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Estado de Minas

Os n�meros da fome no Brasil: uma quest�o de metodologia

Devemos conhecer melhor os n�meros e os seus diferentes prop�sitos, para conseguirmos us�-los de maneira efetiva


26/06/2023 04:00
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Alcione Pereira
Engenheira de alimentos, mestre em Sustentabilidade pela Funda��o Getulio Vargas e MBA em Gest�o Empresarial. Fundadora e CEO da Connecting Food

Nas �ltimas semanas, muita gente reparou em algumas supostas diverg�ncias entre os n�meros relacionados � fome no Brasil divulgados em diferentes situa��es. Algumas not�cias falam em mais de 30 milh�es sem terem o que comer e 125 milh�es com algum n�vel de inseguran�a alimentar; outras dizem que s�o “apenas” cerca de 10 milh�es de brasileiros com fome. Estar�o erradas as pessoas envolvidas nas declara��es? Ou se equivocaram os �rg�os que aferiram os n�meros?
Esta � uma quest�o t�cnica, que n�o � – nem tem que ser – de dom�nio de todos, mas sentimos a necessidade de esclarecer, da forma mais acess�vel que encontramos, para que o maior n�mero de pessoas consiga entender por que uma hora veem um n�mero, outra hora veem outro, mas que saibam que est� tudo certo. N�o h� erros nos valores em si, mas no uso que se faz deles.
 
Um colegiado de especialistas – a Rede Penssan – realizou o Inqu�rito Nacional sobre Inseguran�a Alimentar e concluiu que 33 milh�es de pessoas passam fome e 125 milh�es enfrentam algum n�vel de inseguran�a alimentar no Brasil. Essa pesquisa � baseada na Ebia  (Escala Brasileira de Inseguran�a Alimentar), que leva em considera��o, em resumo, a quantidade de refei��es que uma pessoa faz por dia e se ela tem preocupa��o em rela��o ao que vai comer no seu cotidiano.
 
J� a FAO divulga um balan�o global sobre a fome no mundo, que n�o � aferido pelo mesmo question�rio Ebia, mas considera um c�lculo feito com base na produ��o local e global de alimentos, transformada em calorias, versus a popula��o de cada regi�o e tamb�m mundialmente. Por exemplo: se o Brasil produz X toneladas de alimentos e isso representa Y calorias, mas a quantidade de pessoas que vivem no nosso territ�rio precisa de 2Y para se alimentar minimamente, ent�o, conclui-se que existe um gap. Ou se a produ��o � numericamente suficiente, mas n�o chega de forma efetiva a quem precisa (porque h� muito desperd�cio, porque uma parte da popula��o simplesmente n�o pode comprar a comida, por uma crise espec�fica ou por outros motivos), tamb�m a conclus�o � de que uma determinada parcela das pessoas “passa fome” ou, melhor dito, existe uma lacuna na cobertura de alimentos.
 
� por isso que os n�meros da FAO s�o menores que os da Penssan, por uma quest�o metodol�gica. N�o significa que um esteja mais correto do que o outro. S�o diferentes, pois consideram aspectos distintos e t�m prop�sitos distintos. A FAO olha para a produ��o de alimentos no mundo, com o intuito de verificar se est� sendo produzido o m�nimo necess�rio e se todos t�m acesso. J� a Pensann vai no dia a dia de cada cidad�o, para saber se consegue ou n�o ter as 3 refei��es m�nimas di�rias.
 
Portanto, ambos os n�meros s�o interessantes e importantes para quem trabalha com a realidade da inseguran�a alimentar. A quest�o � que devemos conhec�-los melhor e os seus diferentes prop�sitos, para conseguirmos us�-los de maneira efetiva naquilo que � verdadeiramente relevante: o combate ao desperd�cio e � fome.


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