Bras�lia – O prolongamento da crise de confian�a sobre a Delta Constru��es foi a justificativa oferecida pela J&F Holding, que estava havia menos de um m�s no controle da empreiteira, para desistir de consumar a compra da empresa. Investigada por irregularidades em contratos com o governo federal e citada no inqu�rito que investiga o contraventor Carlinhos Cachoeira, a construtora estava sob a administra��o da holding desde o in�cio de maio. No entanto, a decis�o de adquirir a Delta s� seria tomada ap�s uma auditoria nos ativos e contratos. A aprova��o da quebra dos sigilos banc�rio, fiscal e telef�nico, em �mbito nacional, foi determinante para o recuo.
Em nota oficial, divulgada ontem, a J&F Participa��es S.A., controladora do frigor�fico JBS-Friboi, informou que “rescinde hoje o memorando de entendimentos que prev� a gest�o do Fundo de Investimento em Participa��es Sofi, controlador da Delta Constru��es S.A., e a op��o de compra do controle acion�rio do Grupo Delta”. Ainda segundo o documento, o prolongamento da crise sobre a empresa “tem deteriorado o cen�rio econ�mico-financeiro da construtora, gerando um fluxo negativo e alterando substancialmente as condi��es inicialmente verificadas”. Segundo a holding, ela tinha garantido em contrato o direito de rescindir o memorando sem aplica��es de multas. A J&F, que atua em diferentes ramos de neg�cios, tamb�m afirmou que “segue avaliando outras oportunidades no setor de constru��o e infraestrutura no pa�s”.
Quando anunciou a gest�o da Delta, em 9 de maio, o acionista da J&F Joesley Batista afirmou: “nosso objetivo � honrar os contratos que ser�o auditados e preservar os mais de 30 mil empregos da Delta”. O contrato preliminar dava direito � empresa de substituir a estrutura administrativa da Delta, incluindo presidente, diretores e membros do Conselho de Administra��o. Agora, uma das possibilidades � integrar a estrutura da Delta a uma nova empresa do grupo.
Mandado A Delta Constru��es ingressou ontem com um mandado de seguran�a no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar impedir a quebra do sigilo da empresa, autorizado no �ltimo dia 29, pela Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) mista do Cachoeira. O documento pede a concess�o de uma liminar para sustar imediatamente os efeitos da decis�o da CPI at� que o m�rito do mandado de seguran�a seja analisado pela Corte. O pedido da Delta ser� apreciado pela ministra Rosa Maria Weber, que n�o se manifestou sobre o assunto. Ainda n�o existe prazo para a aprecia��o.
Segundo a Delta, a quebra dos sigilos n�o teve “fundamenta��o” por parte da CPI. O mandado questiona o fato de a CPI apurar as supostas atividades il�citas de Carlinhos Cachoeira apenas em cinco estados, e n�o, nacionalmente. “Contrariando as pr�prias informa��es constantes da instaura��o, dos requerimentos e plano de trabalho da CPMI, que apontavam que o objeto da investiga��o era apenas e t�o somente fatos relativos a regi�o Centro-Oeste, foi determinada a quebra de sigilo (…) em todo o territ�rio nacional”, critica. O mandado de seguran�a frisa que a empresa est� presente em mais de 20 estados brasileiros e tem 51 anos de exist�ncia. Outro ponto criticado � o fato de os sigilos terem sido quebrados a partir do dia 1º de janeiro de 2003, sem “os motivos e a necessidade concreta”.
Nos �ltimos anos, a Delta chegou a acumular R$ 4,5 bilh�es em contratos com o poder p�blico e se tornou a principal empreiteira do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC). O senador Pedro Simon (PMDB-RS) defendeu ontem a cria��o de uma for�a-tarefa para investig�-la, com a participa��o da Pol�cia Federal, Minist�rio P�blico, Receita Federal, Controladoria Geral da Uni�o (CGU) e Interpol. “A desist�ncia do neg�cio, depois de anunciada a quebra de sigilo da construtora lan�a mais sombras de d�vida sobre a empresa.”
Enquanto isso, presidente da CPI faz cateterismo
O senador Vital do R�go Filho (PMDB/PB), presidente da CPMI do Cachoeira, passou mal na quinta-feira e foi submetido a um cateterismo ontem no Hospital S�rio-Liban�s, em S�o Paulo. Segundo boletim m�dico divulgado ontem, o exame n�o identificou nenhuma anormalidade e o senador deve receber alta m�dica hoje. Vital do R�go est� sendo acompanhado por Roberto Kalil Filho, cardiologista do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff, e pelo Dr. �talo Kumamotto. Segundo sua assessoria de imprensa, o senador passou por um check-up e passa bem.