Jorge Miklos
S�o Paulo
“Procusto � um personagem da mitologia grega. Os viajantes que iam de M�gara a Atenas eram for�ados a se deitar em seu leito de ferro. Se fossem menores, Procusto esticava suas pernas. Se fossem maiores, eram esquartejados para se ajustar ao tamanho do leito. O nome Procusto significa ‘o esticador’, em refer�ncia � puni��o que aplicava �s suas v�timas. O dom�nio de Procusto findou quando Teseu decepou-lhe a cabe�a e os p�s, aplicando-lhe a mesma crueldade que impunha aos homens. O leito de Procusto � a met�fora para a peformance exigida aos homens pela cultura machista. Para se adaptarem ao padr�o social, muitos homens precisam amputar aspectos significativos do seu ser ou estender aspectos estranhos para corresponder �s expectativas do machismo cultural. Por exemplo: o machismo institui aos meninos que o tamanho do seu membro regula a sua masculinidade; sentencia aos homens que n�o h� espa�o para demonstrar sentimentos, emo��es; treina os adolescentes para que percebam que a masculinidade do homem � mensur�vel pelo dinheiro, pela marca do carro e pelo sucesso profissional. O leito de Procusto se faz presente nos ambientes familiares, escolares, empresariais, pol�ticos e midi�ticos. O leito de Procusto � t�xico e compromete a complexidade do ser humano, engaiolando-o nos padr�es estabelecidos pelos estere�tipos da sociedade patriarcal. O leito de Procusto � a normalidade prescrita pela cultura patriarcal. ‘Ser 'normal' � alvo ideal do fracassado’, escreveu o psiquiatra su��o Carl Gustav Jung. Performar-se aos estere�tipos �, geralmente, processo torturante para o homem cujo padr�o arquet�pico desvia-se da subjetividade.”