As imposi��es do Planalto na pauta do Congresso e as rea��es contra o que nos bastidores apelidou-se de “trator governista” t�m deixado � mostra as feridas abertas entre o governo e o PT. Se por um lado os petistas tiveram de atropelar o pr�prio discurso e calar-se diante de decis�es como a privatiza��o de aeroportos brasileiros, por outro, a c�pula palaciana diz que tem tido de negociar com a legenda como faz com aliados interessados em espa�o pol�tico e cargos.
O fim do fator previdenci�rio tamb�m � uma bandeira petista que contraria a vontade do governo. Integrantes da legenda no Congresso j� fazem campanha h� meses pela derrubada do veto presidencial � proposta. Deputados do partido, inclusive, apresentaram projetos este ano tratando do assunto, em uma tentativa de criar um plano alternativo para o caso de o trator governista impedir a vota��o do veto. O fator rende aos cofres p�blicos cerca de R$ 1,5 bilh�o por ano, mas reduz algumas aposentadorias em at� 40%. “S� quem perde com essa situa��o s�o os aposentados. Independentemente de partidos, o importante � garantir condi��es justas a essas pessoas”, defende o senador Paulo Paim (RS), um dos petistas mais revoltados com a posi��o palaciana sobre o assunto.
Tratorada Apesar das reclama��es e da choradeira nas reuni�es da legenda – em uma delas, na semana passada, dois deputados sugeriram a rebeli�o –, o partido tem sido atropelado pelas decis�es do governo. Cr�tico fervoroso das privatiza��es feitas pelo governo tucano, o PT teve de engolir calado o an�ncio de que Dilma Rousseff vai privatizar aeroportos para facilitar as obras para a Copa do Mundo e as Olimp�adas. “Aceitar isso sem uma rebeli�o foi como rasgar nossa hist�ria. Falei isso na reuni�o da bancada e fui apoiado. As coisas n�o v�o poder continuar assim”, desabafa um petista do Nordeste que, apesar do medo de retalia��o, enumerou para os colegas uma lista de reivindica��es n�o atendidas e posi��es ideol�gicas atropeladas.
At� em quest�es ambientais, os integrantes do PT reclamam das orienta��es palacianas. Mais flex�veis �s limita��es para plantio de alimentos do que � ideia defendida pelo Minist�rio do Meio Ambiente, a bancada n�o tem consenso sobre o C�digo Florestal e promete cobrar caro se for obrigada a obedecer novamente �s imposi��es do governo. As amea�as e a insatisfa��o t�m rendido conversas frequentes entre membros do partido e o l�der governista, C�ndido Vacarezza (PT-SP), que j� coleciona inimigos por ser considerado intransigente no cumprimento de ordens por medo de perder a fun��o. Na quinta-feira, o l�der passou mais de duas horas conversando, afirmando a import�ncia do PT e prometendo trabalhar para atender aos pleitos at� agora relegados.
Para o deputado Andr� Vargas (PT-PR), integrante do diret�rio nacional, as diferen�as de posi��o est�o sendo resolvidas com conversas e acordos entre o partido e o governo. “Tem de haver di�logo. Mas � preciso entender que a maioria dos definidores da pol�tica est� no governo”, diz. A opini�o de Vargas, na verdade, � uma forma conciliadora de dizer que, no final dos embates, o Planalto sempre vence porque � o detentor do poder. “O PT tem tido que abrir m�o dos pr�prios discursos e das ideias que defendia. Creio que n�o h� como um partido fazer isso com boa vontade e sem desgastes”, avalia Antonio Augusto Queiroz, diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
Os embates
Governo e PT j� anunciam diverg�ncias sobre temas da pauta do Congresso. Conhe�a alguns deles:
Redu��o da jornada de trabalho sem diminui��o dos sal�rios;
Privatiza��o de aeroportos;
Fim do fator previdenci�rio;
Possibilidade de o governo decidir por decreto sobre �reas e produtos que ser�o plantados em determinadas regi�es do pa�s.