Jo�o Alfredo Lopes Nyegray
Doutor em internacionaliza��o e estrat�gia
Foi num fat�dico dia 1º de setembro – em 1939 – que a invas�o da Pol�nia acendeu o estopim da Segunda Guerra Mundial. O conflito que, �quela altura, era quase inevit�vel, iniciou-se oficialmente ap�s o ataque ao territ�rio polon�s. Ainda que a Segunda Grande Guerra tenha sido encerrada h� 77 anos, os horrores que trouxe seguem muito vivos. Talvez por isso, a explos�o no vilarejo polon�s de Przewod�w, que matou duas pessoas recentemente, tenha deixado o mundo todo numa apneia de receio.
Logo ap�s a explos�o, o presidente polon�s Andrzej Duda convocou o embaixador russo para explica��es. Moscou, por �bvio, alegou que o ataque n�o foi seu e que partiu da Ucr�nia. Por mais verdadeira que tenha se mostrado essa fala, ao momento em que foi proferida mais se pareceu como os tradicionais blefes russos. Ap�s alegar que civis mortos em Bucha foram trabalho de Kiev, assim como em Kharkiv ou em Zaporizhzhya, pouca credibilidade resta �s afirma��es moscovitas.
No fim, as explos�es em Przewod�w foram uma tentativa da defesa ucraniana de interceptar m�sseis russos. Um ato falho, possivelmente n�o deliberado, que causou mais duas mortes civis que se somam ao acumulado de corpos n�o beligerantes que a guerra tem deixado como rastro. Os destro�os analisados inicialmente mostravam restos do sistema de defesa S-300, de fabrica��o russa – o que, momentaneamente, foi visto como um ataque do Kremlin – mas que est�o sendo usados pela Ucr�nia como sobras da Guerra Fria – o que trouxe um certo al�vio.
O grande perigo de um ataque � Pol�nia reside no fato de que os poloneses fazem parte da OTAN (Organiza��o do Tratado do Atl�ntico Norte), a organiza��o militar de defesa m�tua. Isso significa que um ataque aos poloneses poderia trazer todos os membros da organiza��o ao conflito, numa resposta conjunta � R�ssia. Isso certamente seria fatal para a vida no planeta como a conhecemos.
Fato � que grandes guerras n�o come�am do dia para a noite: s�o o acumulado de atos menores, de tens�es que v�o sendo escaladas at� um ponto de n�o retorno. Grandes conflitos ganham essa propor��o, e n�o simplesmente come�am assim. A explos�o na Pol�nia mostra n�o apenas que essa guerra pode sim ficar mais violenta, mais letal e envolver mais pa�ses. Mostra tamb�m como o conflito est� longe do fim.