BRAS�LIA, 5 dez 2011 (AFP) -Dilma Rousseff perdeu seu sexto ministro por suposta corrup��o, um caso in�dito na hist�ria do Brasil, que, segundo analistas, n�o afetar� muito a imagem de uma presidente blindada contra os esc�ndalos gra�as em parte a sua gest�o econ�mica.
Dilma perdeu sete ministros em onze meses de governo, seis deles por den�ncias de irregularidades ou de enriquecimento s�bito reveladas pela imprensa e outro, o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, por cr�ticas a seus colegas de gabinete.
O caso mais recente foi o do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que pediu demiss�o no domingo da pasta que comandava desde 2007, pressionado por suspeitas de corrup��o.
"Aqui n�o existe um quadro de crise, porque os ministros perdem seus postos, mas seus partidos mant�m os minist�rios. Rousseff soube tratar estes esc�ndalos sem desmantelar sua coaliz�o", disse Carlos Lopes, diretor da consultoria pol�tica An�lise.
A percep��o generalizada � a de que a "presidente age mais r�pido contra os pol�ticos corruptos do que seus antecessores, que ela � menos tolerante com as irregularidades", disse Rafael Cort�s, pesquisador pol�tico do centro de an�lises Tend�ncias, de S�o Paulo.
Dilma governa com uma coaliz�o integrada por mais de 10 partidos, j� que o PT possui insuficientes 85 de 581 deputados.
Seguindo uma tradi��o pol�tica, a presidente assegura o apoio no Congresso em troca de participa��o no poder.
Apesar dos esc�ndalos, sua popularidade superava 70% no final de setembro e, segundo as consultorias An�lise e CAC, n�o se espera um deteriora��o significativa de sua imagem.
Cada ministro que perdeu o posto foi substitu�do por outro membro de seu partido, o que permitiu a Dilma "manter o controle do governo" e reduzir o impacto de esc�ndalos, protagonizados em grande parte por pessoas provenientes do governo Lula, disse o cientista pol�tico e soci�logo Andr� Pereira, da consultoria CAC.
Rousseff "j� ganhou confian�a no cargo. Quando surge um esc�ndalo deixa os ministros cair, e os substitui, seguindo um acordo com os partidos. Para ela, a prova de fogo n�o � a pol�tica, e sim a economia", afirmou Alberto Almeida, cientista pol�tico da An�lise.
"A maior blindagem pol�tica da presidente � a economia. Enquanto os brasileiros n�o sentirem o efeito da crise, tudo estar� sob controle. Al�m disso, Rousseff governa com uma oposi��o muito fraca, que n�o oferece uma alternativa por enquanto", disse Andr� Pereira.
O governo adotou uma s�rie de medidas para evitar que a crise da d�vida na Europa e que as dificuldades dos Estados Unidos comprometam seu crescimento, sustentado no vigoroso mercado interno e na venda de mat�rias primas, sobretudo para a China.
A queda de sete dos 38 ministros adiantou parte da reforma de gabinete que Dilma planeja realizar em janeiro de 2012, em ocasi�o de seu primeiro ano de governo. Novas mudan�as ministeriais est�o previstas para janeiro ou fevereiro.
"As demiss�es n�o parecem que podem desestabilizar a coaliz�o, nem gerar uma paralisia no Congresso. Dilma seguir� mantendo a estabilidade pol�tica e poder� se concentrar na economia", disse Cort�s.
Segundo os especialistas, parte da explica��o de que a mudan�a de ministros n�o afeta o governo est� no fato de a corrup��o ainda estar come�ando a ser vista como um problema na cultura pol�tica do Brasil.
Neste ano surgiu no Brasil um movimento social contra a corrup��o que mobilizou dezenas de milhares de pessoas em v�rias cidades, exigindo que leis para combater este problema, como a "Ficha Limpa", sejam respeitadas e fortalecidas.