O Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) divulgou ontem que a produ��o industrial brasileira registrou alta de 0,1% em novembro, na compara��o com outubro. Em rela��o a novembro de 2017, houve queda de 0,9%. Mesmo fraco, o resultado interrompe quatro meses consecutivos de retra��o e, combinado a outros indicadores, pode representar um novo suspiro da economia brasileira, que se encontra h� anos em uma esp�cie de UTI.
A verdade � que a posse do novo governo parece trazer esperan�a ao setor produtivo, impulsionada pelas promessas do time do ministro da Economia, Paulo Guedes. A pesquisa Focus mais recente, realizada pelo Banco Central, mostra que a expectativa dos economistas � de que a ind�stria tenha terminado 2018 com crescimento de 1,91%, e acelere para 3,04% em 2019.
A greve dos caminhoneiros, no primeiro semestre, e a crise nas exporta��es brasileiras, sobretudo para a Argentina, frearam o ritmo j� fr�gil do crescimento, sobretudo diante das incertezas que acompanharam o per�odo eleitoral. Mas o fim do ano trouxe, sen�o otimismo, uma pausa no desalento.
A confian�a do consumidor chegou a dezembro no ponto m�ximo em quatro anos e oito meses (93,8 pontos), segundo dados da Funda��o Getulio Vargas (FGV). Com infla��o sob controle e taxas de juros est�veis, � poss�vel dizer que o presidente Jair Bolsonaro come�a seu governo em cen�rio relativamente favor�vel, diferentemente do que ocorreu com Dilma Rousseff em 2014. A sensa��o do mercado �, claramente, de que o pior ficou no passado e prova disso � o comportamento da Bolsa de Valores de S�o Paulo (Bovespa), que abriu o ano com cinco altas consecutivas.
Apesar da urg�ncia do setor produtivo e da euforia dos mercados especulativos, no entanto, � do emprego que depende a retomada. N�o h� produ��o que se sustente sem consumo e � a� que surge, cru e inc�modo, o principal desafio do novo governo. Enquanto 12,2 milh�es de pessoas buscam trabalho e renda no pa�s, n�o h� como garantir � ind�stria e ao varejo o espa�o para a sonhada arrancada. No fim das contas, � o dinheiro dos pobres – gigante em volume, sobretudo no Brasil – que provoca as boas ondas em que o setor produtivo sonha surfar.
O sal�rio m�nimo, antes de R$ 954, passou a R$ 998 em janeiro. Abaixo dos R$ 1.006 aprovados pelo Congresso, ainda assim manteve ganho real, mas a t�nue alta em seu poder de compra pode ser derretida pela infla��o j� nos primeiros meses de 2019. Isso significa que, para imprimir ritmo � retomada, s�o necess�rias medidas que incentivem o emprego, a gera��o de renda e a oferta de cr�dito. � nesse sentido que a equipe econ�mica deve afinar seu discurso e, o quanto antes, anunciar a��es.
