O alerta vem do Fundo Monet�rio Internacional (FMI): o mundo ter� crescimento desigual neste ano e o ritmo do Produto Interno Bruto (PIB) ser� ditado pela velocidade da vacina��o contra a COVID-19. Apesar de o organismo multilateral ter elevado de 3,6% para 3,7% a estimativa de expans�o do Brasil neste ano, o resultado, se confirmado, ficar� bem aqu�m da m�dia mundial, entre 5,5% e 6%. O pa�s est� muito atrasado no processo de imuniza��o da popula��o e n�o h� perspectivas de melhora nesse quadro t�o cedo. Pelo contr�rio, especialistas j� falam em um poss�vel apag�o de vacinas.
Por decis�es equivocadas, em especial na �rea diplom�tica, o Brasil ficou dependente demais do insumo farmac�utico ativo (IFA) importado da China. Trata-se da mat�ria-prima fundamental para a produ��o de imunizantes. Como o pa�s asi�tico optou por acelerar a vacina��o de seus cidad�os, a venda de IFAs a seus parceiros comerciais foi reduzida drasticamente. Ou seja, o Instituto Butantan e a Fiocruz, que necessitam desses insumos, correm o risco de suspender a produ��o da CoronaVac e da Covishield, essa desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford. Portanto, o que est� ruim pode piorar. E os impactos econ�micos ser�o pesados.
O FMI faz outra ressalva em suas proje��es. O crescimento do PIB depender�, ainda, da capacidade dos governos de manterem os programas de ajuda financeira �s empresas e � popula��o. Nesse ponto, o Brasil tamb�m est� atr�s quando comparado, sobretudo, �s na��es mais desenvolvidas. O aux�lio emergencial, que teve papel fundamental para evitar uma contra��o maior da atividade econ�mica em 2020, demorou quatro meses para ser retomado, mesmo assim, em valores muito abaixo do necess�rio. J� os recursos para as empresas manterem os empregos e as m�quinas funcionando permanecem na promessa. N�o por acaso, todas as previs�es apontam para o aumento das demiss�es a partir de agora.
Ante esse quadro desanimador, � urgente que o governo se movimente para evitar um desastre maior do que o vivido atualmente. Basta que os respons�veis pelas pol�ticas econ�mica e de imuniza��o da popula��o se organizem para tirar as barreiras do caminho, sempre seguindo o que diz a ci�ncia, a despeito de as a��es adotadas contrariarem as posi��es do ocupante do Pal�cio do Planalto. Independentemente de o pa�s estar � beira do abismo, os donos do dinheiro deram um voto de confian�a ao Brasil ao despejar R$ 3,3 bilh�es no leil�o de 22 aeroportos realizado ontem. Foi um voto de confian�a e tanto.
O que n�o pode � o governo manter a letargia assustadora que transformou o pa�s numa bomba de transmiss�o do novo coronav�rus, que vem matando mais de 3 mil pessoas por dia e permitindo a prolifera��o de variantes cada vez mais poderosas. Ainda d� tempo de evitar o pior, pois, sim, apesar de tudo, o Brasil tem jeito. Contudo, as solu��es para os problemas precisam ser r�pidas. Insistir no caminho percorrido at� agora ser� um erro imperdo�vel, que ser� pago com o sofrimento de muitas gera��es. J� foram derramadas l�grimas demais.