Bras�lia – A situa��o do senador goiano Dem�stenes Torres (sem partido) ficou ainda pior ap�s os depoimentos secretos prestados ontem, no Conselho de �tica do Senado, pelos delegados da Pol�cia Federal Matheus Mella Rodrigues e Raul Alexandre Marques, respons�veis pelas opera��es Vegas e Monte Carlo. Parlamentares revelaram que os investigadores citaram um di�logo em que Gleyb Ferreira da Cruz, tesoureiro da organiza��o criminosa chefiada pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira, ligou para o contraventor dizendo que estava na frente da casa do senador “com os R$ 20 mil de Dem�stenes”. Ao perguntar a Cachoeira o que era para fazer com o dinheiro, recebeu como resposta: “Uai, entrega o trem a ele.”
Parlamentares de diversos partidos sa�ram da sess�o alegando que n�o restava mais qualquer d�vida de que Dem�stenes colocou o mandato a servi�o do crime. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) avalia que n�o h� condi��es de Dem�stenes continuar no Senado. “Pelo depoimento dos delegados, percebemos que o parlamentar tem uma atua��o de algu�m que defende interesses da contraven��o no Parlamento.” Num dos di�logos, o senador diz que discorda da interpreta��o de Cachoeira em rela��o a uma lei espec�fica para legaliza��o dos bingos, mas, mesmo assim, avisa que faz o que ele quiser.
O relator do processo, senador Humberto Costa (PT-PE), afirmou que os depoimentos foram bastante desfavor�veis, mas preferiu n�o emitir nenhum ju�zo de valor em rela��o � atua��o parlamentar de Dem�stenes. “Na verdade, na condi��o de relator, n�o cabe a mim tecer coment�rios sobre a situa��o do senador. Acho que o importante dos depoimentos foi a reafirma��o do tipo de relacionamento entre Dem�stenes e Cachoeira.”
O parlamentar pernambucano afirmou que o bicheiro � testemunha de defesa de Dem�stenes. Cachoeira vai ser ouvido no Conselho de �tica na pr�xima semana. “Ao contr�rio da CPI, acredito que no Conselho de �tica, pelo fato de ser testemunha de defesa demandada por Dem�stenes, ele deve falar. O sil�ncio prejudicaria o senador. Se ele tem o que dizer em defesa de Dem�stenes, ele deve comparecer.”
Durante o depoimento dos delegados, a defesa do senador fez perguntas para tentar mostrar que ele era investigado ilegalmente. Em nenhum momento os defensores do parlamentar se referiram ao m�rito da quest�o. Os delegados deixaram claro que Dem�stenes n�o era alvo da investiga��o. O senador teria ca�do nos grampos em raz�o dos di�logos frequentes com os integrantes do esquema.