O presidente em exerc�cio da Rep�blica, Michel Temer, recebe no fim da tarde desta ter�a-feira, em seu gabinete na vice-presid�ncia, manifesto de deputados do PMDB reclamando do governo e do PT. "Como membro do governo farei o poss�vel para contornar qualquer esp�cie de insatisfa��o, mas o cen�rio n�o � bom", disse Temer ao jornal O Estado de S. Paulo, ao admitir ter ouvido "as mais variadas queixas" dos partidos da base governista, inclusive o PT.
Nas �ltimas 24 horas, ele trocou telefonemas com toda a c�pula do PMDB, inclusive o presidente do Congresso, Jos� Sarney (MA), e os l�deres no Senado, Renan Calheiros (AL), e na C�mara Henrique Alves (RN). A um dos deputados que o procurou para avisar que assinaria o manifesto, o vice pediu calma, mas reconheceu que a insatisfa��o � generalizada e amea�a a tranquilidade do governo no Congresso.
Para a c�pula do PMDB, o que est� na berlinda � a rela��o do governo com o Congresso e n�o s� com o maior partido aliado. Nesse sentido, a dire��o partid�ria v� o manifesto como express�o p�blica de uma insatisfa��o geral, que vai al�m dos limites peemedebistas.
Nos bastidores, a reclama��o mais recorrente � a da "tutela' dos ministros peemedebistas por secret�rios-executivos petistas". O l�der Henrique Alves admite que ministros sem autonomia frustram a base e que ano eleitoral exige mais cuidado nos compromissos. Mas diz que seu partido n�o est� pedindo cargo, e sim uma rela��o "mais franca e mais transparente" com o governo."Se bobear, at� os petistas assinam esse manifesto".
"O problema � que a dire��o partid�ria se acomodou e o movimento � para dar uma mexida nisso. Ningu�m consegue manter a for�a partid�ria e os prop�sitos program�ticos sem sacudir esse cen�rio", critica o deputado Danilo Fortes (CE), um dos signat�rios do manifesto que vai entregar o documento ao vice hoje � tarde. "Do jeito que est� n�o somos nem coadjuvantes. Somos figurantes de segunda linha".
Fortes faz quest�o de salientar que o documento n�o trata de barganha de cargo nem de negocia��o de emenda parlamentar ao Or�amento da Uni�o. "O que est� em discuss�o � a rela��o com o governo e o imobilismo das nossas lideran�as. Queremos sacudir o partido", insiste. Segundo ele, a preocupa��o maior do grupo � com o avan�o da hegemonia petista.
Nesse ponto, o manifesto encontra eco no Senado. "O partido precisa sobreviver no Pa�s e tem regi�es que est�o sofrendo muito com o gigantismo do espa�o ocupado pelo PT, o que repercute muito fortemente nas bases", diz o senador Vital do Rego Filho (PMDB-PB), que j� levou as queixas do partido �s ministras de Rela��es Institucionais, Ideli Salvatti, e da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.
"A presidente Dilma Rousseff deu a impress�o de que comandaria um governo plural, mas ao longo de seu primeiro ano na presid�ncia, o PT acabou se tornando maior do que era no governo Lula", diz o senador.