A educa��o a dist�ncia (EAD) cresce a passos largos no Brasil. Em 2004, havia 60 mil estudantes matriculados nessa modalidade de ensino. Em 2016, disparou, atingindo um total de 1,5 milh�o de matriculados. Mesmo com a crise pol�tica e econ�mica dos �ltimos anos, dados da Associa��o Brasileira de Educa��o a Dist�ncia (Abed) mostram que a modalidade a dist�ncia foi a �nica que apresentou crescimento de matr�culas no Brasil e, hoje, s�o 1,8 milh�o de alunos. O n�mero de polos cresceu ainda mais: do final de 2017 para c�, passou de seis mil para mais de 15 mil em todo o Brasil.
A expans�o n�o s� possibilita uma moderniza��o e flexibiliza��o do ensino, como levar a educa��o a um maior n�mero de pessoas em diversas regi�es do pa�s. Esse crescimento no n�mero de alunos de EAD no ensino superior tem forte poder de transforma��o social, pois envolve pessoas que, dificilmente, poderiam cursar o ensino superior presencial. Al�m disso, por alcan�ar com mais facilidade diferentes regi�es do pa�s, oferece a oportunidade de qualifica��o para uma popula��o que vive em cidades menores, o que por si s� � muito importante, pois favorece um desenvolvimento mais homog�neo do pa�s.
Por�m, analisar apenas o crescimento dos n�meros do EAD n�o � suficiente. In�meros estudos mostram que a educa��o superior a dist�ncia, apesar de ter grande potencial de oferta, s� � ben�fica se tiver qualidade. A maioria dos pa�ses tem procedimentos de acredita��o acoplados a indicadores de qualidade, de maneira geral controlados pelos minist�rios da Educa��o ou ag�ncias ligadas ao poder p�blico, tais como o Chea dos Estados Unidos, o Acode da Austr�lia, o esfor�o do Instituto Latinoamericano y del Caribe de Calidad en Educaci�n Superior a Distancia (Caled), e a European Association of Distance Teaching Universities (Eatu). Por�m, enquanto as inova��es educacionais viajam a jato, os procedimentos regulat�rios do EAD andam a p�.
Direito, enfermagem, odontologia e psicologia a dist�ncia, inclusive em institui��es credenciadas, dependem da manifesta��o do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB) ou do Conselho Nacional de Sa�de (CNS), e eles s�o contr�rios. Ora, n�o � poss�vel ser habilitado a exercer profiss�es t�o complexas sem a pr�tica e a troca de experi�ncias em sala de aula.
Para isso existe o ensino h�brido, que re�ne o melhor dos dois mundos: a praticidade, capilaridade e economia de tempo e dinheiro do EAD, com a interatividade, conviv�ncia e experi�ncia do presencial. Assim, a��es de aprendizagem mais b�sicas, realizadas por meio transmiss�o de conhecimento pelo professor, como lembrar e entender, podem ser realizadas individualmente pelos alunos por meio dos conte�dos did�ticos disponibilizados no ambiente virtual de aprendizagem. J� as a��es de aprendizagem tidas como intermedi�rias, como aplicar e analisar, podem ocorrer em situa��es pr�ticas com atividades ativas, an�lise de cen�rios e situa��es, f�runs de discuss�es e intera��o, que podem ser presencial ou virtual.
Por outro lado, a��es de aprendizagem mais complexas e elaboradas, como avaliar e criar, devem ser desenvolvidas em aulas presenciais, em que professores prop�em atividades que demandam n�veis mais elevados de a��es cognitivas. Essas aulas s�o fundamentais para que os alunos desenvolvam a capacidade de analisar, criticar, planejar e produzir.
Em suma, a educa��o h�brida – ou semipresencial, como chamamos no Brasil – precisa n�o apenas de tecnologia, mas de recursos pedag�gicos eficazes e projetos de aula bem-estruturados para que o estudante aproveite 100% do aprendizado. No Brasil, o h�brido j� � realidade – e o crescimento n�o deve parar nos pr�ximos anos. Por isso, a fiscaliza��o da qualidade desses cursos deve ser feita n�o apenas pelos �rg�os de classe, mas por todos n�s, se quisermos evoluir.
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Educa��o a dist�ncia: sim ou n�o?
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