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Estado de Minas

Escola: um espa�o de trabalho, acolhimento e respeito

O ambiente escolar, a escola, vem sendo desrespeitada h� tempos. S�o in�meros os exemplos que retratam essa situa��o


31/08/2023 04:00
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Fernando Maluf
Gerente de Educa��o P�blica da FTD Educa��o

Nos �ltimos tempos, o n�mero de ataques violentos �s escolas, aos estudantes e aos professores tem aumentado de maneira assustadora e extremamente preocupante no Brasil. O que antes era manchete de jornal em pa�ses distantes, tornou-se uma triste realidade na m�dia brasileira e um motivo de preocupa��o e temor para todos os envolvidos no ecossistema da educa��o – estudantes, professores, gestores, entidades do setor, fam�lias e governos.
 
Por conta da import�ncia e da gravidade do tema, algumas reflex�es s�o necess�rias para que atitudes sejam tomadas com o objetivo de tentar reduzir, ou ainda, resolver o problema, minimizar os danos e retomar o papel de espa�o de trabalho, acolhimento e respeito que cabe �s institui��es de ensino.
Temos de come�ar pelo aspecto fundamental: entender que a escola � um lugar de conviv�ncia – um ambiente f�sico onde o estudante se reconhece e encontra os amigos. � um objeto de desejo para os alunos, que querem estar l�.
 
Fato que a pandemia nos revelou claramente: quando as escolas fecharam as portas e a conviv�ncia entre alunos e seus professores foi cortada abruptamente, o sentimento foi de aus�ncia do espa�o f�sico e do conv�vio. E � justamente o ambiente f�sico e o relacionamento interpessoal que formam a equa��o perfeita para o aprendizado.
 
Dois s�o os legados que deixamos como “rastro” de nossa passagem pela vida: os valores humanos e os conhecimentos. Estes, bens universais, p�blicos, de posse de todos, devem ser compartilhados a bem de um dever nosso: torn�-los significativos a quem possamos faz�-lo. J� os valores humanos, que as escolas professam, adotam, exercitam a partir da conviv�ncia, geram uma s�rie de aprendizados que v�o muito al�m do conte�do did�tico. Os estudantes aprendem respeito quando est�o em grupo, justi�a quando veem o tratamento igualit�rio dado a todas as pessoas, a import�ncia da diversidade, a gratid�o e a generosidade, o conhecimento.
 
Claro est� que a educa��o, uma importante pr�tica social, n�o acontece apenas na escola. Tamb�m na fam�lia e na sociedade, ambientes por onde perpassa o processo da aprendizagem. Mas, especificamente, a escola � uma institui��o intencional, ou seja, tema inten��o real e efetiva de promover a educa��o e, por isso, se planeja e se organiza para isso.
 
Por que, ent�o, esse espa�o t�o importante, t�o sagrado e gerador de uma heran�a fundamental para a sociedade virou alvo de ataques violentos mais frequentes? Por que os ataques violentos n�o acontecem com a mesma frequ�ncia, por exemplo, em shoppings, supermercados, bancos, cabeleireiros, floriculturas etc.?
 
Essas reflex�es nos ajudam na compreens�o inicial dessa grave quest�o. A partir da�, ent�o, podemos encontrar as melhores formas de prevenir-se contra esse mal que assola as fam�lias e a sociedade. A escola � um ambiente que lida, todos os dias, com valores humanos, com conhecimentos. � um lugar para onde as pessoas levam seus bens mais preciosos – seus filhos, e que � organizado para transformar e melhorar a vida das pessoas.
 
Quando uma pessoa ataca criminosamente uma escola, ela coloca para fora toda frustra��o e raiva contra uma institui��o que tem valores muito bem definidos e elevados.
 
N�o podemos esquecer que os recentes atos de viol�ncia dentro de escolas, comumente atribu�dos ao desequil�brio de algumas pessoas, retratam, tamb�m, o estado de desvaloriza��o da institui��o escolar em um contexto geral.
 
Claro que a quest�o da seguran�a � um fator que precisa ser refor�ado, sem d�vida. Por�m, os agentes p�blicos respons�veis pela educa��o escolar claramente se descuidaram desse ponto. O ambiente escolar, a escola, vem sendo desrespeitada h� tempos. S�o in�meros os exemplos que retratam essa situa��o.
Diante deste cen�rio, t�o grave, cabe a todos n�s, educadores, fam�lias, escolas e setor p�blico, adotarmos uma postura de resist�ncia � viol�ncia. Um pacto de resist�ncia, como aqui conclamo, passa pela consci�ncia da nossa responsabilidade como cidad�os, como fam�lia, como sociedade.
 
As pr�prias institui��es de ensino e entidades do setor precisam se posicionar perante os governos cobrando mais medidas de seguran�a e aten��o para o problema, al�m de campanhas de conscientiza��o e, especialmente, de valoriza��o das escolas.
 
As fam�lias, ponto-chave aqui, precisam se envolver diretamente no problema. Um primeiro passo � n�o mais compartilhar e dar cr�dito �s Fake News difundidas em grupos de pais nos aplicativos de mensagens, mas usar esse espa�o de comunica��o para propagar a import�ncia da escola no aprendizado de conviv�ncia para seus filhos. N�o ser violento e ter um discurso positivo, que valorize o ambiente escolar, em vez de diminu�-lo, como o fazem com frequ�ncia.
 
Fam�lias: aliem-se � escola dos seus filhos, n�o sejam seus inimigos!
 
Tamb�m � fundamental tentar contribuir com o processo de aprendizagem de alguma forma – desde o acompanhamento das tarefas e vida escolar das crian�as at� a demonstra��o de que o aprendizado dos conhecimentos e viv�ncia dos valores humanos tem o poder de fazer a diferen�a na vida das pessoas. Esse discurso refor�a a equidade de g�nero, racial e social e ajuda a criar uma sociedade mais justa e equilibrada, com mais oportunidades para todos.
 
N�o podemos esquecer que uma imagem � constru�da a partir de atitudes – e nada ou ningu�m tem uma imagem positiva se n�o tiver uma atitude positiva. Portanto, cabe a toda comunidade escolar (escola, educadores e fam�lias) e ao ecossistema da educa��o (incluindo entidades e governos) resistir � viol�ncia a partir de atitudes s�rias e respons�veis.
 
� assim que deixamos um precioso legado para o futuro da sociedade, calcado no nobre ato de ensinar e aprender.


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