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Estado de Minas editorial

Desemprego e planejamento

Com mudan�as aceleradas no trabalho, o Brasil enfrenta esse drama particular de empres�rios que n�o encontram trabalhadores que n�o encontram trabalho


04/05/2022 04:00




A infla��o � um problema que afeta todo o mundo. Assim como o Brasil, os Estados Unidos e pa�ses da Europa enfrentam as maiores taxas de reajuste de pre�os em mais de 20 anos, ainda que na Europa os percentuais pare�am extremamente baixos se comparados com o hist�rico do indicador brasileiro. Nesse ponto, a equipe econ�mica e o pr�prio presidente Jair Bolsonaro t�m raz�o em considerar que a acelera��o de pre�os no pa�s tem um componente forte de aumentos al�m-mar. Mas taxas de infla��o s�o um problema mundial, o desemprego n�o, como mostram rankings globais de infla��o e desemprego, considerando �ndice de pre�os referentes a 2021 e previs�es para o mercado de trabalho neste ano.

Com a terceira maior infla��o em 2021 (10,1%), o Brasil deve fechar 2022 com a nona maior taxa de desemprego, enquanto os Estados Unidos fecharam o ano passado com infla��o de 7% – a maior desde 1982 –, na sexta coloca��o, e devem encerrar este ano com 3,5% de desocupa��o, na 89ª coloca��o. Reino Unido e It�lia, com �ndices de pre�os batendo em 5,4% e 3,9%, respectivamente a 8ª e 11ª maiores em 2021, t�m previs�o de fechar este ano com n�vel de desocupados na faixa de 4%, na 25ª posi��o no ranking. Os n�meros do desemprego foram compilados pela consultoria Austin Rating com base em dados do Fundo Monet�rio Internacional (FMI), enquanto os referentes aos �ndices de pre�os foram reunidos pelo site Poder 360 a partir de dados do Banco Mundial, Investing e institutos de pesquisas dos pa�ses.

A compara��o deixa claro que infla��o alta n�o necessariamente representa taxas altas de desemprego, mostrando que enquanto outros pa�ses t�m pol�ticas voltadas para a gera��o de emprego e renda, o Brasil relegou a segundo ou terceiro plano o planejamento e a elabora��o de pol�ticas p�blicas voltadas para o mundo do trabalho, deixando nas m�os do mercado a solu��o para a abertura de mais vagas e a absor��o de m�o de obra ociosa. O desemprego caiu muito desde o primeiro trimestre de 2021, quando chegou a 14,9%. Agora est� em 11,1%. Mas o problema � que ele se estabilizou nesse patamar alto com cerca de 12 milh�es de pessoas desocupadas, devendo permanecer acima de dois d�gitos este ano. Agora, a renda parou de cair, mas ainda est� quase 10% abaixo do patamar anterior � pandemia de COVID-19, agravando o problema.

O desemprego alto e a falta de planejamento e de pol�ticas para estimular a abertura de vagas criam distor��es no mercado de trabalho brasileiro, com o pa�s, mesmo tendo um n�mero grande de cidad�os sem emprego, registrando setores econ�micos com d�ficit de m�o de obra, mais notadamente nos segmentos que exigem maior qualifica��o, como a tecnologia da informa��o (TI). No setor tecnol�gico, a qualifica��o profissional preenche 65,7% das vagas abertas todo ano, com 34,2% dos postos de trabalho permanecendo vagos.

Na outra ponta, setores como a constru��o civil e ind�strias aliment�cias tamb�m enfrentam dificuldades para contratar, seja porque tamb�m falta qualifica��o para atividades espec�ficas, seja porque o n�vel salarial mais baixo compete com o Aux�lio Brasil – n�o diretamente, uma vez que o sal�rio m�nimo � de R$ 1.212 e o Aux�lio � de R$ 400. Ocorre que o jeitinho brasileiro acaba gerando uma situa��o que, nas contas da ind�stria, explica a dificuldade de encontrar trabalhadores. O valor de mais de um benef�cio recebido na mesma fam�lia, associado a atividades remuneradas avulsas, pode render mais do que o valor do sal�rio inicial de alguns setores, de pouco mais de um sal�rio m�nimo.

Com mudan�as aceleradas no mundo do trabalho, o Brasil enfrenta esse drama particular de empres�rios que n�o encontram empregado e trabalhadores que n�o encontram trabalho. � preciso que o governo estimule a gera��o de vagas com redu��o do custo da m�o de obra de um lado, mas de outro fixando como contrapartida dessa desonera��o investimentos privados em qualifica��o de m�o de obra para atender �s novas exig�ncias geradas pelas mudan�as tecnol�gicas. E mais, estimule a busca de novos modelos que atendam �s empresas e os empregados.




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