
A nomea��o de Boninho, como � conhecido em Barbacena, foi publicada no Di�rio Oficial do TCE no dia 23. Advogado, o filho de Andrada, de 25 anos, pensava, pelo menos inicialmente, ao t�rmino da faculdade, h� cerca de tr�s anos, em prestar exame para o Itamaraty e se enfronhar em uma carreira diplom�tica. Antes, no entanto, anunciou que queria estudar ingl�s na Austr�lia.
No TCE, por�m, ter� vida bem mais tranquila que a prepara��o para o temido teste de acesso ao Minist�rio das Rela��es Exteriores do governo brasileiro. O cargo que vai ocupar no gabinete do presidente Wanderley �vila � o de um “figurante muito bem remunerado”, na defini��o de um servidor do tribunal. “N�o � uma fun��o de relev�ncia. � uma esp�cie de transmitidor de recados para o presidente”, afirma.
Um ocupante anterior do cargo, Leonardo Ferraz, no entanto, chegou a se destacar no posto, lembra o servidor. Tamb�m era filho de um ex-presidente do TCE, Jos� Ferraz, que morreu em 2004. “A diferen�a � que trabalhou no tribunal durante 20 anos, mesmo depois da morte do pai. Tinha autonomia. Resolvia problemas e representava os presidentes que assessorou fora do TCE. ”, lembra o funcion�rio. O tempo, portanto, pode ajudar Boninho a alcan�ar brilho maior, caso n�o volte a pensar na Austr�lia ou retomar o projeto Itamaraty.
A nomea��o do filho de Andrada como assessor na presid�ncia do TCE faz parte de uma esp�cie de pacote de bondades – bancado com dinheiro p�blico – criado no fim da gest�o do conselheiro. Nos dias 18, 19 e 20 deste m�s, um fim de semana, 445 servidores do tribunal foram participar, com tudo pago pela Corte, de um workshop num hotel fazenda em Caet�, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. A conta ficou em R$ 336 mil, conforme licita��o feita pelo TCE para contra��o do servi�o.
Na justificativa para a abertura da concorr�ncia, o tribunal alegou que, para alcan�ar “o resultado almejado”, o grupo precisaria realizar trabalhos em “regime de imers�o em espa�o localizado fora do ambiente de trabalho e da capital”. Ali�s, imers�o era o que n�o faltaria no hotel, que oferece piscinas externas com tobo�gua e internas climatizadas. J� a parte do edital que falava em “espa�o fora do local de trabalho e da capital” parece na medida para evitar a utiliza��o do audit�rio do TCE, na sede do tribunal, na Avenida Raja Gabaglia, com capacidade para 300 pessoas, para o workshop.
Nepotismo Com a nomea��o do filho depois de sua ren�ncia, o ex-conselheiro Andrada escapa da lei federal que pro�be o nepotismo. Ele mesmo disse ontem ao Estado de Minas que a indica��o do filho para o cargo � sua e que s� n�o o fizera antes porque configuraria nepotismo. Segundo Andrada, Boninho merece o cargo porque tem curso superior e est� fazendo mestrado. “Ser� um curinga do presidente”, afirmou.
No discurso de despedida da presid�ncia do TCE, o ex-conselheiro citou o av�, Zezinho Bonif�cio, deputado federal por quadro mandatos, de 1945 a 1962. Disse o ex-presidente do tribunal: “E s� hoje, passados tantos anos, pude entender a dimens�o daquelas assertivas, que ecoam cada vez mais alto nas minhas lembran�as, como um irresist�vel chamamento a despertar minha voca��o p�blica. Ele, discursando em ambiente de muita vibra��o pol�tica, em certo trecho de sua fala, dirigindo-se aos presentes como que definindo ou justificando seu comportamento, disse: ‘O homem p�blico tem como morada as pra�as. E como ref�gio as ruas das cidades. Para as pra�as e ruas. � pra l� que eu vou’”. Andrada pode at� ir ao relento, mas deixa o filho muito bem abrigado no gabinete que ocupou.
Enquanto isso...
…Cinco lutam por vaga
A vaga de Ant�nio Carlos Andrada, primeiro conselheiro a renunciar � vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE) de Minas Gerais, s� deve come�ar a ser disputada oficialmente nos pr�ximos dias, quando for lida a vac�ncia no plen�rio do Legislativo, mas j� � disputada por pelo menos cinco pr�-candidatos na Assembleia. De olho no cargo vital�cio, com sal�rio de R$ 24.117,62 e todas as prerrogativas de um desembargador de Justi�a, os deputados Doutor Viana (DEM), Sebasti�o Costa (PPS), Ivair Nogueira (PMDB) e Dalmo Ribeiro (PSDB) se movimentam para convencer os colegas parlamentares, que decidir�o no voto quem ser� o pr�ximo conselheiro. Por fora corre o consultor da Casa Alexandre Bossi, vice-presidente do Conselho Estadual de Contabilidade. O n�mero de candidatos ainda pode crescer. Conforme mostrou o Estado de Minas na �ltima segunda-feira, a vaga � aberta a qualquer brasileiro que tenha entre 35 e 65 anos e not�rios conhecimentos jur�dicos, cont�beis, econ�micos, financeiros ou de administra��o p�blica, comprovados com no m�nimo 10 anos no exerc�cio das respectivas fun��es. Tamb�m � preciso idoneidade moral e reputa��o ilibada.