolvidas n�o foram feridas no ataque de ontem. Outro aluno contou que o atirador se envolvia constantemente em brigas dentro e fora da escola. O motivo seriam provoca��es que ele fazia a colegas nas redes sociais e bullying relacionado � sua orienta��o sexual.
Em entrevista coletiva, o secret�rio da Educa��o, Renato Feder, disse que o atirador n�o era identificado pela escola como agressor e n�o foi atendido por psic�logas. Segundo ele, o adolescente participou de uma briga, em junho, que motivou a chamada dos pais para a escola. A escola come�ou a ser atendida em agosto por uma psic�loga, mas o aluno atirador n�o chegou a ser encaminhado para atendimento.
O advogado Antonio Edio, que representa o atirador, disse que ele praticou o crime na tentativa de resolver o bullying e a homofobia que sofria. O jovem foi detido pela PM e levado para o 70º DP (Sapopemba). “Ele me narrou que, j� n�o aguentando mais essa situa��o de homofobia que sofria na escola, resolveu pegar uma arma de fogo [rev�lver calibre 38] que estava na casa do pai dele, arma que pegou escondido, sem a ci�ncia do pai, e veio para a casa da m�e, sem que a m�e tivesse conhecimento. Cedo foi para a escola e resolveu fazer isso”, disse o advogado.
Segundo Edio, o adolescente sofria bullying por ser homossexual, e as agress�es teriam aumentado a partir do momento em que o adolescente come�ou a usar roupas femininas. O aluno contou ainda que n�o tinha inten��o de atirar na aluna que morreu, j� que ela n�o participava das agress�es contra ele. O advogado informou tamb�m que em abril a m�e do atirador registrou boletim de ocorr�ncia sobre as agress�es sofridas. “A m�e registrou boletim de ocorr�ncia dessa homofobia. Levou ao conhecimento da escola, mas a �nica coisa que a escola fez foi dizer para a m�e trocar [o filho] de escola", disse o advogado.
A investiga��o da Pol�cia Civil trabalha com a hip�tese de que mais pessoas tenham participado indiretamente do ataque � escola. De acordo com um policial que atua no caso, outras quatro pessoas podem ter atuado de alguma forma no ataque, al�m do aluno de 16 anos. O atirador estava em um grupo do Discord, plataforma de mensagens popular entre jovens e jogadores de videogames que est� envolvida em v�rias den�ncias contra grupos que promovem conte�do de �dio e incita��o a assassinatos.
GOVERNO
O governador de S�o Paulo, Tarc�sio de Freitas (Republicanos), reconheceu que o governo falhou no ataque a tiros dentro da escola. Ele disse que seu sentimento diante do caso � de frustra��o, incapacidade e impot�ncia. Afirmou ainda que ser� necess�rio aumentar os meios de preven��o de ataques armados a escolas, apesar de j� ter anunciado provid�ncias desde mar�o, quando uma professora morreu com golpes de facada na escola estadual Thomazia Montoro, na Zona Oeste da cidade.
Ele ressaltou que a unidade em Sapopemba contava com ronda escolar e atendimento com uma psic�loga. “� um momento de a gente fazer uma profunda reflex�o sobre a efetividade daquilo que a gente t�m colocado em pr�tica desde a ocorr�ncia em mar�o, no Thomazia [Montoro], l� na Vila S�nia, e infelizmente a gente se depara de novo com essa situa��o”, disse Tarc�sio.
Ele e o secret�rio de Educa��o, Renato Feder, disseram que pretendem contratar mais psic�logos para atendimentos na rede de ensino. Eles n�o disseram quantos profissionais seriam contratados nem em quanto tempo. Hoje s�o 550 psic�logos que atendem alunos na capital paulista. Cada um atende, em m�dia, dez escolas diferentes com a op��o de ficar um turno ou o dia inteiro em uma escola.
O governador disse que, na unidade em Sapopemba, haviam sido feitos 15 atendimentos nos �ltimos meses. Ele tamb�m disse que 175 tentativas de ataques foram evitadas com sucesso pela pol�cia desde mar�o.
