Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Valorizar a comunica��o � fundamental na miss�o evangelizadora da Igreja Cat�lica. Isto n�o significa investir em um empreendimento privado, menos ainda constituir um neg�cio rent�vel. Essa valoriza��o deve sempre reger-se no horizonte evangelizador que norteia o caminho mission�rio da Igreja, o que inclui balizar conte�dos e pr�ticas comunicacionais a partir de princ�pios inegoci�veis. Assim, a Igreja, a partir da comunica��o, anuncia o reino de Deus e, pela for�a desse an�ncio, transforma vidas, ajudando na constru��o de sociedades justas e solid�rias.
O envolvimento de diferentes atores no processo comunicacional das m�dias cat�licas, com as suas especificidades, nuances e imposta��es, n�o pode dispensar o alinhamento doutrinal com a Igreja e, consequentemente, o compromisso com a evangeliza��o. A Igreja Cat�lica � detentora de um horizonte que vem da inspira��o de suas tradi��es, valores, experi�ncias, documentos e, especialmente, da palavra de Deus. Isto significa dizer que n�o s�o permitidas superficialidades ou invencionices na comunica��o da Igreja que possam desfigurar a beleza e a inteireza da f� crist� cat�lica. Arriscados personalismos, alimentados por desvios religiosos nefastos, merecem adequado tratamento. O importante servi�o da comunica��o cat�lica enfrenta desafios que s�o pr�prios do atual contexto social e pol�tico. Um contexto sociopol�tico contaminado pelas disputas de poder, busca pela efetiva��o de dom�nios e ac�mulo de dinheiro.
� sabido que manter servi�os de comunica��o custa caro, exige investimento permanente em profissionais e no cont�nuo avan�o tecnol�gico. O aspecto econ�mico imp�e alguns revezes, mas a comunica��o cat�lica n�o pode afastar-se do compromisso de anunciar a boa nova. Deve oferecer significativa e qualificada presta��o de servi�os que gravitam ao redor dos pilares da evangeliza��o, da cultura e da educa��o. A fonte inesgot�vel de conte�do para a comunica��o cat�lica � o evangelho de Jesus Cristo, firmando o hist�rico compromisso da Igreja de ajudar a tecer a cultura da vida e da paz.
A comunica��o na Igreja deve, pois, cultivar a convic��o de que o evangelho � o bem mais precioso a ser oferecido � humanidade, que carece de rumos novos capazes de lev�-la � cura de suas feridas, � supera��o de seus estrangulamentos. Trata-se de enorme desafio, que inclui a diversifica��o em rede dos muitos modos de se fazer comunica��o e a necessidade de revestir os processos comunicativos com uma for�a incidente nas din�micas sociais. A Igreja Cat�lica, para se fortalecer a partir da comunica��o, deve, cada vez mais, voltar-se aos princ�pios que norteiam a sua identidade e miss�o.
A comunh�o, que faz parte da vida da Igreja, � for�a com propriedade de amalgamar as diferen�as, tornando-as uma grande riqueza, com elementos que corrigem descompassos e iluminam caminhos. A comunh�o leva a novos passos corretivos que consolidam a comunica��o cat�lica como um bem indispens�vel e diferenciado para a vida social. A relev�ncia da comunica��o cat�lica para a transforma��o da sociedade � que motiva crist�os cat�licos a apoiarem diferentes iniciativas da Igreja no campo comunicacional. Tudo para que n�o se cale a voz do evangelho de Jesus Cristo em uma sociedade de vozes dissonantes e comprometedoras.
A presen�a da Igreja, de modo mais efetivo, nos meios de comunica��o, vem das l�cidas indica��es do Conc�lio Vaticano II, em 1965. J� h� 54 anos � promovido o Dia Mundial da Comunica��o Social, para reafirmar a import�ncia de diferentes pr�ticas comunicativas no contexto da Igreja - das que exigem maior mobiliza��o tecnol�gica e operacional �s realizadas em �mbito mais comunit�rio, nas pastorais de comunica��o. Trata-se de uma ampla rede a servi�o da evangeliza��o e, consequentemente, da edifica��o de uma cultura da paz. A Igreja Cat�lica, com seus meios de comunica��o - televisivos, radiof�nicos, impressos, digitais, em redes - interage com os muitos fluxos relacionais da sociedade. Enfrenta batalhas, interesses e at� mesmo embates desiguais.
A Igreja enfrenta essa luta valendo-se de plataformas e mecanismos que ecoam a f� crist�. Um caminho desafiador que n�o pode ser trilhado isoladamente, compreendendo a comunica��o cat�lica como neg�cio particular, sob pena de se perder rumos, fazer escolhas equivocadas e, at� por desespero, propor o que n�o condiz com as li��es de Jesus Cristo. A Igreja Cat�lica tem par�metros e mesas de di�logo para fomentar a indispens�vel comunh�o. Uma uni�o cotidianamente renovada que faz o servi�o evangelizador no �mbito da comunica��o ganhar cada vez mais qualidade. A realidade atual, seus embates e at� mesmo equ�vocos apontam li��es nesse contexto que precisam ser aprendidas, para novas configura��es estrat�gicas. Cora��es se abram e, com a dedica��o de todos, avance, sempre mais, o servi�o indispens�vel da comunica��o na Igreja.