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Huxley e o controle nas redes sociais


postado em 27/11/2019 04:00


Ricardo Ruthes
Coordenador do Programa de Inicia��o Cient�fica e do Grupo de Pesquisa do Isae Escola de Neg�cios 

Na d�cada de 1930, o mundo passava por um momento ca�tico em alguns aspectos. A Primeira Guerra Mundial tinha acabado h� pouco mais de 10 anos e o planeta j� se preparava para a Segunda Guerra Mundial, que come�ou em 1939. A Alemanha se recuperava da crise, enquanto Hitler ascendia ao poder e os Estados Unidos se recuperavam da pior recess�o econ�mica vivida em sua hist�ria. 

Neste meio tempo, o mundo foi presenteado a uma das maiores distopias da hist�ria da literatura, a obra Admir�vel mundo novo, de Adous Huxley, publicada em 1932. No romance, somos apresentados a um futuro vivenciado no ano 2540, ou ano 632 depois de Ford, segundo o texto, no qual a civiliza��o experimenta a era da supremacia da ci�ncia, onde o prazer e a felicidade s�o a promessa de um governo centralizador. Para garantir esse fim, o governo divide a sociedade em castas definidas biologicamente, antes do nascimento, onde cada indiv�duo � condicionado por est�mulos, denominado pelo autor como hipnopedia, a agir de uma determinada forma e, assim, assumir seu papel social predefinido pelo sistema.

Exatos 42 anos ap�s a publica��o da obra de Huxley, o psic�logo Skinner publicou o texto Sobre o behaviorismo, no qual s�o apresentados os mecanismos pelos quais � poss�vel cultivar, manipular e controlar comportamentos no ser humano. Segundo ele, isso � poss�vel por meio de est�mulos positivos e negativos, na qual um dado comportamento, que receba est�mulos refor�adores, tender� a se repetir mais vezes. Esses estudos demonstram como a distopia de Huxley, um dia, poderia constituir-se na pr�tica.

J� em 2004, 30 anos ap�s o a publica��o da obra de Skinner e 72 ap�s a publica��o de Admir�vel mundo novo, Mark Zuckerberg lan�a o Facebook, rede social que tem por finalidade unir pessoas e permitir a dissemina��o de informa��es. Esse servi�o se caracteriza por seu pioneirismo e inova��o ao explorar a curiosidade humana e o desejo de exposi��o, na qual pessoas apresentam ao p�blico facetas de suas vidas e, em troca, recebem feedbacks instant�neos, em forma de curtidas e coment�rios, que operam como refor�adores desses comportamentos.

O pesquisador norte-americano Jaron Lanier, autor de Dez argumentos para voc� deletar suas redes sociais agora  e Gadget: voc� n�o � um aplicativo, destaca que a inova��o de Zuckerberg tem, devido a este alto fluxo de feedbacks refor�adores de comportamento, uma forte capacidade de manipular seus usu�rios, levando-os a esbo�ar dados comportamentos pr�-selecionados, tais quais: apoiar dado candidato em elei��es, impulsionar dadas atitudes e comprar dados produtos.

Para entender como este fluxo de feedback pode modificar o comportamento humano, podemos pensar no exemplo: um dado usu�rio publica em sua rede social uma foto; outros usu�rios visualizam a imagem e emitem um feedback atrav�s de curtidas e coment�rios; o usu�rio que recebe o feedback sente-se bem com  isso, fazendo com que ele tenha a tend�ncia de postar mais vezes, t�o logo o algoritmo (sistema) que opera a rede social passa a ter a capacidade de influenciar diretamente a a��o do usu�rio.

Se todos os usu�rios do Facebook fossem pessoas reais, talvez n�o ter�amos problemas com a manipula��o do comportamento, mas uma parte consider�vel das redes � dominada por rob�s, que emitem feedbacks e compartilham informa��es com a finalidade de moldar comportamentos, tal qual ficou evidente no caso da Cambridge Analytica e as elei��es nos EUA em 2018. A pergunta que fica �: ser� que a distopia de Huxley est� t�o distante de nossos dias? Ser� o controle do comportamento humano um caminho para alcan�armos o bem-estar? Ser� que Huxley est� no Facebook?



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