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Mais op��es para tratar o AVC

A trombectomia mec�nica reduz as taxas de mortalidade, o tempo de interna��o e d� mais chances para a boa recupera��o no p�s-AVC


12/12/2020 04:00

Sheila Martins
M�dica neurologista, presidente eleita da World Stroke 
Organization (WSO), organiza��o internacional que busca 
reduzir o impacto global do AVC, e da Rede Brasil AVC, al�m 
de coordenadora do estudo Resilient
 
incorpora��o de novos tratamentos no sistema p�blico de sa�de � um desafio para qualquer governo, independentemente de o cen�rio econ�mico ser favor�vel ou n�o. Estamos falando de um processo complexo que envolve interesses diversos e antag�nicos, mas cujo principal foco n�o deve ser negligenciado: a prioriza��o das necessidades de sa�de do paciente. At� que esteja dispon�vel aos mais de 100 milh�es de brasileiros atendidos pelo Sistema �nico de Sa�de (SUS), h� muitas etapas para que uma te- rapia seja aprovada. Em suma, s�o necess�rias a comprova��o da seguran�a e efic�cia do tratamento por meio de estudos cl�nicos de relev�ncia, e a apresenta��o de evid�ncias pr�ticas e objetivas sobre a viabilidade do seu custo/benef�cio.
 
No momento, nosso desafio � que seja disponibilizada uma nova terapia para o acidente vascular cerebral (AVC). Seu processo de incorpora��o junto � Comiss�o Nacional de Incorpora��o de Novas Tecnologias (Conitec), �rg�o de assessoramento do Minist�rio da Sa�de, est� em andamento. J� recebeu aprecia��o positiva em sua apresenta��o e conquistou mais uma etapa: est� em consulta p�blica. Mas ainda temos muito a percorrer para modificar o cen�rio desse alarmante problema de sa�de p�blica mundial. Tamb�m conhecido popularmente como derrame, o AVC � uma das principais causas de morte e de incapacita��o. A cada ano, 13,5 milh�es de pessoas t�m um AVC no mundo, 5,5 milh�es morrem, e 26 milh�es vivem com incapacidade permanente. J� o Brasil registra 400 mil casos da doen�a por ano, com 100 mil mortes e mais de 170 mil interna��es no SUS, segundo o Minist�rio da Sa�de.
 
Existem dois tipos de AVC: o isqu�mico (AVCi) e o hemorr�gico (AVCh). O mais comum deles, cerca de 80% dos casos, � o AVCi, quando ocorre obstru��o dos vasos que levam o sangue ao c�rebro. Na vers�o hemorr�gica, menos incidente, h� um rompimento desses mesmos vasos. A terapia em fase de incorpora��o � a trombectomia mec�nica (TM), procedimento minimamente invasivo utilizado para tratar casos de AVCi agudo por oclus�o de um grande vaso. Na interven��o, � usado um cateter que leva um dispositivo endovascular, um stent, para remover o co�gulo do vaso sangu�neo ou um sistema de aspira��o.
 
J� aprovada nos Estados Unidos, pa�ses da Europa, Canad� e Austr�lia, al�m de chancelada por guidelines internacionais e sociedades m�dicas da �rea, a trombectomia mec�nica teve efic�cia e custo/benef�cio analisados por nove estudos cl�nicos. A t�cnica, no entanto, n�o havia tido at� ent�o a sua viabilidade de implementa��o evidenciada em um pa�s em desenvolvimento. Para atender a essa necessidade, surgiu o Resilient, estudo colaborativo da Rede Nacional de Pesquisa em AVC, com financiamento do Minist�rio da Sa�de, realizado em 12 hospitais p�blicos do pa�s com 221 pacientes. O nosso objetivo era atestar a redu��o do grau de incapacidade (sequelas) e o custo/efetividade de tratamentos para retirada de co�gulos do c�rebro em quadros graves de AVC.
 
O Resilient n�o apenas comprovou os benef�cios da tecnologia para a sa�de do paciente como mostrou a viabilidade financeira do procedimento no SUS, entre outros benef�cios. N�o h� d�vidas de que a incorpora��o da trombectomia mec�nica � fundamental para os brasileiros, j� que hoje os pacientes de AVC s� t�m o tratamento cl�nico medicamentoso (tromb�lise) dispon�vel na rede p�blica, op��o com baixa efic�cia em dissolver co�gulos de grandes art�rias oclu�das e uma janela terap�utica restrita, sendo eficaz at� 4,5 horas depois dos principais sintomas da doen�a. A trombectomia mec�nica � aplic�vel at� 8 horas do in�cio dos sinais do derrame e, segundo estudos internacionais e o brasileiro Resilient, quando comparada � terapia � base de medi- camentos mostra superioridade.
 
Estudos demonstram que a taxa de recanaliza��o, quando realizada a trombectomia mec�nica na oclus�o de grandes vasos, chega a 77% (Nogueira, 2018; Whiteley, 2017), significativamente mais eficiente que a tromb�lise endovenosa, com 11% (Tsivgoulis, 2018). Os pesquisadores tamb�m chegaram � conclus�o de que a TM proporciona melhor qualidade de vida ao paciente, aumentando a sua capacidade funcional (cognitiva e motora) e dando maior independ�ncia no p�s-AVC.
 
Estudos apontam, ainda, que 46% dos pacientes que foram submetidos a essa nova t�cnica se mostraram independentes ap�s tr�s meses de tratamento, contra apenas 26,5% do grupo que recebeu a tromb�lise endovenosa (Goyal, 2016). Em suma, a trombectomia mec�nica reduz as taxas de mortalidade, o tempo de interna��o e d� mais chances para a boa recupera��o no p�s-AVC.
 
Esses resultados nos ajudam a entender a import�ncia desta incorpora��o. Al�m de reduzir a mortalidade das v�timas de AVC isqu�mico, o procedimento interfere de forma positiva no quadro geral do paciente, fazendo com que ele se recupere melhor e mais cedo. Na pr�tica, isso significa redu��o de gastos p�blicos, na medida em que a t�cnica garante melhor progn�stico, tempo de interna��o reduzido, al�m de diminui��o de despesas com tratamentos complementares e menos custos para o SUS.
 
N�o podemos esquecer, por�m, de que j� somos beneficiados, mais do que isso, privilegiados, por ter o SUS, um dos poucos e maiores programas sociais do mundo, que garante o acesso universal � assist�ncia m�dica. O governo tamb�m faz campa- nhas importantes de conscientiza��o sobre o AVC. Apesar disso, precisamos, urgentemente, ampliar a oferta de tratamentos, que � hoje um dos principais gargalos, bem como expandir a rede de hospitais que s�o refer�ncia no tratamento do AVC.
 
N�o h� tempo a perder. Quando uma pessoa tem um acidente vascular cerebral, cerca de 1,9 milh�o de neur�nios morrem por minuto. A rapidez no atendimento e o tratamento adotado garantem que essa perda seja mitigada. Por isso, � importante que cada vez mais as pessoas estejam preparadas para reco- nhecer os sintomas da condi��o, como altera��o de for�a, vis�o e no equil�brio, tontura, dificuldade para falar ou compreender o outro, dor de cabe�a e n�usea. Mas temos que ir al�m. � preciso n�o s� reduzir o tempo entre o in�cio dos sintomas e a chegada do paciente ao servi�o de emerg�ncia, mas disponibilizar interven��es mais inovadoras. Adequadas para atender �s diferentes necessidades dos pacientes, elas podem representar um verdadeiro divisor de �guas no seu destino. 


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