A passagem de Dilma pelo c�rcere de Juiz de Fora foi mais mineira, no sentido de reservada, mas nem por isso menos dura. Conforme depoimento pessoal, durante quase um m�s Dilma ficou sozinha na cela, na condi��o de clandestina, sendo torturada em Juiz de Fora. “Fiquei em absoluto isolamento, mantendo contatos apenas com os meus torturadores, entregue por um carcereiro, que tamb�m me conduzia ao banheiro, quando conseguia andar. Nesse per�odo, fui submetida, por quase um m�s, a interrogat�rios e a toda sorte de torturas”, revelou a presidente, por escrito, em documenta��o anexa ao depoimento pessoal, que consta do processo mineiro do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Conedh-MG).
Nem sob tortura intensa, a ent�o jovem militante pol�tica de esquerda, de codinome Estela, confirmou a suspeita de infiltra��o de colegas da pr�pria organiza��o no meio policial e militar. Tampouco revelou a identidade desses tais militantes infiltrados nem sequer o nome da organiza��o a que pertencia. Somente em 2001, diante da dupla de estagi�rios do Conedh-MG, Dilma revelou o nome de todos os grupos a que pertencera. Em voz alta, revelou com todas as letras: “Eu pertenci �s seguintes organiza��es: Colina, Polop, O… (l�-se � Pontinho) e VAR. A Polop deu Colina, VPR e POC”.
“Ainda vai ser necess�rio mais tempo para que essa hist�ria bonita de luta seja entendida sem paix�o”, compara Jos� Francisco da Silva, que era secret�rio-adjunto de Direitos Humanos na �poca e foi respons�vel por enviar a jovem equipe � capital ga�cha. Embora tivesse direito � indeniza��o, por ter militado na Faculdade de Filosofia e Ci�ncias Humanas, a antiga Fafich da Rua Carangola, Chico nunca reivindicou o valor, evitando qualquer risco de manchar a imagem da comiss�o mineira, a primeira do pa�s a come�ar a pagar as indeniza��es �s v�timas de tortura.
Perante os “meninos do Chico”, Dilma continua contando a hist�ria do Brasil depois de 31 de mar�o de 1964, data do golpe militar. “Em Minas, fiquei s� com a Terezinha. Um dia, a gente estava nessa cela, sem vidro. Um frio de c�o. Eis que entra uma bomba de g�s lacrimog�nio, pois estavam treinando l� fora. Eu e Terezinha ficamos queimadas nas mucosas e fomos para o hospital”, continua a presidente. N�o se sabe quem teria sido essa Terezinha.
No movimento de esquerda de BH, onde Dilma militava, n�o h� registros conhecidos da participa��o de uma Terezinha, nem com esse nome verdadeiro nem falso. “Eu me lembro da Dilma quando ia visitar a minha m�e na pris�o. Eu tinha apenas 15 anos. Gostaria de me esquecer dessas mem�rias”, afirma Eug�nia Cristina Godoy de Jesus Zerbini, hoje com 58 anos, advogada e escritora em S�o Paulo. Ela � filha da �nica Terezinha j� citada nos escritos conhecidos sobre a �poca da ditadura. “Se a passagem deu-se em Minas, em 1972, asseguro que essa Terezinha n�o � minha m�e”, diz.
“Mam�e ficou detida de mar�o a dezembro de 1970 na Oban (Opera��o Bandeirantes) de S�o Paulo. Em 1972, ela n�o poderia estar em Juiz de Fora com a Dilma, pois j� tinha ganhado a liberdade e me pegava diariamente na faculdade com seu Dodge Dart”, explica, por telefone, da capital paulista. Hoje com 84 anos, Therezinha Zerbini era casada com o general Euryale de Jesus Zerbini, desertor da ditadura, e fundou o Movimento Feminista pela Anistia, denunciando que havia perseguidos pol�ticos sendo presos e torturados no Brasil.
