O ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo, disse nesta quarta-feira, no Recife, n�o ter nenhum temor quanto a uma inquieta��o nas For�as Armadas diante da a��o criminal que o Minist�rio P�blico Federal anunciou que iria ajuizar, no Par�, contra o coronel da reserva Sebasti�o Curi� Rodrigues de Moura, acusado de sequestrar militantes pol�ticos durante a guerrilha do Araguaia (1972-1975).
Ao seu ver, a sociedade brasileira "marcha tranquila na busca do seu resgate hist�rico, na busca da sua verdade" e est� "perfeitamente preparada para que se possa ter uma atua��o neste sentido". A a��o contra Curi� foi justificada pelos procuradores a partir do fato de que cinco v�timas dos sequestros e tortura continuam desaparecidas at� hoje, o que caracteriza crime permanente, que continua ocorrendo at� o aparecimento dos corpos. Dessa forma de acordo com os procuradores, a a��o n�o fere a Lei da Anistia, que impede o julgamento e condena��o por crimes cometidos na �poca da ditadura militar e que anistiou os crimes cometidos at� agosto de 1979.
De acordo com a militante dos direitos humanos e fundadora do movimento "Tortura, nunca mais", Amparo Ara�jo, existem hoje cerca de 500 pessoas desaparecidas no Brasil, v�timas da ditadura militar, cujos algozes, em tese, poderiam vir a ser acionados criminalmente na justi�a, a exemplo do coronel da reserva.
"O Brasil marcha firme na sua perspectiva democr�tica", disse Cardozo. Ele destacou que a Comiss�o da Verdade, recentemente aprovada no Congresso Nacional, n�o tem car�ter punitivo, "mas tem a miss�o de levantar os fatos e colocar para a hist�ria brasileira os resultados daquele per�odo sombrio que vivemos".