Verba do palet� divide opini�o de deputados

Os 77 deputados estaduais n�o se entendem sobre a possibilidade de acabar com o 14º e 15º sal�rios que recebem anualmente, tamb�m conhecidos como verba do palet�. Vinte e seis s�o a favor de acabar com a "ajuda de custo", o que representa 33% do total. Dezesseis (21%) n�o aceitariam uma eventual proposta nos moldes da que extinguiu a regalia no Distrito Federal e 24 (31%) se mostraram indecisos ou n�o quiseram "antecipar" uma posi��o sobre o assunto em enquete feita pelo Estado de Minas. Onze parlamentares n�o foram localizados. Conforme mat�ria publicada em 6 de mar�o, os parlamentares mineiros est�o na contram�o de 10 estados que j� aboliram - ou nunca pagaram - a verba.

Jayro Lessa (DEM) se gaba de n�o precisar dos pouco mais de R$ 40 mil para se vestir, mas diz ter outra motiva��o para defender o benef�cio. "Tem deputado precisando desse dinheiro para viver", garantiu. Questionado sobre o uso do recurso para outros fins, desconversou e disse que comprar terno, camisa, sapato e gravata � "caro". O deputado Hely Tarquinio (PV) admite que n�o gasta toda a verba para comprar o traje exigido no plen�rio da Casa, mas ainda assim n�o abre m�o do benef�cio. Segundo ele, que diz n�o ter "vaidade" para usar ternos caros, tudo o que sobra � aplicado em trabalho social. Questionado pela reportagem quanto gasta com as compras ou quantos ternos tem, o deputado disse que estava tendo sua "intimidade invadida" e desligou o telefone irritado.

H� quem diga que o que est� na lei � para ser cumprido, e por isso n�o votaria pelo fim da verba. � o caso do deputado Gustavo Corr�a (DEM). "Pessoalmente, enquanto estiver previsto na lei, sou favor�vel", argumentou. Mesma opini�o foi a de Tadeuzinho Leite (PMDB) e Adalclever Lopes (PMDB). J� o colega de plen�rio Gustavo Valadares (PSD) prefere n�o estar presente caso uma proposta pelo fim da regalia chegue a tramitar na Casa. Gilberto Abramo (PRB) e Duarte Bechir (PMN) tamb�m alegam que a verba est� prevista em lei federal, mas enquanto o primeiro assume ser contr�rio ao seu fim o segundo diz n�o ter opini�o formada.

Evitando assumir uma posi��o, v�rios parlamentares, como Carlos Henrique (PRB), R�mulo Viegas (PSDB), Arlen Santiago (PTB), Anselmo Domingos (PTC) e Bonif�cio Mour�o (PSDB) disseram que uma decis�o desta natureza seria atribui��o da Mesa Diretora ou fruto de uma decis�o nacional e, portanto, seguiriam essas delibera��es. Ao contr�rio deles, os deputado Pompilio Canavez (PT) , Marques (PTB), Celinho do Sinttrocel (PCdoB) e Carlin Moura (PCdoB) votariam a favor do fim do benef�cio. O argumento deles � o de que nenhum trabalhador recebe o recurso. "Quanto menos caro para a popula��o melhor", acrescentou Jo�o Leite (PSDB), que tamb�m defende o fim do privil�gio.

Sem penduricalho

Favor�vel ao fim da verba, o deputado Andr� Quint�o (PT) afirma que os parlamentares deveriam ter vencimentos nos moldes dos demais trabalhadores brasileiros. "Defendo um valor compat�vel com a sociedade e sem penduricalho para que os parlamentares ganhem o mesmo que outras categorias, com reajustes contemplando a reposi��o da infla��o, pagamento de f�rias e 13º sal�rio." O mesmo diz a deputada Liza Prado (PSB), que votaria sim mas diz que deputados que trabalham precisam de mais dinheiro para sustentar o mandato. Ant�nio Lerin (PSB) tamb�m defende o fim da verba pensando no eleitor. "N�o posso querer defender os meus interesses, tenho de defender a popula��o. Grandes empresas tamb�m exigem terno e os funcion�rios n�o t�m essa verba", argumenta.

Enquanto isso...
…Manobra garante vota��o

Uma manobra do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) garantiu a inclus�o na pauta de ter�a-feira que vem do projeto que acaba com o 14º e 15º sal�rios para senadores e deputados federais na Comiss�o de Assuntos Econ�micos (CAE) do Senado: um pedido de vista coletivo. A alternativa foi adotada diante do adiamento causado por Ivo Cassol (PP-RO), que na tarde de ontem pediu mais tempo para analisar o projeto. A mat�ria prev� que os parlamentares recebam apenas duas ajudas de custo durante todo o mandato, uma no in�cio e outra no fim. Hoje, os dois sal�rios extras s�o anuais. O custo no Senado � de R$ 34,6 milh�es, e na C�mara de R$ 109,6 milh�es.