E quanto ao estudante da Faculdade de Medicina da UFMG �ngelo Pezzuti, dirigente do Colina? Segundo o grupo Tortura Nunca Mais, �ngelo foi banido do pa�s em 1970, trocado com outros 39 companheiros, inclusive o irm�o Murilo Pezzuti, pelo embaixador alem�o (esse foi um dos sequestros de embaixadores praticados pelas organiza��es de luta armada com o objetivo de libertar seus militantes torturados no pa�s). Em 1971, �ngelo encontrou-se no Chile com sua m�e, Carmela Pezzuti, tamb�m banida do Brasil por suas atua��es pol�ticas. Com o golpe chileno, �ngelo foi para o Panam� e depois para a Fran�a, onde morreria em Paris, em 1974, em um acidente de motocicleta.
Repercuss�o
El Mundo (Espanha)
Dilma Foi torturada com choques el�tricos durante a ditadura
Al�m de eletrochoques, a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, sofreu pancadas que lhe arrancaram um dente, tamb�m enfrentando torturas psic�logicas com a simula��o de fuzilamento, segundo divulgaram os jornais Correio Braziliense e Estado de Minas.
ABC (Espanha)
Dilma Rousseff foi torturada com eletrochoques na ditadura
A presidente foi golpeada at� que lhe arrancaram um dente e foi v�tima de t�cnicas de tortura psicol�gica com a simula��o de um fuzilamento, segundo divulgam os di�rios Correio Braziliense e Estado de Minas.
Te Interessa (Espanha)
A presidente do Brasil foi torturada com eletrochoque durante a ditadura
Dilma Rouseff relata os escabrosos m�todos de tortura que sofreu durante os tr�s anos em que esteve presa por se opor ao regime militar.
El Mercurio (Chile)
A imprensa brasileira revela as torturas sofridas por Dilma Rousseff
A presidente recebeu choques el�tricos durante a ditadura, segundo divulgaram os di�rios Correio Braziliense e Estado de Minas.
Cooperativa (Chile)
Presidente relatou eletrochoques e pancadas sofridas durante a ditadura militar
Uma entrevista concedida pela presidente do Brasil, Dilma Rousseff, ao Conselho de Direitos Humanos de Minas Gerais, em 2001, foi divulgada pelos di�rios Correio Braiziliense e Estado de Minas, em que ela relata as torturas sofridas quando esteve presa na ditadura.
Emol (Chile)
Imprensa brasileira revela torturas sofridas por Dilma durante a ditadura
A presidente sofreu choques el�tricos durante a ditadura, segundo divulgaram os di�rios Correio Braziliense e Estado de Minas.
Cr�nica Viva (Argentina)
Brasil: meios revelam detalhes de torturas a Dilma Rousseff
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, foi torturada com eletrochoques enquanto permanecia presa durante a �ltima ditadura brasileira, informa neste domingo a imprensa deste pa�s.
24 Horas (Peru)
Dilma Rousseff recebeu choques el�tricas e pancadas durante a ditadura brasileira
A presidente do Brasil foi torturada com largas sess�es de eletrochoques e simula��es de fuzilamento entre 1970 e 1973, quando era militante de esquerda e lutava contra o regime militar, informou a imprensa de seu pa�s.
El Financiero (M�xico)
Dilma Rousseff, v�tima de tortura
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, relatou em 2001 a uma comiss�o de direitos humanos as torturas que sofreu entre 1970 e 1973, quando aos 20 anos militava no Comando da Liberta��o Nacional (Colina), segundo revelaram os jornais Correio Braziliense e Estado de Minas.
O Globo
Documentos detalham tortura sofrida por Dilma na ditadura
Em relato in�dito, a presidente Dilma Rousseff contou detalhes de sess�es de tortura �s quais foi submetida na pris�o em Juiz de Fora (MG), quando presa pol�tica, na d�cada de 1970. Ela narrou seu sofrimento ao Conselho dos Direitos Humanos de Minas (Conedh-MG), que a ouviu em 2001, nove anos antes de ascender ao Planalto. O depoimento, divulgado pelo jornal Estado de Minas exp�e um cap�tulo ainda pouco conhecido da milit�ncia pol�tica da petista: os castigos em seu estado natal, onde iniciou a trajet�ria subversiva.