An�lise de 4 mil p�ginas do inqu�rito da Pol�cia Federal sobre as atividades do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso desde fevereiro, comprova que ele transformou as sedes da empreiteira Delta Constru��es, em Goi�nia e Bras�lia, em seu gabinete de despacho com os colaboradores da sua organiza��o criminosa. Di�logos de liga��es telef�nicas e encontros entre integrantes do grupo acompanhado pelos federais enterram de vez a insistente negativa da Delta da exist�ncia de liga��es umbilicais entre a empreiteira e o capo da jogatina no Brasil.
Al�m disso, alguns dos integrantes da grupo usaram para operacionalizar suas negociatas ve�culos arrendados em nome da Delta, conforme registros do Departamento Nacional de Tr�nsito (Denatran). E n�o fica s� nisso: a planilha de movimenta��o financeira elaborada pelo delegado federal Deuselino Valadares, s�cio oculto da empresa Ideal Seguran�a com o contraventor, revela intensa movimenta��o de valores do grupo de Cachoeira para a Delta Engenharia.
DESPACHO
Quase tr�s meses depois, em um novo di�logo entre Cl�udio e o contraventor sobre uma opera��o de fechamento de uma casa de bingo, surgiu o nome do Pacheco, demonstrando a extens�o dos contatos de Cachoeira na empreiteira. Cl�udio, depois de tranquiliz�-lo sobre a inexist�ncia de a��o policial, disse que Pacheco gostaria de falar com ele. O di�logo aconteceu em 14 de junho do ano passado, �s 6h39. No entanto, ainda em mar�o, outros telefonemas do contraventor demonstram ainda proximidade f�sica dele com a empreiteira. Entre os dias 20 e 28 daquele m�s, conversas entre Cachoceira e Gleyb Cruz, um dos operadores dos recursos il�citos da organiza��o, mostram que a sede da empreiteira era o local preferido para despachos do capo do jogo. No dia 20, Cachoeira pediu que Gleyb marcasse encontro com um homem identificado apenas como Neguinho, supostamente o delegado Deuselino Valadares, na construtura em Goi�nia. E diz: “Pode marcar na Delta”. No dia seguinte, eles voltaram a conversar e Gleyb demonstrou ter feito o dever de casa: “�, ele chega nove e meia amanh�, eu falei para ele que na hora que chegar ir direto l� na Delta”.
Com naturalidade, Cachoeira voltou a agendar encontros na Delta. Dessa vez, com o delegado Hylo Marques Pereira, titular do 1º Distrito Policial de �guas Lindas de Goi�s, que, segundo o MPF, foi cooptado pela organiza��o criminosa, especializada na jogatina. Em 30 de maio, por volta das 11h, o policial ligou para o contraventor pedindo um encontro. Cachoeira, mais uma vez, escolheu a sede da empreiteira para isso: “L� naquele local, �s duas horas, na Delta”.
Na sede, foi recebido tamb�m o delegado federal Fernando Byron, outro colaborar do grupo, segundo o MPF, conforme outros di�logos gravados. Al�m dessas evid�ncias, os federais conseguiram provas documentais dessa rela��o entre o contraventor e a construtora. Uma equipe de policiais acompanhou um encontro dos colaboradores de Cachoeira e constatou que o ve�culo P�lio placa NKT-0458 � arrendado pela Delta.
ENCONTRO
De acordo com o inqu�rito da Pol�cia Federal, em 10 de agosto, Lenine Ara�jo de Souza – apontado como gerente financeiro e segundo homem na hierarquia da organiza��o criminosa do contraventor – se encontrou com seu s�cio em lojas de ca�a-n�queis, William Vitorino, em Luzi�nia. Eles usavam um Astra e pretendiam se encontrar com o delegado da Pol�cia Civil Niteu Chaves J�nior, segundo a PF, “na data de poss�vel entrega de valores”, ou seja, pagamento de propina a colaboradores. No local combinado, Niteu surgiu conduzindo o Palio. Registros do Denatran revelaram aos federais que o carro estava vinculado ao Santander Leasing S.A., sendo o arrendat�rio a Delta Constru��es S.A., com CNPJ 10.788.628/0017- 14. Coincid�ncia ou n�o, no mesmo dia a contabilidade de Lenine registrou um pagamento no valor de R$ 1 mil, na conta Assist�ncia Social, Se��o Val Para�so, associado ao c�digo N, inicial do nome do policial civil.
As conversas - Di�logos entre o contraventor Carlinhos Cachoeira e Gleyb Cruz, um dos operadores dos recursos il�citos da organiza��o
Data: 20/3/11
Hora: 21h39min27
Carlinhos: O NEGUINHO chegou?
Gleyb: D� uma ligada nele aqui, calma a�.
Carlinhos: Marca amanh� cedo, s� pra mim (sic) passar uma informa��o pra ele. Marca, pode marcar. na DELTA ou na STRAVAGANZA.
Gleyb: Ali t�, calma a�, deixa eu ligar nele (sic) e j� te ligo a�.
Carlinhos: Chama ele (sic) pra tomar caf� na STRAVAGANZA oito e meia.
Gleyb: T�.
Data: 21/3/11
Hora: 21h40min43
Gleyb: �, ele chega nove e meia amanh�, eu falei para ele que na hora que chegar ir direto l� na DELTA.
Carlinhos: Ali t� bom. Um abra�o.
Gleyb: Outro, tchau.
Data: 8/4/11
Hora: 11h33min15
Carlinhos: Onde � que voc� t�?
Gleyb: Na DELTA.
Carlinhos: Cad� o NEGUINHO. T� a�?
Gleyb: J�.
Carlinhos: T� chegando a�.
Gleyb: Falou, tchau.
Data: 12/4/11
Hora: 09h20min43
Gleyb: �pa!
Carlinhos: 6h! Neg�o, cad� o rapaz, eu preciso olhar com ele urgente. Pede pra ele dar um pulinho na DELTA correndo.
Gleyb: Neguinho, n�?
Carlinhos: �.
Gleyb: T�, calma a�.
Data: 26/4/11
Hora 13h56min16
Carlinhos: Voc� vem pra Goi�nia?
Gleyb: Ainda num (sic) fui n�o, vou.
Carlinhos: Marca com NEGUINHO pra ir l� pra DELTA, agora. V� se ele pode ir.
Gleyb: Ele tinha me marcado (sic) se precisasse de qualquer coisa cinco horas. Vou ver se ele pode... ele lava dentro do trem l�.
Di�logo entre Carlos Cachoeira e o delegado da Pol�cia Civil de Goi�s Hylo Marques Pereira
Data: 30/5/11
Hora: 11h29min49
Hylo: Quando � que n�s podemos ver?
Carlinhos: Ou!
Hylo: T� aqui no f�rum.
Carlinhos: Uai, ent�o vamos encontrar. Vamos fazer o seguinte: meio �... Vamos encontrar uma e meia...
Hylo: Uma e meia? Onde?
Carlinhos: L� naquele local, �s duas horas, na DELTA.
Hylo: Pode ser. Beleza, de boa.
Carlinhos: Duas horas...
Hylo: N�o, uma e meia, sabe por qu�? Duas e meia o Ant�nio Carlos quer falar comigo na secretaria. J� deve ser essa porra! Mas tudo bem. J� vou com o resultado. Um abra�o. Tchau.
Carlinhos: Uma e meia...