Bras�lia – A Pol�cia Federal (PF) detectou “di�logos telef�nicos suspeitos” referentes ao deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO) no curso da investiga��o que culminou na Opera��o Monte Carlo. Um dos relat�rios enviados pela PF ao Supremo Tribunal Federal (STF), que abriu inqu�rito para investigar a rela��o entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o senador Dem�stenes Torres (sem partido-GO), destaca trechos de conversas entre integrantes da organiza��o criminosa, com men��es a Mabel. O relat�rio de “encontros fortuitos” de provas pontua autoridades pol�ticas suspeitas de rela��o com o bicheiro e que s� podem ser investigadas pelo Superior Tribunal de Justi�a (STJ) ou pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em raz�o do foro privilegiado. Um dos t�picos � referente ao deputado do PMDB, um dos mais influentes do PR at� o in�cio de outubro. Em entrevista ao Estado de Minas, Mabel negou qualquer rela��o com Cachoeira, mas admitiu ter encontrado o bicheiro “num jantar ou numa festa”.
As transcri��es das conversas mostram ainda cita��es aos governadores do Paran�, Beto Richa (PSDB), e de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB). Um encontro entre Cachoeira e o presidente do PRTB, Levy Fidelix, foi agendado por outro araponga do grupo, Idalberto Matias de Ara�jo, o Dad�. O bicheiro tinha interesse em controlar o partido, conforme as investiga��es da PF. Cachoeira chegou a dizer que estava “de olho” tamb�m no PRP.
A PF listou “encontros fortuitos” de provas envolvendo o prefeito de Itumbiara, Jos� Gomes da Rocha (PP), que se reuniu com o ex-vereador Wladmir Garcez, denunciado na Opera��o Monte Carlo, para supostamente tratar de “uma poss�vel viabiliza��o de aquisi��o emergencial sem licita��o”. A prefeita de Valpara�so de Goi�s, L�da Borges (PSDB), teria se reunido com Cachoeira para tratar de assuntos pol�ticos, segundo os di�logos telef�nicos transcritos no inqu�rito no STF.
Temporada de defini��es
Apesar de ser uma semana reduzida pelo feriado de amanh�, integrantes da Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) mista do Cachoeira e do Conselho de �tica do Senado prometem dias agitados no Congresso. Se hoje os parlamentares devem o emendar o 1º de Maio, o clima ser� diferente na quarta-feira, quando o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), apresenta o cronograma de atividades, principalmente com a marca��o dos primeiros depoimentos.
“N�o h� como atrasar em meio a toda essa crise. Temos um calend�rio apertado. N�o podemos perder dois dias que seja. Houve at� uma proposta do presidente Marco Maia (PT) na �ltima reuni�o de l�deres, para que n�o houvesse atividades, mas ela acabou n�o indo para a frente", ressaltou o l�der do PPS na C�mara e integrante da CPI do Cachoeira, Rubens Bueno (PR). “A semana n�o se interrompe. Mesmo em pleno feriado h� muita coisa em estudo. E parafraseando o doutor Ulysses: ‘A CPI � conduzida pela sua excel�ncia, o fato’”, lembrou o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).
A ideia inicial � de que os primeiros a serem convidados sejam os respons�veis pelas investiga��es das opera��es Vegas e Monte Carlo. Uma visita ao gabinete do procurador-geral da Rep�blica, Roberto Gurgel, est� prevista para ocorrer na manh� de quarta-feira. Na ocasi�o, Odair Cunha e o presidente da CPI, senador Vital do R�go (PMDB-PB), devem fazer o convite ao procurador. Conforme mostrou o Estado de Minas na edi��o de ontem, Gurgel � impedido legalmente de depor na CPI. De acordo com assessoria da Procuradoria-Geral da Rep�blica, esse impedimento est� baseado na combina��o de artigos da Constitui��o e do C�digo de Processo Penal – um juiz (no caso, a CPI) n�o poder� exercer jurisdi��o no processo em que houver desempenhado fun��es de �rg�o do Minist�rio P�blico.
Numa segunda etapa da CPI, dever�o comparecer os personagens citados nas investiga��es, entre eles, Carlinhos Cachoeira. A defini��o do cronograma ainda deve ser discutida horas antes de ser apresentada no colegiado, durante almo�o da bancada do PT.
Sequestro de bens e suspeitos
Novos pedidos de investiga��o contra pessoas citadas nas opera��es de Cachoeira tamb�m devem ser apresentados na CPI. “Vou apresentar requerimentos mais densos, como o que pede o sequestro de bens dos suspeitos de envolvimento no esquema, para assegurar que, em caso de condena��o, o povo possa ser restitu�do do dinheiro desviado”, adiantou Miro Teixeira. Na lista do deputado est�o Cachoeira; o ex-presidente da Delta Fernando Cavendish; o ex-diretor da empresa no Centro-Oeste Claudio Abreu; e a pr�pria Delta.
Na quinta-feira, ser� a vez de o senador Humberto Costa (PT-PE) apresentar no Conselho de �tica o relat�rio em que apontar� se houve ou n�o quebra de decoro por parte de Dem�stenes Torres (sem partido-GO), citado em escutas da Opera��o Monte Carlo. “No momento, estou fazendo o trabalho de contrapor o que foi apresentado na defesa com a representa��o”, disse Costa. Segundo ele, tamb�m vai avaliar o hist�rico de atua��o de Dem�stenes no Senado, levantando discursos e projetos propostos pelo senador. Atualmente, h� pelo menos 200 proposi��es apresentadas pelo goiano entre projetos e requerimentos.
‘CPI explosiva’
O presidente da C�mara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), disse ontem acreditar que os trabalhos daCPI do Cachoeira sejam conclu�dos at� agosto. “Quatro meses de CPI s�o suficientes, se o processo for bem conduzido”, avalia Maia. De acordo com ele, a pauta dos trabalhos deve ser apresentada pelo relator Odair Cunha (PT-MG) na quarta-feira. Apesar da previs�o otimista relativa ao t�rmino das investiga��es, Maia se revela preocupado com o andamento da CPMI. “Ser� explosiva”, afirmou o parlamentar, durante o 11º F�rum de Comandatuba, que re�ne empres�rios e pol�ticos na Bahia. “Uma coisa s�o essas pessoas (os acusados) dando depoimento � Pol�cia Federal, que � fechado, outra � uma investiga��o a portas abertas, como no Congresso. Vai haver contradi��es, perguntas de todos os lados e detalhes que n�o est�o nas investiga��es ser�o revelados.”