Rog�rio Martins Maur�cio
Agr�nomo, professor Ph.D. da Universidade
Federal de S�o Jo�o del- Rei
Jos� Renato de Castro C�sar
Administrador, tecn�logo em ci�ncias agr�rias,
doutorando pelo Nupem/UFRJ
Infelizmente, o ensino agr�rio brasileiro sempre colocou a produ��o agropecu�ria dependente das pr�ticas de fertiliza��o qu�mica (NPK), um conceito difundido pela Revolu��o Verde (Norman Borlaug, 1940), especialmente nos pa�ses pobres. E continuamos atrasados. A crise atual nos leva a repensar o agroneg�cio e sua depend�ncia quanto ao uso de fertilizantes qu�micos. Sabemos que a sa�da sustentavel n�o vir� da explora��o dos recursos naturais esgot�veis, oriundos de jazidas minerais, montanhas e terras protegidas, mas sim pela Revolu��o da Biomassa.
O economista franco-polon�s Ignacy Sachs (EHESS) sugere que v�rios problemas mundiais podem ser resolvidos pela Revolu��o da Biomassa, que nada mais � que o uso racional e intenso dos materiais org�nicos nos processos produtivos dos biossistemas. Biomassa � alimento, � ra��o, � solo como sumidouro de carbono, � energia, e � combust�vel (n�o f�ssil). A biomassa � promotora da biodiversidade e do bem-estar animal e humano. A biomassa faz parte do cen�rio paisag�stico, como um componente essencial para a produ��o de �gua pura, sendo o principal componente dos sistemas agr�colas, florestais e sustent�culo da agroecologia, enquanto ci�ncia. A decomposi��o da biomassa gera nutrientes para o solo, de forma prontamente assimil�vel, por meio da aduba��o org�nica ou por meio de biorreatores e biofertilizantes. Os produtos agr�colas e pecu�rios fazem parte das necessidades crescentes da popula��o mundial e os sistemas de produ��o adotados para atender a essa demanda deveriam ser sustent�veis. Portanto, consideramos o pensamento de Sachs extremamente apropriado, pois a biomassa � a fonte prim�ria de nutrientes para o solo por meio da aduba��o org�nica, sendo essa, a nosso ver, a principal ferramenta para reduzirmos o uso de fertilizantes qu�micos.

Todas as propriedades agr�colas t�m condi��es de produzir adubo org�nico. Mas por que o produtor rural perdeu (ou despreza) essa tecnologia? Por que est� deixando de aproveitar os restos de cultura e esterco para o processo de compostagem? A adubac�o org�nica contribui com suprimento direto de NPK para o solo e consegue estruturar e dar vida ao solo, na medida em que faz proliferar a microfauna e a microflora, as quais disponibilizam nutrientes da rocha ou do solo para a planta. J� sabemos, tamb�m, que o consumo de fertilizantes qu�micos s� aumenta os custos, ao passo que a produtividade, com o tempo, continua estagnada, pois somente a adi��o de NPK n�o nutre as plantas tal como elas precisam: micro-organismos, bact�rias, fungos etc., que levam a uma din�mica de vida no solo muito mais saud�vel e produtiva, ou seja, salutog�nica.
O mundo est� enfrentando os efeitos negativos das mudan�as clim�ticas. E as crises presentes e futuras, relacionadas ao uso de combust�veis f�sseis, aumentam os impactos e as amea�as, n�o apenas na seguran�a alimentar do povo brasileiro, mas na sua qualidade de vida. A Revolu��o da Biomassa pode ser uma abordagem sustent�vel para superar os problemas enfrentados pelo setor agr�cola e pecu�rio em todo o mundo. Ela se coloca como um instrumento tecnol�gico para potencializar os Objetivos de Desenvolvimento Sustent�vel (ODS), principalmente aqueles relacionados � produ��o e consumo respons�veis, para definir, ordenar e garantir as boas a��es clim�ticas, para manuten��o da vida na terra e potencializar a agropecu�ria “fome zero” no Brasil.
� medida que os produtores rurais (pequenos, m�dios ou grandes) se convencerem de que podem produzir, nas suas fazendas, a biomassa, a terra preta (adubo org�nico de alta fertilidade – Win Sombroek) como os povos origin�rios faziam h� mil�nios, na Amaz�nia, e cujos resultados de laborat�rio confirmam sua alt�ssima riqueza em NPK, c�lcio etc., o Brasil se tornar�, de fato, o celeiro do mundo e, mais importante, sem depender de esfor�os diplom�ticos em crises mundiais para conseguir fertilizantes.