O delegado da Pol�cia Federal Raul Alexandre Marques Sousa classificou nesta quarta-feira, durante depoimento reservado da CPI do Cachoeira, de uma "verdadeira met�stase" a atua��o do grupo comandado pelo contraventor. Nas seis horas de reuni�o com os parlamentares, Sousa detalhou a forma de agir do grupo que, aos moldes das m�fias, pagava regularmente propina a servidores p�blicos por informa��es e n�o admitia que os integrantes se apropriassem de recursos do esquema de jogos ilegais.
Segundo o Sousa, o "grupo poderoso", principalmente seu l�der Carlinhos Cachoeira, tinha grande preocupa��o com o vazamento de informa��es. Por precau��o, Cachoeira sempre trocava de telefones para tentar fugir dos grampos telef�nicos. O delegado, segundo relatou integrantes da comiss�o � reportagem, admitiu que essas constantes trocas dificultavam a continuidade das apura��es. Mas a sorte virou quando o grupo passou a usar os famosos Nextel. Esses aparelhos n�o s�o imunes � intercepta��o dos �udios, apenas os registros das liga��es s�o apagados.
As investiga��es descobriram o envolvimento de dois integrantes da PF com o vazamento de batidas policiais nas m�quinas ca�a n�queis no Estado de Goi�s e no entorno do Distrito Federal, �rea de atua��o do grupo. Eles recebiam propina, assim como, segundo o delegado, policiais e outros servidores p�blicos estaduais e municipais. Era a rede de prote��o do contraventor. A guarida era tamanha, disse, que eles abordavam carros oficiais antes de realizarem batidas de busca e apreens�o de equipamentos. Ou at� se antecipavam �s opera��es, trocando m�quinas novas por velhas.
Entrada
O delegado disse que Cachoeira s� liberava a entrada de novos exploradores do neg�cio mediante o pagamento de comiss�es que alcan�avam 30% do faturamento. Em abril de 2009, as investiga��es descobriram que um integrante do grupo de Cachoeira foi mantido em c�rcere privado porque o contraventor desconfiava que ele teria se apropriado de parte dos ganhos do esquema. O contraventor delegou a tarefa de dar uma "prensa" nesse integrante aos arapongas Jairo Martins e Idalberto Matias Ara�jo, o Dad�. "Era uma verdadeira met�stase", classificou o delegado. Na ocasi�o, as investiga��es j� mostravam uma rela��o de Cachoeira com a empreiteira Delta. O contraventor j� foi visto despachando mat�rias no escrit�rio da Delta em Goi�nia, onde atuava Cl�udio Abreu.
Cachoeira tamb�m, segundo indicaram as escutas telef�nicas, tinha interesse na compra de bens em Miami. Mas, no depoimento, o delegado disse que a movimenta��o do grupo n�o conseguiu ser mapeada porque n�o foi pedida a quebra do sigilo banc�rio do contraventor e das empresas do grupo.
O delegado disse que a apura��o da PF foi parada no momento em que apareceram as conversas com parlamentares com prerrogativa de foro, como o senador Dem�stenes Torres (sem partido-GO). O caso foi remetido ao procurador-geral da Rep�blica, Roberto Gurgel, em meados de 2009. Mas a mulher dele, a subprocuradora Cl�udia Sampaio, avaliou que n�o havia ind�cios suficientes para que a apura��o contra essas autoridades continuassem no Supremo Tribunal Federal (STF).
"N�o tenho conhecimento de devolu��o para a primeira inst�ncia", respondeu o delegado, quando perguntado por um parlamentar se soube da volta do inqu�rito da Opera��o Vegas. Ele disse ter colaborado posteriormente com a Opera��o Monte Carlo, que acabou por prender, em fevereiro passado, Cachoeira e seu grupo.