A m�xima “acrescentar mais vida aos seus dias e n�o s� mais dias � sua vida” ilustra bem a proposta dos cuidados paliativos. Essa abordagem de assist�ncia busca oferecer cuidado humanizado e amplo para pessoas portadoras de doen�as graves e amea�adoras da vida. Essa pr�tica, mundialmente consolidada e oferecida como pilar de qualidade, teve sua import�ncia reconhecida e legitimada pelo Minist�rio da Sa�de, por meio de resolu��o da Comiss�o Intergestores Tripartite (CIT), publicada no Di�rio Oficial da Uni�o em novembro. O documento pontua a necessidade da ado��o dos cuidados paliativos (CPs) no Sistema �nico de Sa�de (SUS) e tra�a diretrizes para o desenvolvimento da �rea nos tr�s n�veis de decis�o: municipal, estadual e federal.
Na sa�de suplementar, ainda n�o h� regulamenta��o oficial para a �rea de atua��o, apesar de j� ser dispon�vel em alguns cen�rios do setor privado. No entanto, segundo estudo publicado pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), a oferta de cuidado paliativo no pa�s ainda � insuficiente para atender � crescente demanda. Para melhorar esse cen�rio � preciso investir na forma��o de profissionais de sa�de para que sejam capazes de lidar com o sofrimento dos pacientes e que busquem prioritariamente a melhoria da sua qualidade de vida.
O profissional paliativista precisa de qualifica��o t�cnica e conhecimentos espec�ficos, tem que ter empatia, ter disponibilidade para acompanhar – com dedica��o e comprometimento – paciente e fam�lia durante a trajet�ria da doen�a, ser catalisador de a��es que possibilitem a ressignifica��o da vida, atuando em equipe multidisciplinar, pautado por humanidade e compaix�o. A fun��o � complexa e exige treinamento aprofundado.
� fundamental ter habilidade para se comunicar de forma clara e sens�vel diante de circunst�ncias altamente estressantes e dif�ceis, sabendo manejar eventuais conflitos e facilitando a tomada de decis�es relativas ao fim de vida. Al�m disso, os pacientes enfrentam n�o s� a dor f�sica e as limita��es impostas pela doen�a, mas tamb�m problemas psicol�gicos, espirituais e sociais. Por isso, os cuidados paliativos s�o de responsabilidade n�o apenas do m�dico paliativista e precisam envolver enfermeiros, psic�logos, nutricionistas, fonoaudi�logos, fisioterapeutas, dentistas, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais, dentre outros.
Os profissionais paliativistas t�m seu foco no al�vio de sintomas desconfort�veis e no m�ximo bem-estar poss�vel. O objetivo � zelar pela dignidade do indiv�duo que se encontra vulner�vel pela doen�a, com respeito � sua autonomia. As prioridades s�o definidas pelos pacientes, de acordo com suas cren�as e valores pessoais, e as decis�es s�o compartilhadas de modo honesto e claro. Na vis�o do m�dico espanhol Marcos G�mez Sancho, “os paliativistas s�o os obstetras da alma”. � cada vez maior o n�mero de profissionais de sa�de interessados no tema.
Cuidado paliativo � sin�nimo de al�vio do sofrimento, tanto do paciente quanto da fam�lia, que se estende aos amigos pr�ximos. Esse cuidado � necess�rio, urgente e imprescind�vel para todos aqueles que vivem com doen�as cr�nicas e debilitantes. Durante todo o percurso, at� o fim.
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A arte dos cuidados paliativos
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