“N�s, cineastas, mobilizamos a favor de tantas causas. At� mesmo dos cineastas iranianos. E quando o assunto diz respeito � democracia brasileira, n�o vamos dizer nada?” Esta foi a observa��o do diretor Jo�o Batista de Andrade que desencadeou uma manifesta��o dos cineastas brasileiros em rep�dio a recentes declara��es de militares, com destaque para a inquieta��o de oficiais da reserva com rela��o � Comiss�o da Verdade (criada para apurar viola��es de direitos humanos durante a ditadura), inclusive sobre a escolha de seus membros, que ser�o nomeados pela presidente Dilma Rousseff.
O texto elaborado pelo diretor foi encaminhado ontem aos ministros Celso Amorim (Defesa), Maria do Ros�rio (Direitos Humanos) e Ana de Hollanda (Cultura): “N�s, cineastas brasileiros, expressamos a nossa preocupa��o com as frequentes manifesta��es de militares confrontando as institui��es democr�ticas e o pr�prio estado de direito. Todos os cidad�os brasileiros t�m o direito de conhecer o que foram os 21 anos de ditadura militar instaurada com o golpe de 1964. � preciso que a Comiss�o da Verdade, institu�da para esclarecer fatos obscuros daquele per�odo, em que foram cometidas graves viol�ncias institucionais, persegui��es, torturas e assassinatos, tenha plenas condi��es e apoio da sociedade brasileira para realizar essa tarefa hist�rica. Repudiamos os ataques desses setores minorit�rios das For�as Armadas brasileiras, que de forma alguma ir�o obstruir as investiga��es que devem ser iniciadas o quanto antes. Estaremos atentos para que tal comiss�o seja composta por pessoas comprometidas com a democracia e com a verdade”.
“Isso � um trabalho para historiadores e pesquisadores”, declarou ele, que tamb�m expressou d�vida sobre o fato de que Dilma Rousseff foi torturada na pris�o. “O estopim foi, sim, a entrevista do general. Mas n�o quer�amos ficar s� como resposta a ele, e sim dizer que estamos cansados de ver isso se repetir: a rea��o absurda desses setores minorit�rios que fazem isso para impedir o real andamento das investiga��es. N�o quisemos colocar pedido de puni��o, Isso � problema do governo. Queremos que o governo, punindo ou n�o, fa�a a comiss�o andar, que n�o recue”, declarou Jo�o Batista.
“Se a gente, a sociedade civil, que � maioria, n�o defender nosso direito de conhecer a hist�ria do Brasil, quem vai?”, completou a diretora L�cia Murat, que foi torturada durante a ditadura. Em dois dias de exist�ncia, a lista j� conta com 110 assinaturas, incluindo nomes de L�cia, Gervitz, Jo�o Bastista, al�m de Ruy Guerra, Hermano Penna, Carlos Alberto Riccelli, Andr� Ristum, Eliane Caff�, Paulo Morelli, Jorge Dur�n, Mariza Le�o, Roberto Farias entre outros.