Walber Gon�alves de Souza
Professor e escritor
Estranho pensar em limite para a liberdade, pois s�o duas situa��es aparentemente antag�nicas, porque o limite � justamente aquele ponto que marca, ou deveria marcar, o fim da liberdade.
Existem dois ditados populares que demonstram esse contexto de limite da liberdade. Um deles � at� b�blico, que assim diz: "Tudo posso, mas nem tudo me conv�m", portanto, somos livres para fazer o que quisermos, mas ser� que devemos?. J� o outro, assim diz: "A minha liberdade termina quando come�a a do outro". O dif�cil � perceber o momento t�nue do encontro do fim de uma para o in�cio da outra. Para perceber tal momento tem que haver bom senso.
De tudo isso, o que importa pensar �: ser� que existe ou deveria existir limite para a liberdade? Ser� que somos e devemos ser livres para fazer o que quisermos? Ser� que realmente devemos colocar em pr�tica tudo aquilo que nos vem � cabe�a?.
Viver em sociedade � justamente tentar encontrar caminhos que apontam respostas para esses questionamentos. O fil�sofo grego Arist�teles j� dizia que o ser humano � um animal pol�tico por excel�ncia e acrescentava que vivemos em sociedade por necessidade. Penso que ningu�m ousa questionar o pensador, pois o contr�rio representaria o nosso fim.
Mas voltando � quest�o da liberdade, vivemos uma era em que pensamos que podemos tudo, independentemente de qualquer coisa. Olhamos, primeiramente, nossos interesses pessoais, nossas vontades individuais, e muito pouco estamos pensando no coletivo. E o certo � que n�o h� sociedade que resista a tais atitudes ego�stas. Agindo assim, acabamos, de certo modo, contribuindo para o nosso pr�prio fim como sociedade.
E o que n�o faltam s�o exemplos que justificam tais atitudes e pensamentos. S� para exemplificar, olha a que ponto estamos chegando no futebol. Nossos est�dios est�o, paulatinamente, restringindo a participa��o das torcidas opostas, com o �nico objetivo de evitar confus�es. Agora, pense em quantos exemplos ter�amos na pol�tica, na religi�o, nos condom�nios, nas escolas, nos bairros etc.
Se tudo na vida h� um equil�brio, com as nossas vontades e paix�es n�o podem ser diferentes. Pois elas alimentam nossa sede por liberdade. Viver em sociedade nos provoca a todo instante a domar nossos instintos, a perceber o outro e a rever nossas posturas.
Se n�o tivermos coragem e vontade de frear nossos desejos, acreditaremos que tudo podemos e que tudo nos conv�m; se n�o tivermos a sensatez e sensibilidade para com o outro nunca conseguiremos ver e perceber quando finda a liberdade pessoal e come�a a do outro.
Este � o grande segredo da vida em sociedade: buscar, a todo instante, combater o bom combate, que � sempre a luta conosco mesmos. Pois, como afirmava Arist�teles, "o homem livre � senhor de sua vontade e somente escravo de sua pr�pria consci�ncia".