Todo o barulho em torno da tentativa de demoniza��o da Petrobras feita pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados no Legislativo e no Judici�rio n�o resultou, at� o momento, em nenhum efeito pr�tico para os consumidores. Pelo contr�rio, com o reajuste anunciado na sexta-feira, de 5,18% para a gasolina e de 14,26% para o diesel, o que se v� � o valor da gasolina chegando perto de R$ 9 nas capitais, e em algumas cidades o pre�o do diesel superando o valor do que abastece os ve�culos leves. Al�m disso, os pre�os da gasolina est�o sendo reajustados acima dos R$ 0,20 de acr�scimo nas refinarias, apesar de o combust�vel vendido nos postos ter de 25% a 27% de etanol, ou seja, ap�s a mistura, o reajuste da gasolina no total equivale a R$ 0,15 conforme o aumento da Petrobras. Impostos, ainda sem altera��o, e margem de lucro pesam na corre��o de valor nas bombas de abastecimento.
Com o aumento do diesel, caminhoneiros j� voltam a falar em paralisa��o e estimativas indicam reajuste de 5% no valor dos fretes. � mais infla��o no horizonte no momento em que o IPCA deu sinal de desacelera��o em maio. E n�o s�o apenas os combust�veis. Consumidores de Minas Gerais e do Paran� v�o pagar mais caro pela energia el�trica. Nas resid�ncias mineiras, a conta de luz fica 5,52% mas cara a partir de hoje – para as ind�strias, a alta � de 14,31% –, enquanto os consumidores paranaenses ter�o alta de 1,58% para resid�ncias, de 4,90% para com�rcios e de 9,32% para as ind�strias.
Os aumentos, muito inferiores aos anunciados at� agora, foram beneficiados pelo aporte de R$ 5 bilh�es da Eletrobras na Conta de Desenvolvimento Energ�tico (CDE) e pelos cr�ditos de PIS/Confins devolvidos aos consumidores. �ndices menores do que os autorizados em abril para consumidores do Cear� (24,8%), da Bahia (20,54%), do Rio Grande do Norte (20,36%) e de Pernambuco (19,98%), para citar apenas alguns, n�o deixam de representar mais infla��o.
Diesel e energia el�trica movimentam o campo e a ind�stria e impactam diretamente nos custos desses setores. E o diesel, que j� acumula alta de 47% este ano, fica mais caro exatamente no momento em que a demanda aumenta por causa da colheita de parcela significativa da safra de gr�os brasileira. � aumento de custos na produ��o no campo que vai significar mais infla��o na mesa do brasileiro, que por sua vez precisar� de mais tempo para se livrar dos reajustes frequentes.
Tentativas de controle de pre�os, de suspens�o de aumentos, de corte de impostos n�o devem ter efeito de longo prazo pelo que reconhece o Banco Central na ata da �ltima reuni�o do Comit� de Pol�tica Monet�rio (Copom), divulgada ontem. “A infla��o ao consumidor segue elevada, com alta disseminada entre v�rios componentes, se mostrando mais persistente que o antecipado”, diz a autoridade monet�ria para justificar a eleva��o da taxa b�sica de juros para 13,25% ao ano na semana passada, antes dos aumentos do diesel e da energia el�trica.
Prevendo que n�o atingir� o centro da meta de 3,25% para o pr�ximo ano, o Banco Central revela que o ciclo de alta das taxas de juros ser� estendido e a Selic permanecer� elevada por mais tempo. “A estrat�gia de converg�ncia para o redor da meta exige uma taxa de juros mais contracionista do que o utilizado no cen�rio de refer�ncia por todo o horizonte relevante”, descreve a ata do Copom. Embora reconhe�a que as medidas tribut�rias aprovadas e em discuss�o no Congresso possam ter impacto na infla��o deste ano, o BC v� eleva��o nos pre�os “no horizonte relevante de pol�tica monet�ria”.
Bolsonaro e o presidente da C�mara, deputado Arthur Lira (PL-AL), gastam tempo com ataques que afetam as a��es da empresa e geram desconfian�a nos investidores sem indicar claramente o que pretendem, uma vez que demonizar lucros e eleger a petrol�fera como inimiga da na��o n�o contribuem em nada para reduzir os pre�os do petr�leo e do diesel no mercado internacional. Governo e Congresso podem mudar a pol�tica de pre�os da Petrobras, podem criar um fundo para compensar a diferen�a entre pre�os internacionais e os praticados no mercado interno, podem efetivamente adotar medidas e n�o apenas disparar contra pre�os e lucros. Por ora, para os brasileiros s� h� mais infla��o e mais arrocho.
