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Estado de Minas PERSONAGEM DA SEMANA

No meio da pol�mica, Aldo Rebelo tenta conciliar propostas para C�digo Florestal


postado em 14/05/2011 07:45 / atualizado em 14/05/2011 08:45

O que leva um pol�tico comunista bem sucedido, em sua quinta legislatura, a se meter em uma pol�mica que at� ent�o n�o era sua praia? Relator do projeto de Lei 1876/99, o chamado C�digo Florestal, que p�e em p� de guerra produtores rurais e ambientalistas, o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) � pol�tico acostumado a desafios.

Jornalista de forma��o, Rebelo come�ou a sua carreira pol�tica como militante do movimento estudantil secundarista nos anos 1970. Era membro da extinta A��o Popular (AP). Em 1977, entrou para o PCdoB e l� ficou. Aldo Rebelo est� em seu quinto mandato consecutivo. Antes, foi vereador por S�o Paulo. Foi durante o governo Lula que Aldo Rebelo enfrentou o seu maior desafio na pol�tica. Em novembro de 2005, tomou posse como presidente da C�mara dos Deputados, depois de vencer o ent�o pefelista Jos� Thomaz Non� por 258 votos contra 243.

Depois da crise do mensal�o, iniciada no primeiro semestre daquele ano, a sua elei��o foi a primeira vit�ria dos governistas na Casa. Os anos seguintes ainda seriam dif�ceis para os apoiadores do governo Lula. Mas Aldo conduziu a Presid�ncia da C�mara at� 2007. Lula reconheceu os esfor�os de seu aliado naqueles dif�ceis momentos. Por�m, o PT, n�o. Aldo Rebelo foi derrotado por Arlindo Chinaglia (PT-SP) quando em 2007 tentou a reelei��o para a Presid�ncia.

Ainda hoje, Aldo � tido como um dos 100 mais influentes na C�mara dos Deputados. Em decorr�ncia de sua forma��o pol�tica, ele se inclina para propostas de cunho nacionalista tentando expressar a defesa dos interesses daquilo que interpreta como elementos da cultura e da economia do povo brasileiro. Da� os seus projetos de lei pol�micos, e at� eventualmente caricaturais, como do Dia Nacional do Saci Perer� e a defesa da adi��o de10% de farinha da mandioca no chamado p�o franc�s.

As iniciativas decorrem de uma leitura que o PCdoB faz da realidade global, na qual os interesses das na��es menos desenvolvidas devem ser preservados em contraposi��o aos das pot�ncias mundiais. Dentro dessa linha de racioc�nio, governos de inclina��o nacionalista ou de esquerda tendem a receber o apoio da legenda. Comunista convicto, Aldo Rebelo � homem de partido e est� entre aqueles que creem ser essa ideologia uma etapa da luta mundial para a supera��o dessa fase do capitalismo. Nesse contexto e a partir dessa leitura, Aldo tende a interpretar os movimentos ambientalistas como mais um estrangeirismo na realidade nacional: critica a in�rcia desses movimentos em seus pa�ses de origem e a sua ferrenha atua��o no territ�rio nacional. Em seu site, defendendo-se de investidas contra a sua atua��o como relator do novo C�digo Florestal, Aldo cita o Clube de Roma. " O Clube de Roma: uma ONG de magnatas do primeiro mundo, retomou a teoria segundo a qual a natureza j� estava esgotada por eles e que os pobres passassem a poupar energia".

PIMENTA O movimento ambientalista tem os seus matizes e as suas colora��es. O Clube de Roma n�o � propriamente a sua estrela maior. Seguramente, Aldo sabe disso. O deputado � experiente e calejado. N�o entrou nesse debate � toa, mas justamente para explicitar a sua den�ncia contra aquilo que classifica como a banda podre do movimento ambiental. S�o os interesses dos produtores rurais dos pa�ses do Primeiro Mundo que incentivam, por aqui, leis que n�o se praticam por l�. Mercado � concorr�ncia. E na concorr�ncia, pimenta nos olhos dos outros � refresco.

Ao contr�rio de seus projetos anteriores, Aldo est� envolvido em um debate em que os interesses parecem irreconcili�veis. De um lado, ruralistas querem a todo e qualquer custo derrubar todas as amarras ambientais �s suas pretens�es mercadol�gicas. De outro, ambientalistas, que querem preservar as reservas florestais e impedir o desmatamento.

Entre os dois polos, Aldo optou por um terceiro. Tomou como base a perspectiva dos pequenos produtores rurais e as suas agruras nesse conflito maior. Sob essa perspectiva, busca-se equilibrar para produzir um novo C�digo Florestal que n�o permita o desmatamento desenfreado, mas que tampouco imponha mais penalidades aos produtores rurais, especialmente aos pequenos produtores.

A tarefa � herc�lea. Aldo sabe. O campo de batalha � zona minada por interesses escusos e inconfessos. Os contendores acumulam anos de conflito e de batalhas. O grau de confian�a entre ambos � zero. Onde nem a base aliada nem a oposi��o conseguem marchar unidas, Aldo persiste. Busca conciliar gregos e troianos. Acredita que pode buscar o ponto de equil�brio entre preservacionistas e produtores. A tentativa � v�lida, pois o panorama hoje s� gera incerteza. O atual C�digo Florestal Brasileiro � de 1965 e foi imposto pelos militares. O resultado ainda n�o sabemos, mas uma coisa � certa: qualquer que seja o formato final do projeto de lei, a guerra continuar�. Troia � eterna. Alguma natureza, provavelmente... Por�m, ser�o gregos ou troianos?


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