Bras�lia – Um grupo de parlamentares que integrar� a CPI mista para investigar o bicheiro Carlinhos Cachoeira vai iniciar uma peregrina��o pelo Minist�rio P�blico Federal, Minist�rio da Justi�a, Minist�rio da Fazenda e Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) em busca de novos dados que possam contribuir nos trabalhos da comiss�o. Eles v�o conversar com servidores que atuaram nas opera��es Vega e Monte Carlos, deflagradas pela Pol�cia Federal e que culminaram na pris�o do contraventor em 29 de fevereiro.
A a��o do grupo foi motivada por uma quest�o inusitada: diferentemente de outras comiss�es parlamentares de inqu�rito, a CPI Mista do Cachoeira se inicia ap�s uma exaustiva investiga��o feita pela Pol�cia Federal e pelo Minist�rio P�blico desde 2009. Os principais envolvidos no epis�dio – e que provavelmente ser�o ouvidos pelos parlamentares ao longo dos pr�ximos 180 dias – foram flagrados em conversas telef�nicas autorizadas pela Justi�a.
� a partir desse escopo de informa��es que a comiss�o vai trabalhar. “Como j� h� investiga��es realizadas, queremos que a CPI avance onde puder avan�ar”, disse o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). Ele afirmou que a ideia de formar a comiss�o de parlamentares surgiu no dia em que o requerimento para a cria��o da CPI foi lido em plen�rio, na �ltima quinta-feira.
Segundo ele, ainda deve haver uma reuni�o administrativa para definir como esse trabalho ser� desenvolvido. “Queremos ser informados das dificuldades que foram encontradas ao longo das investiga��es ou mesmo se n�o conseguiram concluir alguma apura��o”, completou Miro. Ele acrescentou que outros prov�veis parlamentares que dever�o fazer parte desse grupo s�o os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Curiosamente, esses dois �ltimos participar�o da CPI na condi��o de suplentes, com vagas cedidas pelo bloco de oposi��o do Senado. O pedetista fluminense, at� o momento, � o �nico titular que far� parte desse grupo.
O l�der do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), reconhece que a CPI come�a com um longo espectro de investiga��es e depoimentos. Mas, ainda sim, defende que a investiga��o no Congresso � importante. “Se n�o cri�ssemos essa CPI, provavelmente o caso ficaria restrito � quebra de decoro do Dem�stenes (Torres, sem partido-GO)”, observou. “N�o � uma comiss�o qualquer. Ela pode desvendar como o crime organizado est� tentando dominar o Estado brasileiro em diversos n�veis”, completou o l�der do PT na C�mara, Jilmar Tatto (SP).
A preocupa��o procede. As investiga��es realizadas at� o momento pela Pol�cia Federal e pelo Minist�rio P�blico mostram que os tent�culos da organiza��o criminosa comandada por Carlinhos Cachoeira s�o longos e esparramados em diversas inst�ncias. A CPI ter� diante de si a tarefa de analisar a rela��o do bicheiro com oito parlamentares. O principal personagem, at� o momento, � o senador Dem�stenes, que enfrenta um processo de cassa��o no Conselho de �tica. Al�m disso, outros seis deputados e um suplente de senador tamb�m est�o na mira da comiss�o.
GRAMPOS
J� no caso da Infraero existe a suspeita de envolvimento de Cachoeira em um contrato para servi�os de inform�tica. Outro que virou alvo da CPI foi o Minist�rio P�blico de Goi�s, a partir de grampos revelados pelo EM ligando Cachoeira, Dem�stenes e o irm�o do senador, Benedito Torres, procurador-geral de Justi�a de Goi�s.
A Delta Constru��es– citada no inqu�rito da PF – j� come�a a sentir os efeitos do esc�ndalo. A construtora que mais cresceu nos �ltimos cinco anos est� sofrendo uma devassa do governo federal. Na sexta-feira, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) publicou em seu site todos os contratos mantidos com a Delta. Ao todo, s�o 21 contratos de duplica��o/constru��o/adequa��o de rodovias federais, que somam R$ 359,05 milh�es. Oito deles est�o ativos, 11 foram conclu�dos e outros dois, paralisados.
Os n�meros s�o bem mais vultuosos nos casos de manuten��o de rodovias: 91 est�o ativos; 155 conclu�dos; e 17 paralisados. Todos esses somam R$ 2,831 bilh�es. A empresa tamb�m anunciou que deixar� o cons�rcio respons�vel pela reforma do Maracan�, uma obra que se aproxima de R$ 1 bilh�o. A presidente Dilma Rousseff ordenou um pente-fino em todos os contratos da Delta, a principal construtora do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC).