
Na sess�o anterior ao depoimento do delegado da Pol�cia Federal Matheus Mella Rodrigues, os integrantes da CPI decidiram realizar uma sess�o secreta, para evitar que as defesas dos suspeitos fossem municiadas com informa��es fornecidas pelo policial e pelos pr�prios parlamentares. No dia da oitiva, por�m, os membros do colegiado foram surpreendidos com a presen�a dos advogados do senador Dem�stenes Torres (sem partido-GO), do ex-diretor da Delta Cl�udio Abreu e do bicheiro Carlinhos Cachoeira no plen�rio fechado. Depois de muita confus�o, o depoimento foi retomado. Legalmente, os advogados realmente tinham o direito de acompanhar a sess�o.
O cap�tulo mais vergonhoso da CPI at� o momento, o bate-boca entre o deputado S�lvio Costa (PTB-PE) e o senador Pedro Taques s� ocorreu porque o presidente da comiss�o, senador Vital do R�go (PMDB-PB), desrespeitou a regra de n�o conceder a palavra aos integrantes da comiss�o no momento em que os depoentes decidem ficar calados. Vital quis fritar Dem�stenes e deixou S�lvio Costa solto, permitindo-lhe que se pronunciasse. Perdeu a condu��o. O senador Pedro Taques (PDT-MT) interrompeu Costa, acusando-o de desrespeitar o depoente com ofensas. Quando Vital do R�go quis recuperar as r�deas j� era tarde. A confus�o j� estava feita: o deputado reagiu, vociferando palavr�es, e a sess�o teve de ser encerrada.
O l�der do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), atribui os micos de seus colegas � inexperi�ncia de boa parte dos selecionados para integrar a CPI: “Nesse epis�dio da discuss�o de Taques e Costa, o presidente n�o tinha de dar a palavra a ningu�m. Deveria apenas ter dispensado o Dem�stenes assim que ele avisou que permaneceria calado. Tem muita gente nova querendo mostrar servi�o, participa��o. Vez ou outra, eles acabam se atrapalhando. Em outros casos, h� a busca pelo holofote, o desejo de ser a estrela das imagens da noite”, resume o senador.
Perda de tempo
A falta de conhecimento jur�dico � tamanha que uma sess�o da CPI chegou a ser adiada ap�s o deputado Gladson Cameli (PP-AC) afirmar que a comiss�o n�o teria poderes para convocar governadores. A informa��o equivocada fez com que a vota��o dos requerimentos s� ocorresse uma semana depois. Em outra passagem, a CPI encaminhou requerimento ao Supremo Tribunal Federal pedindo os autos da Opera��o Vegas. No entanto, os documentos estavam na Justi�a de Goi�s. O STF tinha apenas as informa��es da Opera��o Monte Carlo. A comiss�o perdeu tempo e abriu precedente para os acusados afirmarem que a CPI n�o havia disponibilizado os autos. A trapalhada beneficiou Cachoeira, que teve o depoimento adiado.
O sil�ncio do bicheiro provocou um festival de pixotadas. Os integrantes j� sabiam que ele n�o iria se pronunciar e, mesmo assim, n�o bolaram nenhuma estrat�gia. Discutiram entre si na frente do depoente. Mais uma vez, depois de muita confus�o, a CPI decidiu que os parlamentares n�o deveriam mais fazer nenhuma pergunta a ele para n�o ajud�-lo em outra oitiva. Era tarde. Cachoeira recebeu um treino de luxo. “Fica n�tido que faltam procedimentos e crit�rios � CPI. A aus�ncia desses dois elementos abre espa�o para a superconcentra��o de decis�es nas m�os do relator (deputado Odair Cunha, do PT-SP) e do presidente”, critica o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).