A decis�o do presidente Jair Bolsonaro de promover uma reuni�o com embaixadores de dezenas de pa�ses para questionar alguns itens do processo eleitoral brasileiro pautou a semana e ainda tem provocado rea��es fortes. Uma das primeiras veio por meio de nota divulgada pela Embaixada dos Estados Unidos, com um recado claro de que uma suposta tentativa de golpe em uma das maiores democracias do planeta n�o ter� respaldo do governo de Joe Biden. Mesmo sem citar nomes, o comunicado dos EUA, divulgado na noite de ter�a, foi bastante expl�cito: “As elei��es brasileiras, conduzidas e testadas ao longo do tempo pelo sistema eleitoral e institui��es democr�ticas, servem como modelo para as na��es do hemisf�rio e do mundo”.
A mensagem tamb�m destacou o protagonismo do nosso povo: “Como j� declaramos anteriormente, as elei��es do Brasil s�o para os brasileiros decidirem. Os Estados Unidos confiam na for�a das institui��es democr�ticas brasileiras. O pa�s tem um forte hist�rico de elei��es livres e justas, com transpar�ncia e altos n�veis de participa��o dos eleitores.”
Nesta quinta-feira, foi a vez de o Reino Unido divulgar uma nota no mesmo tom dos EUA. “Em elei��es passadas, o sistema eleitoral e as urnas eletr�nicas se mostraram seguras e passaram a ser reconhecidas internacionalmente por sua celeridade e efici�ncia”, afirmou a embaixada brit�nica, por meio de nota.
E, no Brasil, as rea��es de representantes das institui��es brasileiras na defesa do processo eleitoral e das urnas eletr�nicas foram igualmente incisivas. Entidades representativas de ju�zes, promotores, policiais federais, entre muitas outras, se manifestaram no sentido contr�rio ao que apregoou o presidente ao corpo diplom�tico.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), cumpriu o seu papel institucional e tomou a iniciativa de sair em defesa da integridade das elei��es. Por meio de nota, ele deixou clara a sua posi��o: “Uma democracia forte se faz com respeito ao contradit�rio e � diverg�ncia, independentemente do tema. Mas h� obviedades e quest�es superadas, inclusive j� assimiladas pela sociedade brasileira, que n�o mais admitem discuss�o. A seguran�a das urnas eletr�nicas e a lisura do processo eleitoral n�o podem mais ser colocadas em d�vida.”
O empenho de Pacheco em defender a democracia e o processo eleitoral, infelizmente, contrasta com o sil�ncio do presidente da C�mara dos Deputados, Arthur Lira (PP). Desde a ter�a-feira, quando se iniciou a defesa veemente das urnas eletr�nicas e da democracia, o parlamentar se mant�m calado e assim permaneceu, ao menos at� a noite de ontem. J� o procurador-geral da Rep�blica, Augusto Aras, muito pressionado pelos colegas do Minist�rio P�blico, divulgou na tarde desta quinta-feira o trecho de uma entrevista na qual defende o sistema eleitoral brasileiro. No v�deo, gravado antes das f�rias de Aras, o PGR afirma a correspondentes internacionais: “N�o aceitamos alega��o de fraude porque temos visto o sucesso da urna eletr�nica ao longo dos anos. Quem ganhar vai tomar posse sem maior turbul�ncia.”
Tantas rea��es consecutivas levam a concluir que a reuni�o do presidente com os embaixadores n�o surtiu o efeito desejado por ele e seus apoiadores. Em vez de enfraquecer o sistema eleitoral, acabou fortalecendo a defesa do processo que j� elegeu milhares de representantes do povo brasileiro. Entre os eleitos, o pr�prio Jair Bolsonaro, que construiu a sua trajet�ria pol�tica com sucessivos mandatos na C�mara dos Deputados e, em 2018, chegou � presid�ncia da Rep�blica por meio de votos registrados em urnas eletr�nicas.