O an�ncio de que uma sindic�ncia vai investigar fraudes cometidas por servidores do Senado no sistema de ponto biom�trico lotou ontem os estacionamentos e os gabinetes da Casa. De acordo com relatos dos pr�prios funcion�rios, era poss�vel encontrar gente que h� muito tempo n�o aparecia para trabalhar. Com medo de entrar na lista negra de gazeteiros, desde o in�cio da manh� os servidores se enfileiravam em busca de vagas para estacionar os ve�culos. Segundo o porteiro de uma das entradas principais, o movimento n�o era t�o intenso desde o esc�ndalo dos atos secretos, em 2009, quando foi necess�rio mostrar servi�o para n�o perder o emprego na onda de promessas de moraliza��o.
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Na pr�tica, os dois setores — sem visibilidade ou trabalhos complexos — servem para acomodar apadrinhados de parlamentares pouco dispostos a encarar a labuta. Com cargos demais e servi�o de menos, as �reas suspenderam a liberdade de hor�rios das pessoas lotadas l�. Ao menos por ora.
Libera��o
Desta vez, a pressa que alguns servidores tiveram em aparecer no trabalho foi acompanhada de uma reclama��o recorrente em rela��o � benesse concedida a pelo menos 1.060 pessoas que ocupam fun��es comissionadas e est�o liberadas de registrar frequ�ncia no ponto biom�trico — controlado pelas impress�es digitais. Nesse bolo est�o todos os diretores de secretarias e o chefe de gabinete da Presid�ncia.
O que tem causado indigna��o, no entanto, � a expectativa de que outros servidores indicados pelos senadores tamb�m sejam dispensados de registrar presen�a. Nesse caso, a estimativa � de que quase 40% dos 6.027 funcion�rios consigam a libera��o nos pr�ximos meses, sob a justificativa de que o trabalho realizado para os parlamentares � diferenciado e fora de rotina.
A comiss�o de sindic�ncia que ser� aberta para investigar os servidores que burlam o sistema de registro de frequ�ncia ter� como principal miss�o a de verificar quem realmente n�o trabalha. Se constatar irregularidades, o grupo pode sugerir a instaura��o de processo administrativo disciplinar contra os envolvidos nas fraudes.
Fantasmas
O ponto biom�trico custou R$ 1,2 milh�o ao Senado. O controle por digitais era discutido desde 2009, quando a Casa foi bombardeada por den�ncias de funcion�rios fantasmas. No ano passado, houve a tentativa de instalar o sistema de registro no pr�prio computador, o que sairia bem mais barato ao er�rio. No entanto, os servidores come�aram a burlar as regras fornecendo suas senhas de acesso a colegas respons�veis por marcar o ponto em nome de outras pessoas.