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Estado de Minas

Ensino superior: n�o h� alternativa sen�o mudar


02/06/2022 04:00

ilustração para artigo sobre Ensino superior


Waldemiro Gremski
Vice-presidente do Conselho de Reitores das Universidades do Brasil (Crub). Foi presidente da mesma entidade entre 2019 e 2021 e reitor da Pontif�cia Universidade Cat�lica do Paran� (PUCPR) de 2014 a 2021

� inadi�vel para o Brasil rediscutir seu ensino superior em todos os n�veis e �reas. O sistema corrente, que hoje inspira a maior parte das institui��es de ensino superior (IES) em funcionamento no pa�s, j� n�o d� conta de responder �s atuais demandas e necessidades da sociedade. N�o cabe mais, em tempos totalmente permeados por tecnologias que se encontram em evolu��o exponencial, abrangentes e com impacto em toda a sociedade, manter as IES organizadas administrativa e academicamente tendo como base o modelo industrial do s�culo 20.  

Como, ent�o, alinhar as institui��es de educa��o para um mundo automatizado, onde a rela��o humana com as m�quinas cresce a cada dia, no qual tecnologias como intelig�ncia artificial, internet das coisas, big data, algoritmos, rob�tica, entre outras, difundem-se de maneira descomunal? Tudo isso, � claro, sem desconsiderar a base que palmilha a universidade: forma��o cidad�, �tica e social, ensino e pesquisa de impacto e rela��o com a sociedade. 

O que se observa em grande parte � que o ensino superior brasileiro ainda n�o se libertou de um mundo que foi previs�vel, lento e com tecnologia bastante rudimentar: o mundo dos s�culos 19 e 20, no qual imperavam a hierarquia, o planejamento top down e as normas estritas, em que as pessoas renunciavam � sua individualidade por exig�ncia do ecossistema de ent�o. 

Nele, o professor atuava como o �nico protagonista na sala de aula das institui��es de ensino, transmitindo saberes prontos e repetitivos. O aluno era passivo. Professor e livro eram as �nicas fontes de saber. N�o havia interdisciplinaridade. A universidade era hierarquizada, burocr�tica e estacionada h� d�cadas. 

N�o foi � toa que Pedro Demo, um dos mais importantes pedagogos do Brasil, j� em 1998, escreveu: “(...) � condi��o prim�ria desconstruir a imagem de aluno (...) como sendo algu�m subalterno, tendente a ignorante, que comparece para escutar, tomar nota, engolir ensinamentos, fazer provas e passar de ano”. 

� dif�cil aceitar que na terceira d�cada do s�culo 21 o alerta do professor Pedro Demo esteja vigendo em grande parte das salas de aula no Brasil, quando ainda esperamos e ansiamos por solu��es, leis, regula��es e ordens emergentes de pal�cios e cabe�as iluminadas. 

Pois bem. Apesar de o modelo do sistema universit�rio continuar respondendo a muitas demandas e institui��es, apoiando-se ainda numa reforma universit�ria de 1968, esse mundo acabou. O dia a dia ao nosso redor testemunha tal realidade. O mundo previs�vel do s�culo 20 foi tomado e substitu�do pelo mundo imprevis�vel, complexo, fora do controle, inst�vel e com velocidade exponencial. Um mundo Vuca – vol�til, incerto, complexo, amb�guo – ou, para utilizar um termo mais atual, um mundo Bani – fr�gil, ansioso, n�o linear e incompreens�vel.  

Como constatou o professor Glauco Arbix em coment�rio de 2018, “o impacto das novas tecnologias digitais sobre a vida das pessoas, das economias e de todas as sociedades pelo mundo afora aumenta de forma muito r�pida”. Agora, a remodelagem da vida passa a acontecer em n�veis in�ditos na hist�ria da humanidade. Encontramo-nos, portanto, num momento de inflex�o na hist�ria.  

Tecnologia mais disruptiva a cada dia que passa, poderosa, dispon�vel e veloz. Indiv�duo conectado e com acesso amplificado a diversas informa��es. � esse o cen�rio no qual estamos, de autonomia na tomada de decis�es. Ao contr�rio do indiv�duo do s�culo 20, que renunciou � sua individualidade por exig�ncia ecossist�mica, o indiv�duo do s�culo 21 se tornou autoridade intoc�vel. 

Mediante tais mudan�as, as institui��es devem aprender a lidar com esse novo contexto, de pessoas mais conectadas, livres, com mais informa��es e cr�ticas. O mundo, afinal, conta com um novo ecossistema. Esse � o caso do Sistema Nacional de Educa��o Superior – hoje centrado nos estudantes, e n�o nas institui��es.  

O grande desafio � preparar o estudante para um mundo t�o desafiador, cuja evolu��o tecnol�gica ininterrupta torna a sua forma��o rapidamente esgotada em termos de preparo. A pergunta que n�o cala �: como formar profissionais competentes e cidad�os solid�rios aptos a enfrentar com naturalidade mudan�as disruptivas frequentes e qualificados para solucionar, futuramente, desafios complexos que s�o desconhecidos no momento da sua forma��o e que exigir�o o uso de tecnologias ainda indispon�veis?. 

� essa a realidade. Ignor�-la significa retroceder. Que entendamos e leiamos no horizonte o sinal dos tempos. Fundador do F�rum Econ�mico Mundial, Klaus Schwabb j� afirmou que vivemos “mudan�as t�o profundas que, na perspectiva da hist�ria humana, nunca houve um momento t�o potencialmente promissor e perigoso”. Por isso, � inadi�vel propor um plano nacional de gradua��o que se adeque � realidade digital decorrente da revolu��o 4.0 que marca o s�culo 21, respondendo �s demandas e � realidade do pa�s. Essa � a solu��o. 


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