Enquanto em Belo Horizonte o PT e o PSDB disputam o esp�lio de um casamento pol�mico, com fim j� anunciado para a sucess�o da prefeitura em 2012, no interior de Minas, tucanos e petistas cultivam planos para prosseguir juntos em 24 cidades.
N�o � a din�mica da polariza��o entre os dois partidos advers�rios no plano nacional e estadual que d� o tom � disputa pol�tica. Os arranjos entre os l�deres seguem a conveni�ncia da conjuntura local, dos advers�rios em comum e, sobretudo, obedecem a uma l�gica ditada pela depend�ncia econ�mica do Planalto e do governo de Minas. Diante de cofres minguados, abastecidos sobretudo pelo Fundo de Participa��o dos Munic�pios (FPM), a uni�o de prefeitos do PT e vices do PSDB – e vice-versa – � a garantia de um bom tr�nsito no governo estadual e no governo federal: mais conv�nios, mais emendas or�ament�rias liberadas e mais investimentos. Investimentos atraem votos.
Em alguns casos, como em Guap� e em Itamonte, na Regi�o Sul, e em Recreio, na Zona da Mata, os prefeitos Nelson Alves Lara (PT), Fernando de Almeida Coimbra (PT), Marcos Tridon de Carvalho (PSDB) – todos em segundo mandato, tendem a apoiar nas elei��es municipais de 2012 cada qual o seu vice.
Manter a alian�a � o que pretendem os prefeitos e vices em Leme do Prado, no Norte de Minas; Ub�, na Zona da Mata; Belo Oriente, no Vale do A�o; Bocai�va, no Norte de Minas e Bom Repouso, no Sul de Minas. O argumento econ�mico est� acima das lealdades �s alian�as partid�rias indicadas pela pol�tica nacional. “A cidade ganha com nossa parceria porque conseguimos recursos dos dois governos”, assinala Vadinho Bai�o (PT), prefeito de Ub�. “Colocamos os interesses da cidade acima dos partidos. A decis�o pol�tica de reeditar a coliga��o entre PT e PSDB � extremamente local”, justifica Humberto Lopes de Assis (PT), prefeito de Belo Oriente, munic�pio que tem um or�amento de R$ 43 milh�es, a maior parte dele respaldada na movimenta��o econ�mica da Cenibra, que resulta em transfer�ncias de ICMS bastante altas se consideradas 80% das cidades mineiras. “As pessoas valem mais do que os partidos”, diz Humberto Lopes de Assis, repetindo uma justificativa comum entre pol�ticos do interior.
Com o prefeito de Belo Oriente fazem coro outros. “O que importa � que pessoas de bem querem o melhor para o munic�pio. Em cidades do porte da nossa ningu�m est� preocupado com o partido, mas com quem est� pleiteando o cargo”, avalia Edmilson Andrade (PSDB), prefeito de Bom Repouso, cidade com 10,5 mil habitantes e um or�amento de R$ 11,6 milh�es. “A alian�a entre PT e PSDB � uma quest�o local. No plano nacional somos oposi��o. Mas isso n�o influencia em nada a vida da cidade”, observa Wilmar Ad�o Barroso (PT), que governa Leme do Prado. “Temos um acerto em torno do munic�pio.
Os embates pol�ticos entre tucanos e petistas, que vivem �s turras na C�mara dos Deputados e no Senado,passam a l�guas dessas cidades, em cujos governos prefeitos e vices dividem o poder. “Em Bras�lia, os partidos t�m diverg�ncias, mas aqui caminhamos juntos”, considera Ricardo Afonso Veloso (PSDB), prefeito de Bocai�va, que tem por vice o petista Juarez Teixeira Santana. Opini�o semelhante manifesta Ronaldo Lopes Correa (PT), prefeito de Manhumirim, na Zona da Mata: “Nas cidades pequenas n�o h� uma ideologia por tr�s das alian�as partid�rias. Sabemos que em n�vel estadual e nacional h� disputa acirrada entre o PT e o PSDB, mas aqui a l�gica � muito local, � das pessoas, n�o dos partidos”.