A imin�ncia de os reflexos da crise econ�mica global, sobretudo a que atinge os pa�ses europeus, atingir o mercado de trabalho brasileiro j� est� gerando tens�o nas rela��es entre sindicatos de trabalhadores e o governo da presidente Dilma Rousseff. Mesmo sendo considerada afilhada pol�tica de um ex-presidente oriundo do meio sindical e ter herdado a administra��o de Luiz In�cio Lula da Silva, dirigentes das principais centrais sindicais do Pa�s reclamam que as rela��es entre os representantes dos trabalhadores e o governo federal podem entrar em colapso, em raz�o da falta de um canal eficiente de comunica��o do governo com os trabalhadores.
O reflexo desse descontentamento ficou evidente no cancelamento de duas agendas oficiais nos �ltimos dias. Na �ltima sexta feira, a presidente cancelou sua presen�a na cerim�nia de inaugura��o da unidade Jos� Alencar Gomes da Silva do Campus Diadema da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp) devido � presen�a de professores grevistas que planejavam um protesto. Na segunda-feira, Dilma cancelou outra visita, desta vez a Porto Alegre, onde iria inaugurar duas esta��es de metr� que receberam verbas do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC), por conta de uma paralisa��o de metrovi�rios.
Os dirigentes da Uni�o Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, e da For�a Sindical, deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, licenciado da central para disputar as elei��es municipais de S�o Paulo, reclamam que na gest�o Dilma foram realizadas apenas tr�s reuni�es com as centrais sindicais e que, durante esses encontros, apenas a Central �nica dos Trabalhadores (CUT) teve voz ativa. Procurada, a CUT n�o quis se pronunciar.
Protestos
Na avalia��o de Patah, os protestos, como os que interferiram na agenda presidencial, foram ocasionados principalmente pela falta de interlocu��o com Dilma. "Se tivesse mais proximidade, tudo poderia ter sido evitado. Por mais duras que sejam essas quest�es, a boa rela��o com as centrais poderia evitar tudo isso", avalia. Patah afirma ainda que no governo do ex-presidente Lula havia reuni�es frequentes, at� mensais, entre governo e lideran�as sindicais. "Isso valorizava nossas demandas", destaca.
O sindicalista adverte que a piora no cen�rio econ�mico pode aumentar as tens�es entre governo e sindicatos. "Quando o crescimento econ�mico est� razo�vel e tem emprego, as coisas s�o minimizadas. Mas com a crise h� possibilidade de as rela��es esfriarem ainda mais", diz. Patah lembra que durante a crise econ�mica de 2008, devido � proximidade de Lula com as centrais sindicais, houve parceria entre governo e sindicatos. "Ele contou com o movimento sindical e a nossa contrapartida foi a manuten��o dos empregos nos pacotes econ�micos", diz.
Paulinho e Ramalho tamb�m concordam com esta an�lise. Paulinho reclama da falta de reuni�es com o governo. "As reuni�es existentes foram apenas para marcar outras reuni�es. Nada foi decidido. Isso tem gerado muito desconforto", afirma.
Segundo o presidente licenciado da For�a Sindical, n�o h� ningu�m no governo federal apto para negociar com as centrais sindicais. "Precisa ter algu�m com quem conversar no governo Dilma", diz. "Quando o governo indica algu�m, essa pessoa n�o tem poder para resolver os problemas da classe trabalhadora. � por isso que as rela��es v�o se complicando."